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Victor Andrade

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Música do Mundo: Morat

O Folk latino é algo que vem acontecendo lentamente. Quem acompanhou o programa Superstar na Globo ano passado viu a banda paulista Pagan John, nosso representante do gênero. Lá na Colômbia, quem faz sucesso é a banda bogotana Morat, que mistura a pronúncia marcada mas também suave do espanhol colombiano com os ritmos simples e melodiosos do Folk, além de injeção de um certo estilo local. Após “Mi Nuevo Vicio”, inicialmente cantada com Paulina Rubio, a banda ganhou certo reconhecimento e lançou seu primeiro álbum (Sobre El Amor Y Sus Efectos Secundarios) em 2016. O álbum foi bastante premiado, e conferiu a banda o álbum de platina e primeiro lugar nos Top Charts no México e na Espanha.

Se interessou? Vem escutar algumas das melhores músicas da banda:

Sobre El Amor Y Sus Efectos Secundarios

  • Cómo Te Atreves
    Indico começar por essa porque, além de ser uma das faixas mais populares da banda, já mostra o folk logo de início. É o “especial do chefe” da banda.
  • Aprender A Quererte
    Toda sobre se dedicar-se a uma pessoa, essa faixa é linda e tem a vantagem do refrão fácil, que dá pra cantar e tirar da cabeça (porque vai grudar, acredite).
  • En Un Sólo Dia
    Se você gosta de sertanejo, essa faixa é pra você. A influência dos ritmos latinos aqui predominou sobre o folk em si.
  • Ladrona
    A melodia mais romântica, com bastante piano e a uma dolorosa carga emotiva.
  • Yó Mas Te Adoro
    Essa tem uma história legal por trás: quem escreveu a música foi o pai de um dos integrantes do Morat, há 25 anos. Eles resolveram então dar um arranjo no estilo retrô e lançar a música, que por sinal, tem um clipe que vale a pena conferir.
  • Eres Tú
    Um dos melhores exemplos de como Morat consegue balancear bem os elementos necessários pra compor um bom folk latino, que aqui ainda recebe uma pincelada de rock com os power chords de uma guitarra.
  • Del Estadio Al Cielo
    Uma das músicas mais chicletes, que aproveitou bem a catchiness do folk combinada com uma batida quase reggaeton.
  • Amor Com Hielo
    Uma base mais rock, regada ao dedilhado de um banjo. Lembra algumas bandas de pop-rock brasileiras.

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Música do Mundo: Echosmith

Provavelmente você se lembra do hit “Cool Kids“, que explodiu na internet e nas rádios dois anos atrás. Se não escutou, de nada. A música é da banda Echosmith, um grupo de indie-pop americano composto pelos irmãos Sidney, Noah e Graham Sierrota. Jamie Sierota, o mais velho, era guitarrista da banda, mas saiu em 2016. O que você talvez não saiba é que, além de Cool Kids, a banda tem outros hits que mostram que eles tem tudo pra alcançar o topo. E talvez isso aconteça em breve; o próximo álbum (que provavelmente se chamará “Goodbye”), deve sair no fim desse ano. Como até agora o grupo só lançou um álbum, Talking Dreams, vou mostrar as músicas que representam bem o álbum (as que eu considero melhores).

Com um estilo influenciado pelo rock, pop e folk, mas ainda essencialmente indie, Echosmith é a aposta certa para quem quer ter o gostinho de dizer “eu conhecia antes de ficar famoso”. Vêm escutar, seus hipsters. Eu sei que vocês querem.

Talking Dreams

 

