CONTÉM SPOILERS
Desde Time Stops já podíamos imaginar como seria a season finale: intensa em relação aos casos e emocional em relação aos médicos. Nada de grandes reviravoltas no enredo, como em temporadas anteriores. De maneira mais íntima, o episódio conseguiu cumprir o seu papel, trazendo diversos desfechos e deixando pontas soltas para a temporada seguinte.
Iniciemos pelos casos médicos. Uma verdadeira operação de guerra foi montada para garantir a sobrevivência do paciente empalado. As situações atuais de vida dos cirurgiões garantiram certo apego e empenho para com essa situação extremamente difícil. April realmente acreditava na possibilidade de salvamento após sua experiência na zona de guerra e foi responsável por garantir que tudo fosse feito para não se perder uma vida. Meredith foi outra que, devido sua condição atual, mostrou-se mais humana e compreensiva. Levou, inclusive, o filho do paciente, de modo a garantir um melhor resultado. Seu crescimento pessoal, que aconteceu a duras penas, transformou-a em uma médica muito melhor.
Em meio ao improvável salvamento, a segunda paciente enfrenta dificuldades no pós-parto. Como essa mulher não ficou paralisada depois de tantas intercorrências é um mistério. Seriously? Sempre que ocorrem grandes casos de trauma já sabemos que o salvamento será um pouco forçado. Mas nessa situação foi demais, sabendo-se o quão importante era mantê-la imóvel. Foi muita sorte para uma pessoa só.
Outro desapontamento no episódio foi o problema com a família de Pierce. Achei que seria algo bem mais sério. A traição de sua mãe foi algo impactante para ela (até entendo isso), mas não teve esse efeito em quem assistia. Pelo menos não no meio de tanta coisa pior acontecendo. Ficou lá solto, em segundo plano.
Edwards, por sua vez, enfrenta a punição pelo erro de seu interno e passa pelas mesmas dificuldades que já acompanhamos quando alguém se torna responsável por um grupo de estudantes. Agora é a hora dela de crescer e criar seus pupilos da melhor forma possível. Felizmente, isso começou a ser feito. Ainda assim, senti falta de um novo romance para ela nesse final de temporada. É algo que considero necessário desde que ela foi abandonada no casamento de April.
O destino de dois casais foi completamente diferente do que imaginei. April e Jackson chegaram a um beco sem saída. Kepner encontrou em seu treinamento um ponto de escape para seus sentimentos, enquanto Avery precisava da esposa ao seu lado para superar a perda do filho. O resultado foi não somente uma separação física, mas também psicológica entre eles. Porém, ainda não acho que seja um fim definitivo para o casal. Ambos devem procurar ceder e chegar a um denominador comum, onde a maneira diferente de cada um para lidar com essa situação possa fortalecê-los como casal.
Já Jo e Alex, que tinham tudo para se separar, trouxeram uma boa surpresa. É importante que eles construam um lugar só deles. O local que moram atualmente sempre seria “a casa antiga de Meredith”, sem a identidade do casal. Começar do zero os tornará mais unidos e permitirá o crescimento dessa relação. E porque não pensar em um casamento vindo por aí?
Catherine continuou com sua atitude ridícula e egocêntrica por boa parte de “You’re My Home”. Aí, se junta com outro teimoso como Richard e não poderia haver casal que combine mais. A jogada de Mer pode ter sido clichê, mas funcionou perfeitamente. É impressionante como a maioria dos problemas desses médicos seriam resolvidos com uma conversa aberta e algumas concessões. Com o casamento realizado, só nos resta esperar que eles sejam felizes (o que não funciona muito bem em Grey’s Anatomy).
Os momentos finais da temporada foram reservados ao último mistério que envolvia Derek Shepherd. A mensagem deixada para a esposa foi simples, porém impactante. Um homem feliz e realizado telefonou, planejou algo com a família e se declarou sem saber que aquela seria sua última viagem de barca. A mensagem também veio como substituta da despedida que Amelia merecia. Não foi ideal, mas permitiu esse contato final, e necessário, com o irmão.
A 11º temporada termina com o simbolismo da chegada do sol depois de um período de escuridão. Esse primeiro ano sem Cristina e último de Derek teve, sim, seus altos e baixos. Causou polêmica e correu riscos. Por mais que a série tenha como característica a capacidade de se renovar, algumas perdas não serão perdoadas. Nesse ponto, a única coisa que desejo é que saibam terminar a produção com um pouco de honra. Talvez essa hora já tenha passado, não sei. Mas torço para que Shonda Rhimes pare de incorporar Lord Voldemort e tente se recuperar mais do estrago feito com a morte de Derek daqui pra frente.
P.S. 1: Ainda restam esperanças para Amelia e Owen.
P.S. 2: Acredito que surpresas estão reservadas na disputa pelo cargo de Chefe de Cirurgia.
P.S. 3: Meredith pode vender sua casa atual, mas pelo menos voltará para a antiga, onde também não faltam recordações.
P.S. 4: Destaque deve ser dado para a trilha sonora desse episódio, com a presença de canções marcantes em novas versões.
Narração do episódio:
“Eu me lembro de alguém me dizer na escola que eu vim de um lar quebrado. É assim que eles falavam quando seus pais se divorciavam. Mesmo que o divórcio fosse a coisa menos quebrada que eles já fizeram. Quando eu ouvi aquilo quando criança, eu me perguntei se lares quebrados eram onde as pessoas quebradas viviam. Era bobo. Quer dizer, eu era só uma criancinha. Mas hoje, eu ainda me pergunto.
Você pode construir uma casa com qualquer coisa, fazer que ela seja tão forte quanto você queira. Mas um lar… Um lar é mais frágil que isso. Um lar é feito com as pessoas que você coloca nele. E as pessoas podem ser quebradas, com certeza. Mas qualquer cirurgião sabe que o que está quebrado pode ser consertado. O que está machucado pode ser curado. Não importa o quão escuro esteja… O sol vai surgir de novo.”