Todo mundo tem uma história trágica de amor. Aquele romance que tinha tudo para dar certo e não deu. Aquele romance que deu certo por muito tempo e algo trágico separou. Alguém, que mesmo com o passar do tempo e das circunstâncias ainda faz seu coração bater mais forte. Nós queremos ouvir a sua história e publicar aqui, no Beco Literário na nossa nova seção: anti-heróis.
Baseado no álbum novo do Jão, Anti-herói, que conta a história de um amor que devastou e foi embora, nós vamos ouvir a sua história e reescrevê-la aqui no Beco Literário para que possa ser eternizada e ressignificada, afinal todo mundo tem o seu the one that got away.
ATENÇÃO: O RELATO ABAIXO TEM GATILHOS DE AGRESSÃO, BEBIDAS, DROGAS E VÍCIOS. NÃO PROSSIGA CASO VOCÊ SEJA SENSÍVEL A UM DESSES ASSUNTOS E NÃO DISPENSE AJUDA PROFISSIONAL.
Quando ela viu aqueles olhos verdes, ela sabia que seria dele e jamais poderia imaginar como seriam os últimos momentos daquele romance. A paixão veio instantânea, mas com o tempo, ela só crescia.
A distância não ajudava, a saudade estava cada dia maior. Como ficar longe de um amor tão avassalador assim? Qualquer distância parece ser maior que mil oceanos. Em três meses, veio a surpresa: ela estava grávida.
Aquela gravidez não era algo esperado ou planejado, mas era o fruto desse afeto que parecia queimar cada partícula do dois enamorados. Mas, com essa surpresa, veio uma consequência: O que nós faremos agora? Como vamos criar esse filho? Não precisaram nem responder. O aborto espontâneo levou toda a surpresa e esperança de dissecar a distância embora. Mas claro, nada podia separar esse grande amor.
Os anos se passaram rapidamente, o amor aumentou até certo ponto e depois parou. Parou, mas prevaleceu, firme e forte, por um fio. Mas um fio de aço, maleável, que aguentava todos os trancos da vida. Mas com os anos, veio a convivência. Com a convivência, vieram as brigas, as diferenças, os desafetos… Junto com tudo isso, também surgiram algumas coadjuvantes: as bebidas e as drogas.
Ela o amava muito, talvez mais que a si própria. Talvez, porque ela não conseguia ver o amado sofrer de tal forma. Será que fujo porque me amo? Será que fujo porque não quero o ver se destruir assim? Será que amar é destruir? Ela não sabia. Pegou a filha que o tempo devolveu, pegou a mala de mão e tudo o que pode empacotar e fugiu. Saiu pela porta da frente, querendo voltar, mas sabendo que talvez nunca voltasse, sabendo que aqueles poderiam ser os últimos momentos…
E ele se acabou ainda mais. Bebidas, drogas, bebidas, drogas, bebidas, bares…. De bar em bar, suas dores ficavam na mesa, abafadas pelo consolo rápido. Pela anestesia. Até que chegou o fatídico dia em que tudo mudou.
Francisco*, vem cá se tu é homem mesmo! E ele foi. Não podiam ferir sua masculinidade. Carregado pelo surto de adrenalina fortalecido pelas bebidas e pelas drogas, armado pela realidade turva da qual ele tanto se anestesiava. Ele foi, mas não voltou. Teve sua vida ceifada a uma única garrafada.
Ele ali, no asfalto, jogado, viu sua vida passar diante dos seus olhos. E antes de morrer, nos seus últimos momentos, ele falou Joelma*, Nataly*…. Como se pedisse desculpas para a amada e para a filha.
Hoje, as únicas coisas que sobraram foram as lembranças. Aquelas que estão na mente e aquelas que estão eternizadas em mim, sua única filha.
E minha mãe ainda chora pelo seu amado há 10 anos….
Tem uma história como “Os últimos momentos” e quer contar aqui na “Anti-heróis”? Envie para [email protected]. *Os nomes foram e serão trocados para manter as identidades devidamente preservadas.
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