  • Come Togheter
    A música que abre o álbum pode confundir fãs dos Beatles, mas a vibe é bem diferente. Aqui a única alusão do ao rock é um pouco da guitarra e o ritmo da bateria, e zero duplo sentido ousado (os irmãos eram novos demais pra isso quando o álbum lançou). É bem animada, e dá destaque ao lado mais pop-rock da banda.
  • Let’s Love
    Vai aqui uma ressalva: Let’s Love vale a pena ser ouvida na versão acústica (que você encontra facilmente no YouTube). A instrumentação belíssima e a mudança na percussão transforma a música, dando um ar mais folk, muito mais leve e original. Na original, parece mais uma continuação de Come Togheter.
  • Come With Me
    Em algumas passagens talvez lembre um pouco de Taylor Swift. A instrumentação é bem gostosa, mas o que realmente prende é o ritmo, a batida – como na maioria das músicas da banda. Vale a pena dar uma olhada na letra.
  • Bright
    Sem dúvida a música mais romântica do álbum. Novamente, a instrumentação aqui é muito bonita, e o baixo recebe um destaque muito bem vindo. O refrão provavelmente vai ficar na sua cabeça pelo resto da semana.
  • Nothing’s Wrong
    Com um riff envolvente, essa faixa fala sobre seguir em frente apesar das adversidades.
  • Surround You
    Tudo nessa música é bem suave. A voz de Sidney, o violão, o vibrafone. Até nas partes onde o ritmo se intensifica, a letra ainda é bem calma e tranquila. Linda.
  • We’re Not Alone
    Essa é na verdade uma faixa bônus, inclusa na versão deluxe do álbum, mas é uma das melhores da banda. O ritmo vai ficar na sua cabeça, e a música vai te transportar se você deixar. A letra, sobre saber que você não está sozinho mesmo num mundo onde todos te dizem que suas novas ideias são erradas, é bem motivadora.

 

Echosmith vai estar dominando a Billboard daqui a uns anos. E você, onde vai estar semana que vem? Descobrindo música nova aqui no Beco Literário, claro. Até a próxima!

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Música do Mundo: Bebe

A cantora espanhola Bebe é popular nos países de língua espanhola, mas por aqui, nem tanto. Dona de uma voz rouca e, para alguns, bastante sexy, ela é a pedida certa para quem gosta de música em espanhol. O sotaque extremenho (da região de Extremadura, na Espanha) ajuda a deixar cada palavra um som bem rasgado. A combinação disso tudo com o estilo único da cantante cria uma mistura sensacional, que vale a pena ser conferida mesmo que você não entenda um pingo de espanhol. E se entender, dá uma olhada nas letras que elas também são bem legais!

Pafuera Telarañas

 

 

“Xô, teias de aranha”, em português. O primeiro álbum tem algumas faixas que representam um pouco da incerteza de estilo (quando ela deriva um pouco demais para o pop), mas também tem belas pérolas.

  • Malo
    Começando com um violão clássico bem gostoso de ouvir, a musica vai evoluindo e termina com guitarras e scratching. A letra é poesia revolucionária feminista, com versos como “Y tu inseguridad machista/
    Se refleja cada día en mis lagrimitas” (E sua insegurança machista se reflete a cada dia em minhas lágrimas).
  • Como Los Olivos
    Plena de uma instrumentação belíssima, a voz e os trejeitos de Bebe nessa faixa tornam-a a mais sensual do álbum. A letra é um romance, e na poesia tem o quê? Mais sensualidade. Eu to escutando aqui bem seduzido.
  • Que Nadie Me Levante a Voz
    Outra faixa com uma temática bem feminista, sobre independência da mulher e do processo de se desprender do papel de “faz-tudo” ao qual muitas são relegadas.

Y.

 

 

Aqui a cantora começa a encontrar seu estilo. Muitas canções do álbum começam com sons ambientes ou pequenas declamações de Bebe, o que também lhe dá um toque artístico.

  • Escuece
    Aquela clássica música sobre superar quem tentou te deixar na pior. Ao som da voz de Bebe e esse ritmo animado, parece até fácil.
  • Sinsentido
    O ukelele nessa música é a coisa mais gostosa de se ouvir, e acompanha muito bem a cantora, que canta aqui uma de suas melodias mais bonitas. A letra também não fica pra trás, falando sobre cuidar de si mesmo (mais especificamente, do seu corpo) numa perspectiva bem saudosista. Seria essa minha música favorita dela?
  • Me Fui
    Escolhi essa música para a transição para o próximo álbum porque o nome dela é Me Fui porque ela resume bem a identidade desse álbum e faz um contraste com a primeira do próximo. A guitarra com distorção e o dedilhado do violão são elementos fortes nessa faixa que voltarão no futuro, o que deixa a passagem para Un Pokito de Rocanrol bem interessante.

Un Pokito de Rocanrol

 

 

Marcado por baixos bem definidos, as faixas aqui são bem animadas, algumas até viciantes. A diversidade entre as faixas também é uma característica desse álbum.

