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Ensaio: Elementos estruturais da narrativa – Foco Narrativo #01

Hey leitores do Beco! Espero que esteja tudo bem com vocês!

Reservei algo super interessante para discutir com vocês hoje: Elementos Estruturais da Narrativa. Não é muito interessante quando se lê um livro narrativo e não se entende quem é a voz que está a contar e desenvolver a trama. Causa um tipo de fragmentação e a leitura se torna complicada e, para alguns tipos de leitores, nem um pouco apreciável.

Por este motivo, trouxe algumas teorias da literatura para te ajudar a reconhecer o foco narrativo do seu livro em leitura, e concretizar a beleza e a doçura de se ler um livro e entendê-lo completamente. Ao se fazer a análise de qualquer livro (seja ele romanceado ou não) numa macrovisão, ou conto ou crônica numa microvisão textual, é preciso se atentar para cinco elementos base de estudo:

• FOCO NARRATIVO (NARRADOR)
• PERSONAGENS
• TEMPO
• ESPAÇO
• ENREDO

Este ensaio tem o objetivo de discutir o foco narrativo com exemplificação e profundidade teórica.

Um dos grandes nomes da análise literária é Gérard Genette, teórico literário e crítico francês que elaborou a sua própria abordagem poética a partir do viés estruturalista. Para este autor, a narrativa se concretiza como DIEGESE: “termo empregado para indicar a história, a fábula, conjunto dos acontecimentos num texto literários”, em tal abordagem estrutural, a análise literária se torna cabível a partir do reconhecimentos de dois planos congruentes, correlacionados que preexistem na atmosfera artística das letras.

São eles:
– Plano da Enunciação
– Plano do Enunciado

Enquanto o Plano da Enunciação se restringe em estudar a voz que perfaz a ação de narrar, o Plano do Enunciado se propõe a discutir o que já está escrito, o plano do discurso ou da narrativa. Para Gérard Genette, “narrativa” é: “todo discurso que nos apresenta uma história imaginária como se fosse real, constituída por uma pluralidade de personagens, cujos episódios de vida se entrelaçam num tempo e num espaço determinados.”

Mas quem é a voz que tem o trabalho de descrever ao leitor todo esse sistema dito na citação anterios?
– Somente uma resposta cabível: o narrador.

Em uma grande área, existem dois tipos de narradores. O narrador em primeira pessoa e o narrador em terceira pessoa.

O narrador em primeira pessoa também é conhecido como um narrador personagem e possui quatro tipos.

– Narrador Personagem: Segundo Pouillon, o narrador personagem está fundamentado na teoria do “Visão com”, isto é, um personagem envolvido na história assume o papel de narrador e o leitor passa a conhecer a história pela ótica do mesmo.

– Narrador Personagem Protagonista: identifica-se como personagem principal que vive os fatos da narrativa e acumula o papel de sujeito da enunciação e do enunciado.

Exemplo:
Livro: Dom Casmurro
Narrador Personagem Protagonista: Bentinho
Escritor: Machado de Assis

– Narrador Personagem Secundário: o personagem/narrador não está em primeiro plano, embora participa da narrativa, sua função é mais importante no nível da enunciação.

Exemplo:
Livro: O Morro dos Ventos Uivantes
Narrador Personagem Secundário: Sr. Lockwood
Escritora: Emily Bronte

– Narrador Testemunha: personagem presente no texto só para narrar os acontecimentos. O termo testemunha diz respeito ao fato de o personagem narrador contar tudo aquilo que viu, ouviu ou que leu em algum lugar.

Exemplo:
Livro: O resto é silêncio
Narradores Testemunhas: Doutor Lustosa; Norival; Tônio Santiago; Aristides Barreiro; “Sete- Meis”; Chicarro e Marina.
Escritor: Érico Veríssimo

Narrador em terceira pessoa é um tipo específico que possui um dom chamado ONISCIÊNCIA. Ele sabe de tudo. Entretanto, uma teoria fora discutida por Friedman, elenca quatro subáreas para o narrador pressuposto, são elas:

– Onisciente Neutro
– Onisciente intruso
– Onisciente seletivo
– Narrador Câmera

Em linhas gerais, o narrador pressuposto é uma entidade da narrativa que sabe de todas as coisas, inclusive dos pensamentos e sentimentos das personagens e detalhes de cada acontecimento. Para Gérard, um exemplo claro seria a Morte no livro “A menina que roubava livros”. Estava em todos os lugares, sabia de detalhes dos acontecimentos e os sentimentos das personagens ao morrer.

E aí, curtiram? Espero ter ajudado vocês! Um grande abraço e até a próxima.

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1 comentário

  • Responder Layana 06/09/17 em 13:45

    Gostei muito do post! Espero que tenham mais!!!

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