Artigos assinados por

Fernanda Queiroz

Atualizações, Críticas de Cinema, Filmes

Crítica de Cinema: Amy (2015)

Do mesmo diretor de Senna, Asif Kapadia, Amy é um dos documentários que concorre ao Oscar desse ano e que percorre a trajetória da cantora através de gravações de áudio, vídeos, fotos e depoimentos. O material coletado, parte dele inédito, é extremamente valioso e registra sua vida em detalhes, desde quando tem apenas 14 anos e brinca e canta com os amigos por diversão.

O filme mostra com sensibilidade o íntimo de Amy, aquele que não conhecíamos e que nunca foi mostrado pela grande mídia. Aliás, paparazzi e o exagerado consumo de notícias sensacionalistas são uma das causas apontadas pelo filme pela morte da artista. A associação da sua saúde fragilizada com a bulimia, doença que tinha desde criança, além do uso excessivo do álcool – e foi o álcool, e não as drogas, como se noticiou – que a fizeram morrer. Mas a perseguição e a falta de privacidade que ela passou, assim como a irresponsabilidade de seu pai e gerente, que marcavam shows sabendo que ela não estava bem física e mentalmente sentenciaram sua morte.

Antes que as drogas fossem sua principal válvula de escape, Amy fazia da música sua fuga do mundo exterior. Inspirada por grandes nomes do jazz, ela se tornou uma artista completa, como afirma seu grande ídolo Tony Bennet, com quem fez um dueto em uma de suas atuações mais revigorantes. Os fatos apresentados no documentário são feitos de forma cronológica, mostrando altos e baixos, com depoimentos de amigos de infância a colegas de trabalho.

Amy mostra também a vida pré Black and Black, antes que a cantora estourasse mundialmente. Vídeos caseiros e entrevistas para jornais locais ingleses mostram o quanto ela era apaixonada por música e o quão feliz ficava em se apresentar para públicos pequenos. Descrita como uma pessoa doce e engraçada, ela também sabia ser impetuosa e tinha uma personalidade forte, apesar da essência fragilizada. A chegada e partida de Blake, namorado tempestuoso que a guiou para drogas mais pesadas, o afastamento de amigos de infância e de Nick, ex-gerente que a acompanhou a maior parte da carreira, além da recusa de procurar tratamento foram as consequências trágicas e finais de uma carreira brilhante.

Apesar de ser um documentário completo no sentido emocional, Amy tem suas falhas. Depoimentos em off e vídeos que são excessivamente reproduzidos em câmera lenta cansam o espectador. O modo como o material fotográfico foi apresentado também deixou a desejar. O constante zoom in e a simples passagem de uma foto a outra lembra uma colagem infinita. Assim como as falas rasas e vagas dos principais “personagens”, como Mitch (pai de Amy), Blake e o seu último gerente Ray Cosbert. Aliás, a falta de representatividade e uma suposta manipulação de depoimentos descontentaram o pai de Amy, que garante que lançará sua própria versão sobre a vida da artista.

Com o filme, entendemos um pouco as inspirações e motivações de Amy, assim como seus demônios e frustrações. Como a falta da figura paterna na infância a faz se tornar uma adolescente arredia e indisciplinada. A exultação em gravar seu primeiro álbum mascarada em indiferença. A aversão à fama desde o início da carreira, onde mais de uma vez em depoimentos ela afirma que não saberia lidar e sucumbiria. A paixão viciante por Blake. O tom esperançoso do início dá então lugar ao melancólico e ao desesperador fim.  O peso emocional de Amy reflete a personalidade da artista, que se rendeu aos exageros das drogas como uma válvula de escape ao que sua vida se tornara. É uma obra comovente que nos leva a conhecer duas Amys: a da fase “Frank”, com a cantora sendo criativa, engraçada e empolgada e a da fase “Back and Black”, com a cantora autodestrutiva e sombria que, infelizmente, conhecíamos muito bem.