  • Me Pintaré
    Existe algo de animalesco nessa faixa, que faz você querer beijar. Jogar na parede mesmo. Pra quem entende a letra, a sensação é ainda maior – não são só os tambores evocando uma sensação primitiva – o erotismo dos versos de Bebe aqui é de enlouquecer.
  • Mi Guapo
    Uma das músicas mais populares da cantora, o baixo aqui é quase chiclete, mas a música é bem gostosa de se ouvir. O ritmo em que ela canta em algumas partes meio que te deixa em transe, se você se deixar levar.
  • Sabrás
    Quebrando um pouco o ritmo mais animado e dançante, Sabrás é um tanto melancólica, e mostra que Bebe também se dá bem com esse estilo.

Cambio de Piel

 

 

O nome não é sem motivo: o álbum foi realmente uma troca de pele para a cantora. O estilo aqui muda muito, focando em músicas mais calmas, melódicas, em alguns momentos mais profundas; a voz singular e a pronúncia rasgada fazem com que, apesar de tudo, Cambio de Piel ainda seja bastante Bebe.

  • Tan Lejos Tan Cerca
    Tan Lejos Tan Cerca é um pouco do que há de melhor nessa fase de Bebe. A instrumentação é profunda e melódica, e uma nostalgia romântica vem fácil à cabeça. Consuma com moderação.
  • Chica Precavida
    Quase um símbolo rebelde fincado no meio do álbum, essa faixa é um bom rock entre os tons mais aveludados que a cercam.
  • Todo Lo Que Deseaba
    Uma música bastante singular na discografia de Bebe, o piano suave, digno de um bom Jazz, dá o tom dessa música que parece não se encaixar em lugar nenhum – exceto, claro, em Cambio de Piel. Apesar de ser completamente diferente de tudo que Bebe já fez, gosto muito dessa música e espero que vocês gostem também.

 

Gostou? Continua de olho aqui no Beco Literário que toda semana tem mais, aqui na coluna Música do Mundo. Até a próxima!

Séries

Spiderman PS4 Impressiona na E3 2017

Desde Spiderman 2 (PS2), lançado em 2004, não temos um grande jogo do cabeça de teia. Alguns medianos, sim, mas nada grandioso. Por isso nós, fãs, ficamos elétricos com o anúncio de Spiderman PS4, o novo título em desenvolvimento pela Insmoniac (Spyro The Dragon Crash Bandicoot).

A ideia do estúdio foi criar, em parceria com a Marvel, um Homem-Aranha diferente de todas as aparições anteriores. Com um traje novo que reúne detalhes de várias aparições anteriores (veja a imagem abaixo), nesse jogo Peter Parker já estará sendo um super-herói por 8 anos. O intuito foi criar um herói experiente, no máximo de suas capacidades – e o trailer mostra o quanto isso significa.

créditos: IGN

No vídeo de oito minutos exibido na E3 2017, vemos mais dos gráficos deslumbrantes que haviam nos apresentado ano passado. O que chamou atenção, porém, foi o sistema de combate e a ação dinâmica do jogo. Se você gostou do combate na série Batman:Arkham, prepare-se para se impressionar; o Homem-Aranha pula, soca, chuta, solta teia, desarma inimigos; tudo isso tão fluidamente que realmente faz parecer fácil. Existe um realismo nisso que faz com que jogos do ano passado quase pareçam mal-feitos em comparação.

Após enfrentar alguns bandidos, inicia-se uma perseguição frenética à um helicóptero onde o vilão foge, levando um guindaste preso e destruindo tudo no caminho. Aí nos é mostrado como vão funcionar os quick time events, a típica sequência onde apertamos os botões com precisão na hora certa ou repetidamente para performar certas ações. Mesmo para quem não gosta desse tipo de jogabilidade, a sequência parece mesmo incrível, inclusive tendo uma direção de câmera fantástica (que até mesmo muda para primeira pessoa e depois para terceira de novo, dando uma sensação de imersão sensacional).

