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Quero abraçar o mundo todo, todo o tempo

Eu sou o tipo de pessoa que quer abraçar o mundo todo, todo o tempo. Eu tenho um milhão de hobbies. Desde criança, colocaram na minha cabeça que eu poderia fazer tudo o que eu quisesse, se eu quisesse muito. Não me deixaram errar. Eu tinha que ser o melhor em absolutamente tudo. As melhores notas da sala, o melhor em português E matemática E biologia E química E física…. Eu não tive uma única aptidão.

Entrei em Engenharia e me dava bem. Desisti e entrei em Jornalismo. Achei ridiculamente fácil. Fiz uma pós graduação em Psicanálise e estou na segunda de Psicanálise Avançada. Antes dela, tentei uma pós de psicologia, uma de marketing e uma de moda. Eu era bom em todas elas. Ah, também fiz técnico em informática, webdesign e administração. Você deve pensar: uau, então, você é uma pessoa versátil.

Na verdade, eu sou mesmo é uma pessoa perdida. Eu não sei qual é minha verdadeira paixão. Eu sequer sei se tenho uma verdadeira paixão. Eu fui ensinado a sempre querer mais. Quando eu conquisto o que eu quero, não tem gosto de conquista porque eu fui condicionado a querer sempre mais quando eu chego lá.

Quando eu me formei em um técnico, tive que fazer outro, concomitante com a faculdade. Quando me formei em uma faculdade, tive que fazer uma pós e de repente, a pós não era suficiente e eu queria outra graduação junto com outra pós… Eu queria ler tarô, ser empreendedor, ser gestor da minha empresa mas também ser funcionário. Queria plantar no jardim de casa, viajar, escrever neste blog, escrever um livro novo, bordar, costurar uma roupa, abrir uma lojinha e ainda sim, aproveitar o tempo com o meu cachorro.

Eu queria descansar, mas também queria conseguir descansar ciente de que eu sei do que eu gosto. Minha analista diz mesmo que o que eu gosto é de abraçar o mundo. A minha paixão é abraçar o mundo e se uma hora, eu diminuir ela todinha para uma paixão só, eu não serei mais eu. Será? Quase sempre, é muito estressante querer o mundo todo, toda hora. Eu não me decido.

Eu me perco. Eu mudo de ideia a todo instante como quem muda de roupa. Um dia eu quero me aliar a uma ONG de animais abandonados, outro dia quero falar de finanças no Instagram, outro quero voltar a escrever aqui no Beco Teen… É tudo confuso demais.

Mas, não é só você decidir algo e se comprometer a isso? Quem dera fosse. Porque no momento em que decido, eu conquistei. E quando conquisto, não está bom mais. Eu preciso continuar e isso corrói minhas entranhas. Corrói cada célula do meu corpo. Por que eu sou assim? Por que eu não consigo simplesmente viver a minha vida, curtir a estabilidade que conquistei com pouca idade e aproveitar? Eu preciso mesmo sempre ter mais? Por que eu preciso tanto fazer mais?

Por que meu coração dispara cada vez que chego lá como se fosse a coisa mais errada do mundo e como se eu precisasse de ainda mais para minha conquista ser válida? Por que a conquista não parece conquista e eu preciso conquistar outra coisa para parecer que estou em movimento constante?

Por que eu quero abraçar o mundo todo, toda hora?

É cringe? Especialista explica porque a Geração Z está cancelando a moda Millenial
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É cringe? Especialista explica porque a Geração Z está cancelando a moda Millenial

Nos últimos dias, as redes sociais foram tomadas por uma discussão liderada por dois grupos: Geração Z vs Millenials. O tópico do bate-boca, que a princípio pareceu confuso aos mais velhos, logo foi esclarecido. Quais atitudes e características da Geração Millenial (nascidos entre 1980 e 1994) é considerada “cringe” pela Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010)?

Para entender melhor, antes é preciso esclarecer o que é “cringe”. A gíria, utilizada e popularizada pela Geração Z, significa aquilo que os Millenials popularizaram anos antes como “vergonha alheia”, ou algo considerado cafona, desatualizado. Entre os itens “cancelados” pela nova geração estão as calças skinny, que foram substituídas por itens mais confortáveis, e as sapatilhas de ponta redonda, calçado que foi trocado por tênis.