 

 

Livros, Resenhas

Resenha: Na ilha, de Tracey Garvis Graves

Anna Emerson é uma professora de inglês de 30 anos desesperada por aventura. Cansada do inverno rigoroso de Chicago e de seu relacionamento que não evolui, ela agarra a oportunidade de passar o verão em uma ilha tropical dando aulas particulares para um adolescente.
T.J. Callahan não quer ir a lugar algum. Aos 16 anos e com um câncer em remissão, tudo o que ele quer é uma vida normal de novo. Mas seus pais insistem em que ele passe o verão nas Maldivas colocando em dia as aulas que perdeu na escola.
Anna e T.J. embarcam rumo à casa de veraneio dos Callahan e, enquanto sobrevoam as 1.200 ilhas das Maldivas, o impensável acontece. O avião cai nas águas infestadas de tubarão do arquipélago. Eles conseguem chegar a uma praia, mas logo descobrem que estão presos em uma ilha desabitada.
De início, tudo o que importa é sobreviver. Mas, à medida que os dias se tornam semanas, e então meses, Anna começa a se perguntar se seu maior desafio não será ter de conviver com um garoto que aos poucos torna-se homem.

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Não sei se sou só eu, mas toda vez que eu vejo que mais um livro/filme sobre um casal estar perdido em uma ilha foi lançado, já imagino algo como Lagoa Azul misturado com Lost e Largados e Pelados. A maioria das vezes é algo totalmente fora da realidade. Mas esse livro lançado pela Intrínseca é uma agradável surpresa.

Longe de ser mais um romance sem sentido, essa é uma obra que vai se construindo gradualmente e o principal foco é o relato bem conduzido da sobrevivência em uma ilha perdida e a adaptação forçada de T.J. e Anna. A autora consegue narrar uma história até que realista diante das circunstâncias, com uma narrativa simples e sem enrolações. Para quem gosta de longas descrições e sentimentos esmiuçados, esse livro não é para você. Assim como se você procura uma leitura erótica, esse também não é seu livro. As ~coisas~ demoram para acontecer e nem são o foco principal da obra.

Uma das principais questões que ela aborda, é claro é o relacionamento da professora de 30 anos e de seu aluno de 16. Não há envolvimento entre os dois de imediato, o que mudaria toda a ótica do livro. O que ela escreve é a evolução do relacionamento entre os dois, assim como seus sentimentos e ideias que um tem do outro. A autora prepara o terreno que está por vir. E ao invés da ideia parecer inadmissível e incabível, faz todo o sentido.

Mais pro final, o livro começa a ficar monótono, apesar de sua lucidez se manter. Não é uma leitura extraordinária, mas me apeguei aos dois e o fim é satisfatório (não sendo muito exigente, já que é meio clichê). Como vão lançar um filme em breve baseado na história, vamos torcer para que não deturpem toda a trama que a autora construiu.

Atualizações, Livros

A Sereia, de Kiera Cass chega ao Brasil pela Seguinte!

Aos fãs que aguardavam ansiosamente o próximo livro de Kiera Cass, sua espera chega ao fim hoje! A Sereia é o novo romance da autora conhecida mundialmente pela série A Seleção e conta a história de Kahlen, que foi resgatada pela própria Água de um naufrágio e que, para pagar a sua dívida, precisa passar cem anos usando sua voz para atrair as pessoas até o mar e afogá-las. Kahlen cumpre à risca sua sentença, até conhecer um garoto chamado Akinli, por quem a sereia decide que vale a pena desafiar a Água.

O livro  que já estava em pré-venda no início de Janeiro, terá versão impressa e digital. A edição brasileira conta com um recado especial da Kiera para os fãs brasileiros!

Para mais informações da obra, acesse aqui.

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Atualizações, Cultura, Filmes

Novos bonecos funko do Harry Potter!


Ontem (20) a Funko anunciou novos bonecos do Harry Potter!