Enfim, o trailer nos deu material suficiente para entrar na hype para o jogo, que deve sair em 2018. Se você ainda não assistiu, dá uma olhada aqui.

https://www.youtube.com/watch?v=ghCn-ciHS5M&t=2s

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Música do Mundo: Blind Pilot

Blind Pilot é para quem tem folk correndo nas veias. A banda começou como um dueto composto pelo cantor Israel Nebeker e o baterista Ryan Dobrowski; após o sucesso do primeiro álbum, quatro integrantes se juntaram ao grupo e deixaram o som mais rico em instrumentos. Além da poesia bem simbólica, variando entre reflexiva e romântica, Nebeker (que escreve as músicas da banda) consegue criar melodias que você vai se ver cantando baixinho ao longo do dia. Tendo crescido bastante, seu mais recente álbum “And Then Like Lions” teve uma recepção gigantesca se comparado ao primeiro álbum do grupo. Um dos singles mais legais, “Packed Powder“, ganhou até um clipe bem bonito e divertido.

Se quando você se apaixonou quando descobriu The Lumineers ou Mumford & Sons, é provável que goste de Blind Pilot. Vem dar uma olhada nos três álbuns da banda até agora:

3 Rounds and a Sound

No primeiro álbum, a banda ainda era composta apenas por Nebeker e Dobrowski, e a maioria das faixas são compostas de voz, violão e bateria apenas (aqui, One Red Thread e 3 Rounds and a Sound são exceções). As músicas eram, como o cantor já declarou em entrevista, intimamente pessoais à sua experiência de vida.

  •  The Story I Heard
    Com uma melodia simples e um bateria presente e viva, é uma das canções mais catchy do álbum. A letra reflete sobre a maneira como vivemos hoje, e sobre podermos nos libertar dessa prisão.
  • One Red Thread
    Uma faixa decorada pela crescente bateria e um equilíbrio entre ritmos doces e suaves e fortes e marcados, fala sobre como existe uma verdade em cada um.
  • 3 Rounds and a Sound
    Uma das músicas mais românticas da banda. A letra é bastante metafórica, mas uma das interpretações possíveis é sobre passar a vida com alguém que você ama.

We Are The Tide

A entrada dos novos integrantes na banda permitiu a experimentação com novos estilos e instrumentações. O estilo ficou um tanto diferente do estilo geral da banda.

  • We Are The Tide 
    A faixa que dá nome ao álbum tem uma das batidas mais animadas de todas as músicas da banda. A letra também expressa um sentimento de alegria e de conexão com o mundo.
  • Half-Moon 
    Uma expressão do lado mais pop-folk da banda. Lembra bastante Passion Pit.
  • White Cider
    O folk do álbum está presente com mais força nessa faixa, onde o contrabaixo e o piano ainda lembram um pouco do Jazz.

And Then Like Lions

  • Packed Powder
    A nova fase da banda mostra seu lado mais animado nesse single com uma guitarra envolvente, vocais cativantes e uma letra sobre encontrar a si mesmo.
  • Which Side I’m On
    Com uma poesia apaixonante sobre aprender com os erros e acertos na vida, essa canção tem uma instrumentação bem completa, com um ritmo que começa lento e torna-se vívido com o refrão.
  • Like Lions
    Sobre o potencial humano para o bem ou o mal, a faixa é construída sobre um formato de “chamada e resposta”, além da estrutura melódica cíclica. Uma das melhores poesias do álbum.

 

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Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Mulher-Maravilha

Após sua aparição em Batman vs Superman, trailers eram quase desnecessários na hype para o filme da Mulher-Maravilha. As expectativas se amontoaram, tanto as de um grande filme de super-herói quanto as de um ícone de representatividade. Hoje, essas expectativas foram atendidas. Maravilhosamente. Com cenas de ação lindamente coordenadas, fotografia envolvente e simbologias e metáforas fortes, não há dúvidas de que o filme definiu um novo patamar para os próximos filmes da DC – isso sem fugir do estilo de Snyder, o que de certa forma, é bem interessante. E se você está se perguntando se isso significa várias explosões e demolições, a resposta é sim.

