“Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, o último espécime de uma camélia rara, a Middlebury Pink, esconde mentiras e segredos em uma afastada propriedade rural inglesa.
Flora, uma jovem americana, é contratada por um misterioso homem para se infiltrar na Mansão Livingston e conseguir a flor cobiçada. Sua busca é iluminada por um amor e ameaçada pela descoberta de uma série de crimes.
Mais de meio século depois, a paisagista Addison passa a morar na mansão, agora de propriedade da família do marido dela. A paixão por mistérios é alimentada por um jardim de encantadoras camélias e um velho livro
No entanto, as páginas desse livro insinuam atos obscuros, engenhosamente escondidos. Se o perigo com o qual uma vez Flora fora confrontada continua vivo, será que Addison vai compartilhar do mesmo destino?”
A Última Camélia, de Sarah Jio, começa com uma pequena introdução narrada por uma personagem que não mais aparecerá no livro. Ela conta como uma rara camélia foi parar em suas mãos, uma camponesa que cuidava do jardim de uma nobre família inglesa, os Livingston.
Daí em diante o livro é dividido em capítulos intercalados, um narrado por Addison e outro por Flora. Ele segue essa estrutura narrativa até o fim. A primeira a conhecermos é Addison, uma jovem que vive em Nova York nos anos 2000, trabalha como paisagista e é casada há quase um ano com Rex Sinclair, por quem é apaixonada. O primeiro mistério é inserido logo de cara, quando Addison atende o telefonema de um homem de seu passado, que promete desmascará-la à Rex caso não receba uma quantia em dinheiro. Perturbada, Addison (será esse o seu verdadeiro nome?) decide aceitar um pedido do marido, e os dois vão passar algum tempo na Inglaterra, na mansão que a família Sinclair acabara de adquirir. A mansão Livingston.
Em seguida somos apresentados à Flora, uma jovem estadunidense que vive com os pais na Nova York de 1940. Com a padaria da família indo de mal a pior e o pai afundado em dívidas, a garota resolve aceitar a proposta de um vigarista que, sabendo de seus problemas financeiros, a rodeava insistentemente, prometendo uma grande quantia em dinheiro por um pequeno trabalho realizado em território inglês. Apenas no navio é que Flora, uma apaixonada por botânica, descobre qual a sua função: encontrar uma rara flor escondida há muitos anos nos jardins da mansão Livingston. Para isso, a jovem teria que trabalhar como babá das quatro crianças que lá viviam, enquanto procurava em segredo a Middlebury Pink.
O paradeiro da camélia, no entanto, não é o único mistério do livro. Quando Flora chega à mansão, Lady Anna Livingston havia falecido há pouco tempo, e apesar de a garota ser a responsável por cuidar das crianças, nunca ninguém a contava sobre como a tragédia havia acontecido. Lordes misteriosos, empregados que agem de forma estranha, livros com anotações quase indecifráveis… o clima de toda a narrativa é de mistério. E é bastante interessante a forma como as duas personagens principais, Flora e Addison, separadas no tempo por quase 60 anos, se deparam com as mesmas pistas e vão nos guiando dentro do imenso jardim da mansão.
Achei que não fosse gostar do livro quando iniciei a leitura, mas o ritmo que Sarah Jio deu à história é mesmo cativante, principalmente para alguém que, como eu, não consegue desviar o olhar de um mistério, seja ele uma clássica história de Sir Arthur Conan Doyle ou algo não tão clássico assim, tipo Gossip Girl.
O trabalho de edição da Novo Conceito é também muito bom, sem nenhum erro de digitação ou tradução e uma bela capa.
O que não gostei foi do mistério paralelo envolvendo Addison e Sean; achei muito forçado, exagerado mesmo. Pouco verossímil. Acho, ainda, que Jio se esforça demais para dar detalhes, deixando algumas descrições mastigadas demais. Se tem algo que já ouvi – ou li – muitos escritores falando é a regra do “Show, don’t tell”, ou seja, um escritor deve demonstrar, não simplesmente dizer. Melhor do que utilizar inúmeros adjetivos para descrever uma cena ou um sentimento, é mostrar como ele se dá, através de atitudes das personagens ou de metáforas que enriquecem a escrita e a leitura.
De qualquer forma, devorei o livro. Indico principalmente para quem gosta de mistério, e pode ser um bom começo para quem não tem ainda um hábito mais intenso de leitura.