Sobre o debate ocorrido nas redes, Dani Gábriél, professora de Estratégias de Marketing em Moda na Faculdade Santa Marcelina, explica que esses itens de vestuário caíram em desuso por conta de uma macrotendência voltada ao bem-estar e o conforto. “Isso vem muito antes da pandemia, mas com esse novo normal isso se intensifica. Com as pessoas trabalhando e estudando de casa, o importante é se sentir confortável com o que se está vestindo”.

A professora também explica que o momento atual é de um consumo cada vez mais ligado ao comportamento do consumidor. Os jovens da Geração Z, por sua vez, possuem identidades fluídas, são conhecidos por serem mais tolerantes, realistas e por defenderem um estilo de consumo ético. “Será que se existisse uma marca de sapatilhas orientada a valores éticos, humanizados, com consciência ambiental, esse item não poderia ser uma escolha para esse público?”, questiona Gábriél.

Além das calças skinny e das sapatilhas, outros itens de vestuário também vem sofrendo com o julgamento das novas gerações de consumidores, como cardigãs longos, meias soquete e calças de cintura baixa.

As tendências da Geração Z

A juventude atual, norteada por sentimentos como otimismo conforto e alegria, parece não estar preocupada em parecer algo. Ao invés disso, eles vêm adotando uma moda onde possam expressar sua individualidade, se apropriando de estilos sem gênero e da streetwear, com jeans mais amplos, como as calças mom, moletons oversized e tênis. A professora ainda completa a análise citando maximalismo, estilos despojados, pop art, que trazem muito brilho, cor e estamparia.

“Agora são outros tempos que estão demandando outros produtos, como calçados cada vez mais funcionais e confortáveis. O tênis sabe muito bem desempenhar esse papel, e os moletons são a grande bola da vez” esclarece Dani. “Uma diversidade de modelagens e matérias primas permite possibilidades para todos os gostos e gerações. A busca é por uma estética confortável e acolhedora”.

No entanto, a professora finaliza afirmando que ainda não é hora de jogar as calças skinny e as sapatilhas fora. “A moda caminha em um ciclo formado por trocas. O que era novo fica obsoleto rapidamente, mas, ao mesmo tempo, o atual pode ser vintage. Talvez seja um momento de férias desses itens do seu guarda-roupa, mas daqui um ano pode ser que a Geração Z ache a skinny incrível de novo”.

Dia dos namorados: Ryan Reynolds e Blake Lively
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Dia dos namorados: Juras de amor? Fotos perfeitas?

O dia dos namorados lotou o feed com juras de amor e a personificação de que a vida é perfeita a dois. Mas nós sabemos que relacionamentos nem sempre são assim, inclusive são cheios de pontos altos e outros baixos também. Normal, afinal romantizar o amor entre duas pessoas é coisa de cinema né? O real mesmo é mais genuíno e parecido com as trolagens que a rotina nos impõe.

Então, se você é desses que prefere deixar o romance perfeito para os profissionais da sétima arte, mas também quer ver um casal bacana e genuíno no seu feed, o intérprete do não tão correto herói, Deadpool, Ryan Reynolds e a eterna Serena de Gossip Girl, Blake Lively, são o que você precisa.

Com posts que nunca ficam apenas entre eles, e não por serem famosos, e sim por que são muito bons para não serem compartilhados, o casal que é casado desde 2012 e hoje tem três filhos, supera qualquer expectativa do que realmente é o amor. Portanto, vamos relembrar quatro vezes que Ryan e Blake fizeram do mundo digital um lugar muito mais real e engraçado.

Aniversário:

Para homenagear sua esposa, Ryan selecionou uma série se fotografias em que Lively aparece ou de olho fechado ou nitidamente despreparada, ou seja, feia – se isso é possível. Mas em todas, ele está ótimo.

Blake devolveu escolhendo uma foto em que está com o dedo no nariz do marido com a legenda: “eu peguei um bom”.  Mas claro, está de olho fechado.