A história contada é a da origem da heroína. Começamos em Temiscira, a ilha da mitologia grega onde viviam as guerreiras amazonas. Diana é uma criança, e uma criança tão teimosa quanto a heroína com a qual passaremos as próximas duas horas; vemos ser mencionado desde o início um mistério sobre sua identidade, indicando um futuro obscuro e tempos perigosos. Sua mãe, provavelmente a mais coruja de todas as mães de super-heróis, faz de tudo para que ela não siga seu destino e não enfrente o perigo que, nós sabemos, ela eventualmente enfrentará. É aí um dos pouquíssimos pontos fracos do filme: o clichê da “escolhida”, extremamente desgastado no storytelling contemporâneo, cobre praticamente a integridade do roteiro. Em compensação, existem motivos para relevar (até para exaltar) algumas das passagens mais inconcebíveis do filme; isso depende apenas do quão aberto você está para a filosofia do que é ser um super-herói.

O cenário histórico da Primeira Guerra Mundial é importante para dar um tom característico e possibilitar o diálogo feminista. Sempre fazendo as perguntas e comentários que confundem os homens ou marcando presença em lugares onde dizem que ela não pode estar, Diana quebra vários tabus ao longo do filme, inclusive alguns que hoje já estão em processo de desconstrução (como o das mulheres na política). Na batalha final, o vilão sufoca-a com o que representa, basicamente, um corpete: é a metáfora absoluta para a resistência ao patriarcado.

Quanto às cenas de ação, estas estão absolutamente fantásticas. Eu, particularmente, achei que as do Batman em BvS estavam excelentes; em Mulher-Maravilha elas correm fluidamente ao som da trilha composta por Rupert Gregson-Williams. O tema composto por Hans Zimmer e Junkie XL também está presente. Existem algumas cenas, porém, que podem ter parecido um tanto forçadas para algumas pessoas; principalmente algumas nas quais a Mulher-Maravilha enfrenta um número absurdo de soldados e armas. De início, eu mesmo rejeitei um pouco essas passagens, pensando que era pedir demais de mim. Mas aí o nerd lá dentro me lembrou que, por baixo da fantasia e dos super-poderes, é isso que super-heróis são: o exagero de tudo o que é ser humano, e o símbolo de esperança que as vezes precisamos para acreditar que podemos ser o melhor de nós. E em resumo, foi isso que esse filme me mostrou, principalmente com a bela mensagem narrada por Diana no final.

Definitivamente, eu não esperava que esse fosse ser o filme que me fez acreditar novamente na DC, mas foi. Agora é esperar por Liga da Justiça e ver se o estúdio realmente aprendeu a lição!

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Música do Mundo: Marian Hill

A primeira vez que escutei Marian Hill foi num Vine (RIP). Me lembro de escutar aquela voz envolvente, um mix de jazz e bass, bem ao estilo cabaret, e pensar: preciso saber quem canta isso. E quando ouvi o álbum Sway, me apaixonei por completo. O duo (não, Marian Hill não é o nome da moça), composto por Jeremy Llyod e Samantha Gongol, tem um estilo tão único que é difícil fazer comparações. As modulações de voz, os graves pesados, o jazz presente na bateria e no sax; tudo isso compõe uma música inebriante, melodiosa e contagiante. Marian Hill passeia muito bem entre sensualidade e romance; seja com as letras instigantes ou com o jeito suave de cantar de Samantha, algo nas canções te prende.

Recentemente, o segundo álbum (Act One) foi lançado, e sua versão estendida contém as músicas de Sway e o single “Back to Me”, colaboração do duo com Lauren Jaregui. Esse artigo vai considerar Act One (The Complete Collection) como uma peça única e avaliar algumas das melhores faixas. Vamos lá!

Act One (The Complete Collection)

 

  • One Time
    Narrando com leveza a tensão sexual entre duas pessoas, o sax cria a magia nessa faixa.
  • Got It
    É aqui que Samantha mostra tudo que ela consegue fazer com sua voz. A pronúncia é arrastada, devagar, sensual, e o alcance vocal varia bastante.
  •  Lips
    O riff no piano é o destaque nessa faixa, que une uma letra sobre desejo com um ritmo perfeito para se imaginar beijando o crush.
  • Lovit
    Com o riff principal executado no trompete, o sintetizador e a batida fazem o resto do trabalho para acompanhar os vocais apaixonados.
  • Down
    Descrita por Jeremy como uma música mais simples, tanto na letra quanto nos acordes; mas que contém a essência do que é “Marian Hill”.
  • I Want You
    A vibe dessa faixa é mais próxima daquele jazz quase soul, no estilo Norah Jones (com bastante batida e sintetizadores, claro).
  • Take Your Time
    Sensualidade definem tanto a letra quanto a melodia. Aqui o estilo se aproxima mais do R&B.
  • Good
    Uma das poucas músicas do duo sobre superação romântica; o vocal chopping aqui utilizado por Jeremy nas edições continua forte aqui.
  • Mistaken
    Também bastante influenciada pelo R&B, essa faixa tem um riff no trompete acompanhando o refrão com uma leve influência de pop.