Agora temos Harry em seu uniforme no Torneio Tribuxo, Ron e Hermione em seus trajes de gala, Dobby, Dumbleodore, Sirius Black, Luna, Draco Malfoy e até um dementador! Os novos modelos chegarão em março nas lojas, confira abaixo:

dementador
dumbleodore hermione hp luna malfoy rondobby

Num me aguento com esse Dobbynho!!

Atualizações, Filmes

JK Rowling revela a pista secreta que deu à Alan Rickman sobre Severus Snape

Após a lamentável morte do ator Alan Rickman (69) que fez grandes papéis em sua vida, incluindo Severus Snape, pelo qual ficou conhecido por jovens do mundo todo, fãs da saga foram ao twitter perguntar para JK Rowling qual seria a pista que ela deu para o ator, quando ele ainda estudava interpretar o papel. Antes de aceitar ser o professor de poções de Hogwarts, ele e autora conversaram e foi ali que ela contou algo sobre Snape que poucos sabiam e que seria de extrema importância para sua interpretação ao longo da saga. Rickman nunca contou para ninguém o segredo e prometeu não contar, afirmando que era um pista crucial para que ele decidisse qual caminho em sua atuação seguir. Após muitos fãs pedirem, Rowling finalmente revelou o que disse em seu twitter:

 
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“Eu falei para Alan o que está por trás da palavra ‘Para sempre’.”

Isso significa que quando você assiste aos filmes novamente, consegue perceber o quanto Alan Rickman se esforçou para dar o peso certo para as atitudes e emoções de Snape em sua performance, como a dor, o arrependimento, a raiva, o ciúmes e o amor, principalmente o amor, que ele sentia por Lilian Potter e que o fez proteger, mesmo que a contragosto, o filho do seu inimigo de escola.

<3 Alan Rickman

Atualizações, Filmes, Música

Tilda Swinton desmente que interpretará David Bowie nos cinemas

Nem bem David Bowie nos deixou para que rumores de um filme biográfico sobre o cantor começassem a pipocar pelas notícias. Uma delas era de que a atriz Tilda Swinton (de Precisamos falar sobre Kevin e as Crônicas de Nárnia) fosse interpretar o amigo de longa data. O jornal The Daily Mail até chegou a publicar uma notícia afirmando que ela era perfeita para o papel, já que é extremamente parecida com Bowie mais jovem, em sua frase mais andrógina. Porém, por mais que nós fãs quiséssemos que isso fosse verdade, um representante da atriz escreveu ao Daily Mail onde dizia “Eu posso confirmar que isso não é verdade.”

Resenhas

Resenha: Aristóteles E Dante descobrem os segredos do Universo

Dante sabe nadar. Ari não. Dante é articulado e confiante. Ari tem dificuldade com as palavras e duvida de si mesmo. Dante é apaixonado por poesia e arte. Ari se perde em pensamentos sobre seu irmão mais velho, que está na prisão.
Um garoto como Dante, com um jeito tão único de ver o mundo, deveria ser a última pessoa capaz de romper as barreiras que Ari construiu em volta de si. Mas quando os dois se conhecem, logo surge uma forte ligação. Eles compartilham livros, pensamentos, sonhos, risadas – e começam a redefinir seus próprios mundos. Assim, descobrem que o amor e a amizade talvez sejam a chave para desvendar os segredos do Universo.

Aristoteles e Dante descobrem (2)

Esse é um dos livros mais puros que  já li. O personagem principal, Aristóteles, é um adolescente desajeitado que vive em uma família normal, com a qual não consegue se comunicar direito. Além de estar passando por todos os problemas da adolescência, como a timidez, as mudanças de comportamento e personalidade, ele ainda não consegue falar com os pais sobre seu irmão mais velho, seu herói, mas que se tornou um tabu entre eles desde que foi preso. Uma das poucas alegrias de Aristóteles é nadar e é ali que ele conhece seu melhor amigo, Dante.