Presente:

Blake presentou Ryan com um quadro pintado por Danny Galieote, que o ator disse representar muito de sua vida pessoal. Na imagem há um entregador de jornais, que segundo Ryan foi seu primeiro emprego no Vancouver Sun. A casa do quadro é a de sua infância, e o famoso ainda confessa que existem muitos easter eggs na pintura, incluindo seu ídolo, Jhon Candy, na capa do jornal. Como o humor não poderia ficar de fora, Reynolds disse que foi o melhor presente que já ganhou de Lively e que se algum dia houvesse um incêndio o salvaria antes que ela.

Dia dos namorados:

Como presente de dia dos namorados, Ryan decidiu cozinhar para Lively. Fez uma torta em formato de coração e compartilhou a foto no Instagram, mas avisou que usou cola na receita “porque não é cientista”.

Ou seja, é o casal dos sonhos, não? Se trolar é uma maneira de amar, esses dois vão ficar eternamente juntos. Humor combina com tudo e, realmente, levar a vida tão à sério e romantizada não diz muita coisa, apenas que, com certeza, vocês vão rir menos. Eu voto para um filme dos dois!

hora
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Hora de se acolher, hora de agir, hora de mudar

Eu tinha uma preocupação recorrente. Eu nunca sabia quando era a horas de me acolher, a hora de agir e a hora de mudar. Eu queria agir pela mudança em todos os momentos. Nos dias mais cinzas, eu não conseguia me acolher. Eu precisava ser produtivo. Eu precisava transformar toda a minha energia em ação. 

O tempo foi passando e isso tudo virou uma confusão. De repente, eu estava confuso sobre quais eram os meus hobbies, o que eu mais gostava, o que era trabalho, o que era diversão… Pra mim, a linha entre trabalho e diversão sempre foi muito tênue. Eu queria trabalhar com algo que eu gostasse de verdade pra não ter que trabalhar nunca mais. Sabe aquele ditado ridículo que diz isso? Então, era meu mantra.

Dentro disso, tinham os meus medos. Medo do que iam pensar ou falar de mim. Medo de desistir de novo ao descobrir que aquilo não era pra mim. Medo, medo medo… Todos pautados no que os outros iam pensar depois de eu ter desistido de quinhentas mil coisas. Medo do que iam pensar com meus milhares de projetos em andamento. Eu gosto de estar em movimento. Mas, às vezes, também amo ficar parado.

Eu sou aquela pessoa que ama ir para a praia e, na hora que está na praia, não se incomoda em abrir o computador e trabalhar. E aquela pessoa que na hora de trabalhar, não se incomoda em levantar e tirar uma soneca. Eu nunca separo as coisas muito bem.

Hoje, eu acordei meio pra baixo. Pensando em tudo o que tenho feito, tudo o que já fiz e tudo o que eu queria fazer. Será que estou no caminho certo? Será que vou desistir de tudo de novo? E o que eu faço é esperar. Ver o que vai acontecer depois disso.

Será que é autossabotagem? Será que é estar no caminho certo? Não sei dizer. Só sei que estou indo, um dia de cada vez, tentando decifrar as horas….

Insegurança
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Todo mundo tem alguma insegurança

Todo mundo tem alguma insegurança. Você não é a primeira, a última ou a única pessoa a se sentir insegura em algum momento da sua vida.

A insegurança aparece nos momentos em que a gente menos espera. Quando a gente entra naquela sala cheia de gente pra uma entrevista de emprego, quando vamos na frente da sala de aula apresentar um trabalho… Parece que dentro da nossa cabeça, algumas vozes brigam entre si “eu não tenho tanto sucesso assim, não sou tão confiante assim, ele é mais atraente que eu, ela é mais bonita que eu…”

Mas, você sabia que todo mundo pode estar pensando a mesma coisa que você, ao mesmo tempo? Ninguém está sozinho nessa. Cada pessoa que está respirando neste momento tem as suas inseguranças e elas podem não ser muito diferentes das suas.

Por isso, separei algumas dicas pra você tentar parar, respirar e retomar seus momentos de consciência quando aquela insegurança bater, olha só:

Seja gentil com você

Nossa intuição costuma estar mais certa que errada, em vários momentos da nossa vida. No entanto, nos momentos de insegurança, a ansiedade pode falar mais alto e fazer com que a gente confunda a autossabotagem com a intuição. Seja mais gentil com você mesmo. Se escute, respeite e delimite os seus limites. Saiba até onde você pode ir, mas não deixe de assumir alguns riscos. Perceba como você se sente, se escute e então, decida o que fazer. Ficar no mesmo lugar, sem saber o que espera do outro lado, na maioria das vezes, é mais autossabotagem que transposição de limites. Tente e seja gentil consigo mesmo!