Se quiser trocar o mainstream das músicas sensuais de The Weekend e Justin Timberlake por algo novo, Marian Hill pode ser o que você procura. Dá uma olhada e se você gostou, compartilha e fica ligado aqui no Beco Literário pra mais artistas da música do mundo aqui na coluna, sempre aos domingos.

 

Colunas

Sobre ser nerd hoje em dia – Especial Orgulho Nerd

Se um nerd nos anos 80 milagrosamente tivesse acesso ao Facebook na semana de estréia de Star Wars: O Despertar da Força, ele sentiria orgulho. Muito, muito orgulho. E é por isso que, 25 de Maio, exatamente 40 anos após o lançamento do primeiro Star Wars nos cinemas, nós celebramos.

Na época em que a cultura nerd começou a florescer entre os jovens “excluídos” estadunidenses, os estranhos e leitores vorazes, era ridículo ser um nerd. Era motivo de chacota. Você seria ridicularizado, subestimado, menosprezado e por fim rotulado, destinado a estar na grande caixa do “estereótipo”, dentro da qual alguém raramente olha.

Mas nós sempre fomos bons em sermos quem somos. Somos tão bons nisso que é difícil para nós quando nos pedem para ser outra pessoa, para conter nossas paixões. Então, apesar da maré de bullying que sufocou a subcultura nerd antes da Era da Internet, perseveramos.

Muito disso se deve ao fato de que o nerd é, por natureza, um ser de criatividade. Seja para produzir ou consumir, nós criamos um mercado de imaginação que hoje movimenta o mundo. Marvel, Google, Ubisoft, Microsoft, Facebook. O quanto essas marcas valem hoje em dia? E elas não seriam nada se não fossem os nerds que as fundaram, incentivaram e popularizaram.

Por menos do que isso é que viemos falar sobre o que precisa ser falado hoje. Viemos falar sobre o que é ser nerd, se existe problema na popularização da cultura, sobre as minorias no mundo nerd e perspectivas para o futuro.

Vem comigo!

UTOPIA NERD

Novamente, vamos voltar um pouco no tempo. Silenciosa, uma garota lê sua HQ do Spider-Man, a luz de uma lanterna, escondida debaixo das cobertas caso seus pais resolvam checar se ela está realmente dormindo.

Ela sonha com como seria se ela pudesse conversar com as pessoas sobre as aventuras que ela lê. Não seus pais, que apenas sorriem e acenam, tudo bem filha, agora vá estudar; mas amigos e amigas que, claro, conhecem o Spider-Man, ele é demais, quem não conhece? Como seria se ela pudesse ver um filme do homem-aranha, com atores de verdade?
Ela estaria vivendo o mundo dos sonhos.

Ela estaria vivendo algo como os dias de hoje.

Atualmente, quase todo mundo pelo menos já ouviu falar das mais famosas obras nerds contemporâneas. Game of Thrones? Conhecido. Vingadores? Conhecido. Star Wars? Conhecido. As pessoas podem não gostar no mesmo nível de intensidade, ou as vezes nem mesmo gostar, mas que essas obras são conhecidas é inegável.

Para muita gente, isso é algo bom. Saber que agora não há motivo para esconder seus gostos, que você não é um excluído e que, em alguns círculos, podem te ver até como um cara descolado. Para outros, porém, a popularização da cultura nerd é motivo de desgosto profundo. Essas pessoas argumentam que a popularização não somente lhes rouba algo que é característico e lhes distingue, mas também que muita gente hoje em dia não é “nerd de verdade”. O que nos leva ao próximo tópico.

O QUE É SER NERD HOJE EM DIA?

