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Coisas pequenas (e ir na balada) ferem mais
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Coisas pequenas (e ir na balada) ferem mais

O meu despertador é escandaloso. Bosta, eu esqueci de tomar água entre as latinhas de Skol Beats na balada ontem e a minha cabeça está explodindo. Me vesti, e peguei o celular só depois de estar pronto para sair de casa. Nenhuma mensagem de Lucca. É Pietro, é você e você e as coisas pequenas que só você se importa.

+ Sou apaixonado pelo final

“Bom dia, miga! Vamos na Clock Out, hoje?” Mandei no Whatsapp para a Anna e segui para a minha jornada de 40 minutos até o trabalho. Era longe, e eu sempre levava o Kindle na bolsa, apesar de nunca lembrar de ler. Mas hoje, eu estava sem sono e de ressaca, precisava de uma distração. Não se apega, não, da Isabela Freitas parece perfeito. Já li três vezes, e nunca é tarde para o início da quarta.


Leia ouvindo: Kissing Strangers, DNCE & Nicki Minaj

Eu sei que ela terminou com o namoro de dois anos e todo mundo ficou espantado. Qual é, eu também terminei. Algumas pessoas se espantaram, mas a maioria falou que eu tinha me livrado de um super embuste. Será? A verdade é que ninguém nunca sabe o que se passa dentro do nosso relacionamento, só nós mesmos. Eu já ouvi de tudo:

“Nossa, ele parecia ser super amoroso com você, e você sempre parece tratá-lo mal.”

É, ele era amoroso comigo. Depois de cortar minha vibe e me deixar puto por me magoar de alguma forma. Sou fã das coisas pequenas, e são elas que também me deixam mais triste. Então sim, ele era um amor. Só que tínhamos acabado de brigar, e na sua frente, ele estava sendo cínico. Sim. Ele estava ignorando tudo o que tinha acontecido, quando eu queria conversar ou discutir até resolver nosso desentendimento. Se você namora, saiba disso. Nunca ignore ou negligencie nada que a outra pessoa sente. Sério. Coisas pequenas machucam mais que uma traição. A gente passa a vida toda sabendo que se um dia a gente for traído, vamos bloquear nas redes sociais e encontrar alguém que nos valorize. Mas o que a gente faz quando a pessoa diz que sua ideia de trabalho de graduação é uma bosta e nunca vai ter capacidade de tirar um 10? Porque a dele é muito melhor, ele é mais velho e tem muita experiência. Você contém as lágrimas e quer ficar no seu canto, certo? Aí a pessoa, volta como se nada tivesse acontecido. Ah, oi né? Prazer. Dois anos comigo e você ainda não sabe que odeio chiclete e não posso sentir o cheiro de feijoada que me dá enjoo.

“Você precisa dar mais uma chance. Só mais uma.”

Meu amor, quem quer faz perfeito em uma chance. Ok, somos humanos e sempre merecemos uma segunda chance, talvez uma terceira. Minha mãe sempre dizia que errar uma vez é tudo bem, mas persistir no erro é burrice. Então reprovei uma vez na autoescola. Ela ficou triste, mas disse que na segunda vez eu passaria. Só burros não passavam. Reprovei de novo. E ela disse que também estava tudo bem. Passei na terceira. O problema aqui é que eu já dei 600 chances. Foram dois anos comigo, uma chance por dia. No começo, não íamos dormir brigados em hipótese alguma. Ou sem dar boa noite. Depois, as brigas ficaram mais sérias e dormimos brigados. A coisa começou a definhar, eu temia o fim, então me agarrava aos bons momentos e ia até onde dava. Uma hora não deu mais. E “não deu mais” bem tarde. Eu tinha medo de me sentir só. Mas aos poucos eu sinto um comichão da liberdade dentro de mim. Eu não precisava ter dado mais que três chances. Não dê ao outro aquilo que você não dá nem para si mesmo.

“Vocês eram um casal perfeito. Achei que fossem casar.”

O que é um casal perfeito? Aquele que é lindo na frente das pessoas e entre quatro paredes, há só xingamentos e julgamentos? Porque se for assim, éramos. Lucca não tinha uma religião muito conhecida e eu sempre respeitei. Até o dia em que resolvi aprender a jogar tarô e ele me zoou. Porra, eu respeito sua crença e você não respeita a minha? Pera lá. Não, Lucca, não era só uma brincadeira. Toda brincadeira tem um fundo de verdade e eu sei que você zoa as pessoas para se sentir melhor. Mas não sou seu amiguinho hétero. Eu sou… Eu era o seu namorado. Aquele que você cozinhou por três meses no banho e maria antes de assumir, deu um fora no meio da balada, disse que nós nunca poderiamos ficar juntos, logo antes de virar as costas e o deixar chorando na sarjeta sem nem um táxi próximo. Não é rancor. Certas cicatrizes penetram fundo demais para sumirem. E agora, parece que o jogo virou. Ou não. Você nem sequer falou comigo ainda. Talvez queira terminar e nunca teve coragem de dizer, preferiu sumir como um covarde faria.

Piiiiiii.