Seu passado está no passado

Você faz o que faz hoje graças a quem você foi no passado. Você aprendeu, evoluiu e seguiu em frente. Isso tudo colaborou para a pessoa que você se tornou hoje em dia. Seu “eu” do passado, ficou lá atrás. Não é mais você hoje em dia. Você faz o que faz hoje, graças a ele. Graças a quem você FOI. Mas, isso não significa que você ainda é aquela pessoa. Todos mudamos e a mudança é normal, faz parte da vida.

Ouça seus próprios conselhos

Se escute mais. Use os conselhos que você dá tão sabiamente para os seus melhores amigos para a sua vida. Por que você consegue ser gentil com as outras pessoas e não consegue trazer essa gentileza quando fala de você? Se escute mais, se entenda e acolha tudo aquilo que se passa no seu coração. Tente, se arrisque, mas não insista caso veja que está além do que você pode aguentar. Às vezes, nós insistimos em algo e tudo se intensifica ainda mais. O que era pra ser um bicho de uma cabeça vira um bicho de sete mil.

E entenda que tudo passa. Você não está sozinho, todo mundo passa pela mesma coisa. A vida é isso. Ela acontece nesse processo, nesse meio entre nascer e morrer. Vai fundo!

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FIXO: Cadê o Beco Literário? É tempo de mudanças…

Se você acessa o Beco Literário diariamente, você deve ter percebido que está cheio de mudanças por aqui. Layout novo, novos nomes, novos cabeçalhos…. E a verdade é que essa mudança demorou para acontecer, mas já deveria ter acontecido há muito tempo.

Já falei em milhares de textos que criei o Beco Literário para que eu pudesse ser eu mesmo, em uma época em que eu ainda não era. Muitas coisas mudaram: os objetivos, a vida, o que eu quis entregar pro mundo, etc. Tentei fazer o Beco se encaixar em cada uma dessas fases, mas a verdade é que ele não poderia se encaixar sendo o que era antes. Era preciso uma mudança drástica e real.

Criei um blog com meu nome, no ano passado e mantive os dois em paralelo. Acabou que eu não consegui me dedicar nem a um, nem a outro. Eu sentia que não cabia mais no Beco, mas o meu blog parecia grande demais, sem história. A minha história foi trilhada aqui.

Demorei para perceber que os meus dois blogs eram complementares. Demorei para perceber que eu era o Beco, mas o Beco ainda não era eu. E, como um estalo, resolvi juntar as duas coisas. Os dois blogs agora viraram um só, só somando entre si. Eu sempre vou ser o Gabu Camacho do Beco Literário. E o Beco Literário sempre vai ser cada um de vocês. Cada leitor, participante da comunidade fechada…. A comunidade não vai mudar de nome. Sempre vai ser o nosso Beco.

Por aqui, não sei se é definitivo. Não sei se nada é definitivo, mas por enquanto, é o que achei certo. É o que achei viável e é o que fez sentido para mim. Todas essas mudanças.

Tenho muitos planos para 2021. Quero expandir minha escrita, minhas análises, minhas mensagens que acolhem. Quero estar mais presente, como Gabu. Como uma pessoa.

E aí, você vem comigo nessa?

a nova fase
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Anti-heróis: A nova fase

Todo mundo tem uma história trágica de amor. Aquele romance que tinha tudo para dar certo e não deu. Aquele romance que deu certo por muito tempo e algo trágico separou. Alguém, que mesmo com o passar do tempo e das circunstâncias ainda faz seu coração bater mais forte. Nós queremos ouvir a sua história e publicar aqui, no Beco Literário na nossa nova seção: anti-heróis.

Baseado no álbum novo do Jão, Anti-herói, que conta a história de um amor que devastou e foi embora, nós vamos ouvir a sua história e reescrevê-la aqui no Beco Literário para que possa ser eternizada e ressignificada, afinal todo mundo tem o seu the one that got away.