John Green tem uma frase famosa sobre “o que é ser nerd”. E ele tem bastante propriedade para falar do assunto. A citação é o seguinte:

“Nerds como nós podem ser abertamente apaixonados por algo… Nerds podem amar algo no nível de se balançar na cadeira de animação. Quando chamam as pessoas de “nerds”, basicamente o que eles estão dizendo é ‘você gosta de algo.’”

Essa frase explica muita coisa. É claro, não é gostar muito de qualquer coisa que vai fazer você um nerd. Existe todo um núcleo de gêneros e atividades que estão associadas com a nossa cultura, mas falando do que é nosso: se você gosta muito, bastante mesmo, você é nerd.

Não importa se você tem coleção. Se você sabe de cor o nome de cada personagem e seu histórico. Se você estaria disposto a fazer cosplay. Tudo isso é extra. O que importa é o quanto você gosta e o quanto aquilo define uma parte de quem você é. Que nerds são antissociais, feios, mega-inteligentes, isso são estereótipos. E estereótipos não nos prendem mais. O que importa é o quanto você ama as space operas, as fantasias, os super-heróis, as viagens no tempo. E o espaço que eles ocupam no seu coração.

STAR WARS, TOMB RAIDER E REPRESENTATIVIDADE

Quando sétimo filme de Star Wars saiu, muita gente assumiu que Finn seria o grande protagonista. Claro, o marketing genial da Disney ao mostrá-lo sempre usando sabre de luz colaborou para isso, mas o motivo mais profundo é que nunca antes uma mulher havia protagonizado um filme de Star Wars. Isso por si só já gerou uma confusão: houveram pessoas que REALMENTE promoveram um boicote ao filme. Porque Finn é interpretado por um ator negro (John Boyega).

Parece bem idiota, quando se para pra pensar, que alguém pense “Ei, esse cara é negro. Não vou poder aproveitar meu filme direito porque ele é negro”. Bem, algumas pessoas que acharam isso idiota conseguiram pensar, quando saiu o trailer Rogue One: “Ei, a protagonista é mulher de novo. Não vou poder aproveitar meu filme direito porque ela é uma mulher”.

O que está acontecendo é uma reação quase alérgica à fuga do clichê que é o protagonista homem branco, junto com um retrato não-sexualizado da mulher protagonista. Tudo isso está confundindo quem não é tão mente aberta.

Lara Croft é a eterna ídola do mundo gamer. Mas infelizmente, como muitas mulheres da vida real são obrigadas a fazer, ela não conseguiu isso só com seu carisma e personalidade. Lara usou de seu corpo. Poucos personagens não-pornográficos na história foram tão sexualizados quanto a heroína-britânica. Em 2012, uma versão atualizada de Tomb Raider foi produzida, um recomeço: sem seios gigantescos, sem sex appeal. Só a heroína. Ela ainda não consegue competir com Nathan Drake, um personagem muito semelhante (explorador) da série Uncharted, cujo único sex appeal é seu rosto bonito e sua pose de garanhão.

Star Wars Battlefront II vai trazer um modo campanha com mais uma protagonista feminina, e é de se esperar que essa tendência se espalhe. Precisamos dessa representatividade, porque nerds não são só homens. E não tem nada de extraordinário ou de fetiche em ser mulher e ser nerd. Assim como um cara nerd, uma garota nerd está simplesmente sendo quem ela é. E ela tem todo o direito de se espelhar em alguém como ela. Assim como negros, latinos, asiáticos, gays, lésbicas, bissexuais, transexuais. Nerds não estão entre esses. Estão englobando todos. Somos todos. E queremos nos ver.

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Música do Mundo: Stromae

É quase certo que sim, você já tenha escutado algo do Stromae. Seus hits “Alors on Dance” e “Papaoutai” explodiram nas rádios e nas baladas por aqui. Mas você sabia que ele que ele é belga? E que suas letras muitas vezes trazem reflexões, histórias de vida e críticas sociais profundas?

Paul Van Haver (nome de batismo do rapper) tem uma história de vida profunda. Seus pais eram de países diferentes. A mãe era belga, e o pai era de Ruanda. Em 1994, o trágico Genocídio de Ruanda deixou aproximadamente 800 mil mortos, dentre eles, seu pai. Em várias entrevistas, Stromae já declarou o quanto ter tido a ausência de seu pai enquanto vivo e ter sido criado por uma mãe solteira o levaram a escrever músicas que falam sobre misoginia e paternidade. Para além disso, ele manteve suas raízes culturais da infância, chegando a dizer que é “50% geneticamente, 40% culturalmente” africano.