Esse não é um livro com longas descrições, que esmiúça pensamentos e razões. É um livro bem simples, escrito de maneira clara e objetiva. O personagem principal não entende a maior parte de suas emoções e essa é uma das grandes sacadas da obra: nem todo mundo sabe o que está acontecendo a maior parte do tempo. Não sabe por que está triste, com raiva, infeliz. Às vezes não é nada. Às vezes é tudo misturado. Mas o objetivo desse livro não é o de fazer um estudo sobre a adolescência. É o de contar a história de dois garotos, ambos perdidos, que se acham e se salvam de modo como nenhuma outra pessoa, nem eles mesmos, poderia fazer.

Aristóteles é um personagem muito complexo, com todas as nuances e os desentendimentos de uma pessoa comum. Dante é um personagem mais fácil de entender e gostar.

Esse é um dos aqueles romances tão descomplicados, tão gostosos, que a leitura é fluída e de um supetão só. Mesmo que tenha sido lançado pela Seguinte (selo juvenil da Companhia das Letras), é indicado para qualquer idade.

Resenhas

Resenha: O Oceano no Fim do Caminho, Neil Gaiman

Logo após ler Deuses Americanos, um título pelo qual me apaixonei perdidamente, decidi me aventurar por outros amores e gêneros, então li Garota Exemplar (sensacional) e O Maravilhoso Agora (decepcionante). Na semana do Ano Novo, como iria passar sete dias na praia, não queria correr o risco de levar um livro que não fosse gostar. Avaliei minhas opções em casa e resolvi por O Oceano no fim do Caminho, por já conhecer o trabalho de Neil Gaiman. Confesso que mal toquei na obra enquanto estive lá, mas assim que voltei, acabei a leitura em questão de horas.

Tudo começa quando o inquilino da casa do narrador, um leitor voraz de sete anos e que em nenhum momento é identificado pelo nome, se suicida no carro de sua família, o que leva o menino a conhecer a família Hempstock: Lettie, sua mãe e avó, que moram no final do caminho de seu bairro. Essas mulheres são misteriosas e parecem possuir poderes e clarividências que nenhuma outra pessoa possui. São muito antigas em nosso mundo e seus conhecimentos sobre a vida, a morte e o que há entre elas são infinitos. O menino descobre a partir desse acontecimento, um terrível mal onde coisas ruins começam a acontecer com ele e com sua família e apenas Lettie Hempstock, uma menina sardenta de onze anos que acredita que seu lago é na verdade um oceano, pode salvá-lo.

Este é um livro surpreendentemente simples e complexo ao mesmo tempo. Não se deixe enganar pelo formato juvenil de poucas páginas e letra grande. Apesar da narrativa singela, a história é extremamente bem elaborada, onde se misturam os terrores comuns das crianças e a verdadeira essência da infância. São as memórias narradas em primeira pessoa por um adulto do ponto de vista de um menino de sete anos, décadas depois. É uma fábula mística e assustadora, onde acontecimentos estranhos levam a consequências que mudam para sempre a vida do protagonista.

Tudo é contado de maneira direta e não muito explicado ou detalhado. Assim como fala o protagonista sobre mitos, esse livro simplesmente é, claro e rápido, não existe melhor maneira de explicá-lo. Outro ótimo ponto é quão ambígua a veracidade da trama pode ser; todos os fatos podem ser tão reais quanto seriam se fossem inventados pela imaginação fértil de uma criança. O que pode tornar a obra realmente assustadora, além de melancólica.

Assim como em Deuses Americanos, aqui há uma forte crítica ao consumismo. Os protagonistas são crianças e as mulheres Hempstock são independentes em sua fazenda, não precisando de homens nem de posses. As coisas simples da vida, como uma boa comida depois de um dia difícil, são bem apreciadas em contraposição aos males “adultos”, como a luxúria e a veneração exacerbada ao poder.

Uma ótima leitura que agradará todos aqueles que sabem que a infância não é tão simples quanto nos lembramos.