ATENÇÃO: O RELATO ABAIXO TEM GATILHOS DE SUICÍDIO, ESTUPRO, RELACIONAMENTOS ABUSIVOS E AGRESSÃO VERBAL E EMOCIONAL. NÃO PROSSIGA CASO VOCÊ SEJA SENSÍVEL A UM DESSES ASSUNTOS E NÃO DISPENSE AJUDA PROFISSIONAL.

CVV – Centro de Valorização da Vida – Ligue 188 se precisar conversar

Eu tentei suicídio uma vez. Quase deu certo. Algumas semanas depois, conforme as coisas foram se assentando, eu concordei em deixar isso pra trás e começar uma nova fase da minha vida. Eu só não esperava que essa nova fase fosse ser uma pior que a anterior.

Eu ainda estava muito fragilizada, com tudo o que aconteceu e com toda a minha vida. Eu me sentia muito perdida com as coisas que aconteciam e como eu daria continuidade nas coisas.

Foi então que conheci um rapaz chamado Bruno*, por acaso. Eu nunca o tinha visto antes e me chamou a atenção o quanto ele era legal. Fiquei na minha, eu não queria me envolver com mais ninguém. As pessoas me incentivaram a querer ficar com ele. Uma pessoa que eu nunca tinha ouvido falar. Mas, como eu queria começar uma nova fase na minha vida, acabei topando. Uma amiga minha até tentou me alertar, me trazer de volta para a realidade, dizendo que eu não o conhecia muito bem, mas eu acabei ignorando.

Conversamos poucas vezes até que viramos namorados. Tudo em menos de um mês. Ele demonstrava ser bem fofo e eu sentia vontade de te-lo perto de mim. Ele me fazia bem e eu acabei achando que minha nova fase seria incrível. Foi então que as coisas começaram a mudar e eu não tive mais forças de lutar.

Os momentos que eram para serem especiais, legais, não foram. Ele começou a querer coisas que eu não queria. Ele queria me agarrar. Passar a mão em lugares que eu não gostava. E eu não conseguia fazer nada. Ele era mais forte que eu. Comecei a ter muito nojo dele e de mim mesma.

Tudo isso era muito ruim para mim. Eu não sentia como se houvesse respeito comigo. Fui desvalorizada, perdi minha voz. Eu não tinha ninguém que pudesse me ajudar. A pessoa que eu deveria confiar era a pessoa que eu menos confiava.

Quando eu tomava banho, eu sentia um nojo intenso de mim mesma. Eu me culpava demais por estar começando minha nova fase e estar passando por aquilo. Eu não conseguia terminar com ele, porque eu ainda sentia algum tipo de afeto. Apesar de hoje eu perceber que não sei que tipo de afeto era aquele.

Me senti presa a ele. Mas ao mesmo tempo, eu pensava: se não for com ele, não vai ser com mais ninguém. Eu já tinha passado por tanta coisa ruim, o próximo poderia ser bem pior. E se ninguém mais me querer? Por que alguém mais iria me querer depois de tudo isso?

Dias se passaram e ele me tocou de novo. Mas dessa vez foi de outra forma. Ele simplesmente fez aquilo que eu mais temia. Não tentei me afastar porque nunca adiantou. Esse dia, da minha “nova fase” ficou marcado pra sempre na minha vida.

Nunca mais me vi digna de ser amada. Eu tinha perdido aquilo que tinha mais orgulho de ter. Senti muita vergonha do que aconteceu.

Algumas semanas depois ele terminou comigo e saiu falando por aí que eu era louca. Mas se tem uma coisa que eu sou, é vítima. Ainda é difícil admitir e pensar que fui estuprada, desrespeitada, violada. Já faz alguns anos e até hoje me sinto mal por não ter forças para me livrar daquilo.

Eu não sei se conseguiria evitar o pior naquele tempo. Faziam poucos meses que eu tinha quase morrido. E de certa forma, isso só me deixou ainda pior.

Tem uma história como “A nova fase” e quer contar aqui na “Anti-heróis”? Envie para [email protected]. *Os nomes foram e serão trocados para manter as identidades devidamente preservadas.

autoconfiança
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Um dia de cada vez: Autoconfiança

“Um dia de cada vez” é uma editoria escrita por pessoas que contam histórias em sua jornada de autoconhecimento, convivência ou recuperação de transtornos mentais. Os relatos são anônimos e enviados por leitores do blog. Hoje, leremos um relato de autoconfiança, que oscila entre dias bons e ruins.

