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Resenha: Tá todo mundo mal – O livro das crises, Jout Jout

Do alto de seus 25 anos, Julia Tolezano, mais conhecida como Jout Jout, já passou por todo tipo de crise. De achar que seus peitos eram pequenos demais a não saber que carreira seguir. Em Tá todo mundo mal, ela reuniu as suas “melhores” angústias em textos tão divertidos e inspirados quanto os vídeos de seu canal no YouTube, “Jout Jout, Prazer”.

Família, aparência, inseguranças, relacionamentos amorosos, trabalho, onde morar e o que fazer com os sushis que sobraram no prato são algumas das questões que ela levanta. Além de nos identificarmos, Jout Jout sabe como nos fazer sentir melhor, pois nada como ouvir sobre crises alheias para aliviar as nossas próprias!

Acompanho a Jout Jout desde os primórdios do seu canal no Youtube, desde os primeiros videozinhos desfocados e sem produção alguma, que logo foram mudados com os cuidados de Caio. E claro, quando ela anunciou que lançaria seu livro, fiquei super ansioso para ler o mais rápido possível. Eis que lançou, e eu o devorei em pouco menos de duas horas. Uma leitura que começou na livraria, e terminou com eu levando o livro para a casa no mesmo instante.

Tá todo mundo mal é uma obra que já nos atrai pelo seu título, e pelas cores chamativas da capa. Claro, com um desenho espetacular da Júlia que rende boas brincadeiras de ficar virando pra lá e pra cá. O livro das crises começa com um prefácio de Caio Franco, também conhecido como Caião, namorado da Youtuber. Nele, ele conta um pouquinho daquela história que já conhecemos de quando ele leu os primeiros textos da Jout, com uma blusa enrolada no rosto. Só que dessa vez, conhecemos um pouco a visão dele.

Logo depois, temos uma apresentação da própria autora ao texto que vem a seguir, e um sumário com todas as crises, que não podiam ser mais reais. É como levar um tiro de realidade a cada capítulo.

Você não está acomodada. Você está incomodada.

Começamos com crises mais simples, como a ilusão que somos submetidos todos os dias pelas nossas mães, logo depois pelas fases ingratas da puberdade, a escolha da faculdade, ausência de talentos… É como se fosse um adendo aos vídeos que conquistaram os nossos corações. É uma leitura extremamente leve, que rende boas risadas, e até mesmo, algumas lágrimas em certos momentos.

Não é mais um livro de youtuber, porque Jout Jout vai além de contar sua vida e trajetória. Ela lida com problemas que todos nós passamos ou ainda passaremos. Crises de seres humanos, que muitas vezes são totalmente dispensáveis e frutos da nossa imaginação. Tem crise de Gregório Duvivier e crise de Tamagotchi. O mais legal da leitura, é que você a faz com uma continuidade estupenda, incapaz de largar, e sempre ouvindo a voz dela na sua cabeça. O jeito de escrever e de lidar com o mundo de Júlia Tolezano é extremamente autêntico e único.

Então quer dizer que acabaram as crises?, você me pergunta.

Risos.

Tem frasezinhas autênticas e dignas de tatuagem sim, ao contrário do que cita a autora em um de seus capítulos. E é engraçado porque você se sente abraçado pela leitura, porque de certa forma, aquilo acontece com você todos os dias! Todos nós temos crises, e ter alguém que as reconhece e que acima de tudo, passa por cima delas de maneira admirável, é acolhedor. Jout Jout arrasou com a escolha do tema, que pareceu difícil ao assinar contrato com a editora, e com certeza nos deixa ansiosos para uma possível continuação.

A diagramação do livro então, impecável! Alterna entre o amarelo e o preto, com uma fonte bem confortável de se ler, um cheirinho maravilhoso e assuntos melhores ainda. Não sei se tenho palavras além de maravilhosoincrívelquero mais para descrever a obra de Júlia Tolezano. E não estou dizendo isso apenas na condição de fã. Ela com toda certeza, quebrou mais um tabu ao fugir do padrão dos livros de youtubers que tem causado tanto furor e preconceito ultimamente.

Não se pode brincar com best-sellers.

Recomendo bastante para todos que tem uma crise existencial aqui e ali, e gostam de ser embraçados com alguma ajudinha de alguém que admiramos e podemos carregar um pequeno pedaço na bolsa, nem que seja com aquela ideia de “eu também passo por isso, vamos nos abraçar!”.

Esperemos o Jabuti, então! Risos.

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