Vale adicionar que, pra quem está aprendendo francês, escutar Stromae e ler a letra de suas músicas é um ótimo incentivo. As músicas dele, mesmo dançantes e animadas, ficam ainda melhores quando você entende as críticas, as piadas ácidas e o sarcasmo que elas contém.

São dois álbuns que compilaram suas produções até agora. Põe os fones de ouvido e vem escutar!

Spotify: https://open.spotify.com/artist/5j4HeCoUlzhfWtjAfM1acR

Cheese (2010)

O primeiro álbum foca mais no estilo Eurodance, e traz o hit “Alors On Dance”.

  • Je Cours
    Não existe música melhor pra ouvir correndo no mundo. Não, nem “Gonna Fly Now” bate. A respiração no fundo adiciona uma sensação de presença que poucos artistas conseguem dar às suas músicas.
  • Te Quiero
    Existem várias interpretações para a letra, mas o ritmo mostra o jeito típico do compositor de rimar em francês, e é garantido de fazer você querer dançar.
  • Dodo
    O interessante dessa faixa é como ela explora a melodia de uma canção de ninar para fazer um ritmo eletrônico de batida intensa. A letra foi uma das primeiras de Stromae a falar sobre paternidade.

Racine Carée

É em Racine Carée que Stromae adiciona ao seu estilo as raízes culturais de sua ascendência africana. O resultado é uma música rica, única e marcante. Nele foi lançado o hit “Papaoutai” (que é por onde vale a pena começar a escutá-lo).

  • Ave Cesaria
    A faixa é uma homenagem de Stromae à cultura musical africana, em especial à cantora cabo-verdiana Cesária Evora. Dá pra ouvir no final ele dizendo “Oh sodade, sodade de nha Cesária”… (Ps.: Não, não está errado! A frase é cantada não em português, mas em crioulo cabo-verdiano, um idioma bem próximo).
  • Carmen
    Uma crítica ácida aos viciados em redes sociais, a faixa é uma obra prima por reaproveitar uma base de música eletrônica e criar uma batida eletrizante em cima dela.
  • Tout Les Mêmes
    A faixa originou um dos melhores clipes do compositor, estrelado por ele mesmo; nele, ele se veste/maquia metade do corpo como um homem, metade como uma mulher, e atua um dia cotidiano, mostrando dois lados da vida de um casal e como os dois podem ser mais parecidos do que se pensa. Também pode ser interpretado como um questionamento da barreira que separa o que é considerado “feminino” do que é considerado “masculino”.

Bônus:

  • A faixa Ta Fête, do álbum Racine Carée foi o tema da seleção belga na Copa do Mundo de 2014
  • No clipe de Formidable, Stromae finge estar bêbado na rua e a produção filma a reação dos pedestres e até da polícia.

Curtiu Stromae? Fica ligado aqui no Beco Literário pra mais artistas da música do mundo aqui na coluna, sempre aos domingos.

 

alien covenant
Filmes

“Alien Covenant” é obra-prima de Ridley Scott

Alien: Covenant é sensacional. Você ouviu o contrário? Já assistiu e está se perguntando se eu entrei na sessão errada? Eu consigo explicar. Não é tão difícil entender porque o filme não atendeu às expectativas de tantos fãs; mesmo sendo uma sequência direta de Prometheus (2012) que, por si só, dividiu o público, o retorno do título “Alien” fez com que muitas pessoas esperassem um filme de terror. O próprio cartaz do filme, com a cabeça do Xenormorfo abaixo da frase “Corra”, indicava que seria uma experiência eletrizante. Ao invés disso, tivemos cenas profundas e diálogos complexos, tudo dentro de uma fotografia linda e cuidadosamente trabalhada.

Vamos analisar os momentos cruciais do filme, o que eles significaram para a saga Alien e porque, por si só, o filme tem seu mérito como uma das maiores produções de Ridley Scott. Mas claro, para isso, haverão MUITOS SPOILERS.

[SPOILERS ABAIXO]

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