Acho engraçado como minha mente funciona às vezes. A gente fala tanto de autossabotagem, fica ciente que estamos nos sabotando e mesmo assim, em alguns dias, a autoconfiança simplesmente sai pra passear e não volta. Tem semanas que quero me afastar de tudo que criei e venho criando pra mim. Mesmo sendo aquilo que eu sempre quis.

A gente tenta não colocar tanta pressão assim. Entender que está tudo bem dar uma pausa de vez em quando. Mas a gente quer criar, quer começar outras coisas, quer ir além. Dá pra entender uma mente assim? Eu quero me dedicar a muitas coisas, mas ao mesmo tempo, não quero me dedicar tanto a alguma coisa específica porque e se não der certo? O que eu vou fazer se fracassar, Deus?

Talvez eu não nutra essa autoconfiança por conta da minha autossabotagem. Eu me saboto, pra não ter que percorrer o caminho até dar certo. Eu não sei dar certo. Eu tento, tento, tento e me contento com dar errado porque sei que hora ou outra eu vou desistir de tudo e acolher esse triste destino que já estou acostumado.

Por que não tentar mais um pouco? Por que tentar de novo? Por que seguir tentando? O que eu quero preencher com todas essas tentativas? O que eu quero nutrir com todas essas falhas?

Eu quero falhar e depois me culpar alguns dias. Outros dias, só quero focar naquilo que sei fazer bem e que quero fazer. Por que eu fico querendo focar em outras coisas e ignorar as coisas que quero fazer e faço bem?

Será que eu enjoo rápido das coisas? Será que eu me coloco muita pressão?

Será que eu só quero me sabotar? Onde está minha autoconfiança daqueles dias que acordo cedo e limpo a casa inteira? Que saio dançando pela sala?

Eu sei, está tudo bem.

Um dia de cada vez.

Um dia de cada vez.

Tem um relato da sua jornada e quer compartilhar com outras pessoas aqui no “Um dia de cada vez”? Envie para [email protected]. *Os relatos são publicados de forma anônima.

os últimos momentos
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Anti-heróis: Os últimos momentos

Todo mundo tem uma história trágica de amor. Aquele romance que tinha tudo para dar certo e não deu. Aquele romance que deu certo por muito tempo e algo trágico separou. Alguém, que mesmo com o passar do tempo e das circunstâncias ainda faz seu coração bater mais forte. Nós queremos ouvir a sua história e publicar aqui, no Beco Literário na nossa nova seção: anti-heróis.

Baseado no álbum novo do Jão, Anti-herói, que conta a história de um amor que devastou e foi embora, nós vamos ouvir a sua história e reescrevê-la aqui no Beco Literário para que possa ser eternizada e ressignificada, afinal todo mundo tem o seu the one that got away.

ATENÇÃO: O RELATO ABAIXO TEM GATILHOS DE AGRESSÃO, BEBIDAS, DROGAS E VÍCIOS. NÃO PROSSIGA CASO VOCÊ SEJA SENSÍVEL A UM DESSES ASSUNTOS E NÃO DISPENSE AJUDA PROFISSIONAL.

Quando ela viu aqueles olhos verdes, ela sabia que seria dele e jamais poderia imaginar como seriam os últimos momentos daquele romance. A paixão veio instantânea, mas com o tempo, ela só crescia.

A distância não ajudava, a saudade estava cada dia maior. Como ficar longe de um amor tão avassalador assim? Qualquer distância parece ser maior que mil oceanos. Em três meses, veio a surpresa: ela estava grávida.

Aquela gravidez não era algo esperado ou planejado, mas era o fruto desse afeto que parecia queimar cada partícula do dois enamorados. Mas, com essa surpresa, veio uma consequência: O que nós faremos agora? Como vamos criar esse filho? Não precisaram nem responder. O aborto espontâneo levou toda a surpresa e esperança de dissecar a distância embora. Mas claro, nada podia separar esse grande amor.

Os anos se passaram rapidamente, o amor aumentou até certo ponto e depois parou. Parou, mas prevaleceu, firme e forte, por um fio. Mas um fio de aço, maleável, que aguentava todos os trancos da vida. Mas com os anos, veio a convivência. Com a convivência, vieram as brigas, as diferenças, os desafetos… Junto com tudo isso, também surgiram algumas coadjuvantes: as bebidas e as drogas.

Ela o amava muito, talvez mais que a si própria. Talvez, porque ela não conseguia ver o amado sofrer de tal forma. Será que fujo porque me amo? Será que fujo porque não quero o ver se destruir assim? Será que amar é destruir? Ela não sabia. Pegou a filha que o tempo devolveu, pegou a mala de mão e tudo o que pode empacotar e fugiu. Saiu pela porta da frente, querendo voltar, mas sabendo que talvez nunca voltasse, sabendo que aqueles poderiam ser os últimos momentos…

E ele se acabou ainda mais. Bebidas, drogas, bebidas, drogas, bebidas, bares…. De bar em bar, suas dores ficavam na mesa, abafadas pelo consolo rápido. Pela anestesia. Até que chegou o fatídico dia em que tudo mudou.

Francisco*, vem cá se tu é homem mesmo! E ele foi. Não podiam ferir sua masculinidade. Carregado pelo surto de adrenalina fortalecido pelas bebidas e pelas drogas, armado pela realidade turva da qual ele tanto se anestesiava. Ele foi, mas não voltou. Teve sua vida ceifada a uma única garrafada.

Ele ali, no asfalto, jogado, viu sua vida passar diante dos seus olhos. E antes de morrer, nos seus últimos momentos, ele falou Joelma*, Nataly*…. Como se pedisse desculpas para a amada e para a filha.

Hoje, as únicas coisas que sobraram foram as lembranças. Aquelas que estão na mente e aquelas que estão eternizadas em mim, sua única filha.

E minha mãe ainda chora pelo seu amado há 10 anos….

Tem uma história como “Os últimos momentos” e quer contar aqui na “Anti-heróis”? Envie para [email protected]. *Os nomes foram e serão trocados para manter as identidades devidamente preservadas.

garoto da faculdade
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Anti-heróis: O garoto da faculdade

Todo mundo tem uma história trágica de amor. Aquele romance que tinha tudo para dar certo e não deu. Aquele romance que deu certo por muito tempo e algo trágico separou. Alguém, que mesmo com o passar do tempo e das circunstâncias ainda faz seu coração bater mais forte. Nós queremos ouvir a sua história e publicar aqui, no Beco Literário na nossa nova seção: anti-heróis.

Baseado no álbum novo do Jão, Anti-herói, que conta a história de um amor que devastou e foi embora, nós vamos ouvir a sua história e reescrevê-la aqui no Beco Literário para que possa ser eternizada e ressignificada, afinal todo mundo tem o seu the one that got away.

Eu fazia faculdade de administração. Em 2018, eu estava no penúltimo ano da faculdade e eu conheci um garoto chamado Ricardo*. Ele era um ano mais novo que eu. Ele tinha entrado na faculdade aquele ano e eu estava quase me formando.

Eu tinha notado o tal garoto da faculdade no primeiro período, mas nunca tinha conversado. Ele era muito bonito, se encaixava no meu conceito de homem. Moreno, um pouco mais alto e com barba.

Da primeira vez que eu o notei, em abril de 2018 até a primeira vez que conversamos, em novembro, levou um tempinho. Ele me chamou no Instagram e conversamos muito. De lá, fomos para o WhatsApp.

No dia 9 de novembro ficamos pela primeira vez. Ele me levou para lanchar. Estava chovendo no dia. Depois disso, passamos a ficar várias e várias vezes.

Eu esperava que ele me pedisse em namoro. Ao meu ver, tudo se encaminhava pra isso. Estávamos saindo todas as semanas. Chegou dezembro, o final do ano… Chegou janeiro, chegou fevereiro e nada. Ele não me pediu em namoro. E eu desabei pela primeira vez. Eu não sabia o que fazer. Termino tudo ou continuo? Resolvi continuar. Eu gostava demais dele e quis acreditar que uma hora o pedido ia chegar.

Eu tinha decidido, por conta própria, não ficar com ninguém. A última pessoa que eu tinha ficado, além dele, foi em janeiro.

Nessa espera interminável, pela mudança de ideia que eu não sabia se viria, chegamos em abril. Eu o pedi em namoro, então. Ele me disse que não queria namorar no momento. Estava bom do jeito que tava. Mesmo assim, eu continuei. Eu me permitia acreditar no que eu sentia. E eu sentia muito. Meu sentimento era de sobra, então eu podia suprir o que ele não sentia ainda, né?

Chegou o dia dos namorados e minha faculdade fez um evento. A pessoa que quisesse mandar uma frase romântica para o seu amor ou paixão platônica procurava a organização e sua mensagem era entregue de forma anônima. Quando eu recebi o coraçãozinho com uma frase que eu gostava escrita, eu soube que era ele. Isso me deixou muito feliz. É incrível como a gente pega migalhas e vê como se fosse muita coisa.

Conversei com uma amiga minha sobre meu “relacionamento”, nesse dia. Ela disse que ele não me merecia. Que ele não gostava de verdade de mim. Eu queria algo sério, ele não. Pensei nisso por um mês, mais ou menos e decidi tocar no assunto do namoro mais uma vez.

Não, Luísa. Não é isso que eu quero no momento. Eu gosto de ser livre. No relacionamento, tudo muda. Não estou disposto a abrir mão da minha liberdade por nada, nem ninguém.

E pra mim, não dava mais. Terminei tudo e já estávamos em agosto. Eu não queria mais sentir demais e receber de menos. Setembro chegou, seu aniversário. Pelejei para não mandar mensagem pra ele. Passamos separados.

No final de outubro, a gente voltou. Eu estava morrendo de saudade. Não aguentava mais ficar longe. Passamos a agir mais como namorados. Ele ia na minha casa. Saíamos juntos para comer ou fazíamos o jantar em casa. Isso sem falar das nossas noites de amor. Eu confiava tanto nele. Tanto. 

Agíamos como namorados, mas não éramos. O garoto da faculdade não queria se envolver comigo.

Em dezembro teve uma confraternização na sala dele e ele podia levar pessoas de fora. Eu jurava que ele ia me levar, mas não. Não vou levar ninguém, Luísa. Melhor assim. Ele levou dois amigos.

Eu ia me formar em fevereiro e precisava decidir sobre meu baile de formatura. Era meu plano leva-lo, então, o convidei. Não sei. Posso pensar e te respondo depois, Lu?

Passamos o ano novo em cidades diferentes e eu queria estar com ele. Mas tive me contentar com uma mensagem fria na tela do celular. Feliz ano novo.

No dia 8 de janeiro, minha amiga me contou que soube que ele tinha ficado com uma colega minha de sala. E conversou com outra amiga sobre mim. Eu estou com a Luísa só porque ela não quer terminar, sabe? Eu nunca namoraria, ainda mais com ela. Parecia que ele estava comigo por pena.

Fiquei revoltada e mandei mensagem para ele. Ele confessou e desde então, nunca mais vi o garoto da faculdade. Me formei e ficou tudo por isso mesmo. Nunca demos um ponto final, de fato, mas eu não quis mais.

Eu vivia triste, chorando pelos cantos, principalmente nos meses finais do nosso “relacionamento”. Ele estava tão frio, distante… Como se estivesse ali fazendo um favor. Ele ainda teve a coragem de jogar na minha cara que não éramos namorados e que todas as vezes que disse que gostava de mim, ele tinha mentido.

Eu sabia que ele ficava com outras. Ele nunca foi só meu como eu fui só dele. Mas saber é diferente de ter certeza. Na última vez que ficamos, eu descobri uma marca no pescoço dele, mas não quis acreditar.

Eu continuei o amando.

De lá pra cá, conversei poucas vezes com o garoto da faculdade. Numa dessas, ele me disse que talvez o nosso futuro seja passar um ao lado do outro.

Mas eu não quero mais. Apaguei nossas fotos e tudo que me deu da minha vida. Joguei as migalhas aos pássaros e os ouvi cantar na minha janela.

Hoje, eu sei quanto isso só me fez bem.

Tem uma história como “Eu queria ele morto” e quer contar aqui na “Anti-heróis”? Envie para [email protected]. *Os nomes foram e serão trocados para manter as identidades devidamente preservadas.