Era o meu ponto. Quase perdi em meio aos devaneios, sorte que o cobrador me conhece e deu o sinal para descer, bem ali, próximo do quartel onde meninos de 18 anos estão saindo do alistamento militar obrigatório. Que medo. Isso me lembrava o Hugo, um menino que dei match no Tinder antes de namorar com o Lucca. Conversamos algumas vezes, saímos duas, nos beijamos e depois, sumimos da vida um do outro. Eu havia seguido ele no Instagram de novo, há alguns dias, e ele me seguiu de volta. Será que eu devia chamar? Não. Ele deve ter ranço de mim.

“Vamos. Quero ver você cheio dos novos contatinhos, hein.” Anna me respondeu, e vi assim que entrei no prédio em que eu trabalho.

“Estava pensando em um menino que fiquei anos atrás. Acho que destruí ele, queria tanto resolver essa pendência.” Comentei.

“Como assim destruiu? Me explica!” Ann respondia rápido.

“Vou te mandar um áudio…”

“Minha história com o Hugo foi rápida mas intensa. Um dia, demos match no Tinder e combinamos de nos encontrar no parque próximo ao meu trabalho na hora do almoço. Ele era do signo de libra também, tímido e parecia um pouco comigo. Nos encontramos antes disso. Ele estudava na escola que fiz o ensino médio, no período da manhã. Nesse dia, eu já tinha tirado meu horário de almoço, mas meu chefe saiu e eu saí para encontrar ele em uma praça, que era bem longe. Sentamos e conversamos por horas sobre a vida, não nos beijamos nesse dia. Nenhum de nós tomou a iniciativa. Ele também falou que não beijava em primeiros encontros. Continuamos conversando depois desse dia, ele era legal e me mandava bom dia todos os dias. Nesse meio tempo, eu já conhecia o Lucca, mas ele estava me dando vários foras. Eu gostava dele, mas não podia abrir mão dos meus contatos. Então beijei o Hugo no segundo encontro, e ele ficou apaixonado por mim. O melhor amigo dele shippava a gente…”

Enviei.

“Hugo não ia muito em baladas, mas um dia, o melhor amigo dele descobriu que eu ia, e levou o Hugo com ele. A ideia era que ele me encontrasse e ficássemos de novo. Mas nesse dia, fui na balada com o Lucca e o Hugo veio me cumprimentar. Eu o tratei como um qualquer, fui bem embuste. Não o vi o resto da noite, fiquei com o Lucca e depois descobri que o Hugo deu um PT enorme. No dia seguinte eu estava bloqueado em tudo.”

“Estou ouvindo, comovida.”

Alguns minutos se passaram até que Anna ouvisse meu áudio interminável.

“Olha amigo, eu acho que você devia chamar ele. Vocês já se seguiram no Instagram e agora estão trocando likes. Explica que tinha 18 anos. Vocês dois eram crianças, sabe? Tudo tem um jeito.” Ann ponderava bem as situações e eu gostava disso nela.

“É, talvez. Mas preciso de um sopro de coragem ainda.”

“Hoje a noite você vai ter! Quero rebolar até o chão ouvindo Vai Malandra”

Comecei a gostar de funk depois que saí a primeira vez com Anna. Antes eu abominava, agora, não posso ver que minha bunda mexe sozinha. Meu dia de trabalho passou vazio, então fui embora mais cedo. Chegando em casa, resolvi baixar o Tinder e dar alguns likes para ver se as pessoas ainda se interessavam por mim.

Nada.

Comecei a me arrumar para sair com a Anna. Coloquei minha roupa de balada, meu coturno e ela chegou pontualmente com o carro tocando Vai Malandra no som máximo. Me tornei aquela pessoa que abominava: o ser que anda ouvindo a música de vidros abertos e berrando cada letra. Êta loca, tu mexendo com o bumbum. An an. Fomos comer uma pizza antes, vegetariana.

– Ann, baixei o Tinder.

– Você tá me zoando? E aí? – Ela parecia mais animada que eu.

– Estou dando uns likes, mas nada de matches ainda.

– Quero só ver. E quero ver você voltando da balada hoje com a boca inchada de tanto beijar. Igual eu, quando voltei da micareta de carnaval, lembra? – Ô se eu lembrava.

– Ah, não sei. – Ri de nervoso. – Talvez. Vamos indo para a fila da Clock Out? Os 200 primeiros entram de graça, quem sabe a gente consegue.

– Vamos. Não está muito cedo?

– Só vamos.

Chegamos ao som da música da Anitta de novo, e logo na entrada encontrei Gabriel, um amigo de longa data que já estava mais pra lá que pra cá. Força, migo. Você sobrevive a essa noite. Claro que a fila já estava imensa e não conseguimos entrar de graça, mas Ann fez várias amizades. Enquanto isso eu estava só passando umas fotos no Tinder. Sem paciência para socializar.

– CARALHO, ANNA, OLHA ISSO. – Puxei ela da sua rodinha nova de amigos para que olhasse a tela do meu celular, que mostrava “Hugo, 21”. – Será que dou like? Eu fiz um jogo de tarô perguntando se deveria chamar ele e deu que sim… Mas também pedi um sinal, será que é esse?

– VOCÊ AINDA DUVIDA? APERTA ESSE CORAÇÃO AÍ.

Apertei, mas não deu match. Tudo bem, talvez ele ainda não tenha visto.

A fila começou a andar e entramos na Clock Out às 23h30. Já chegamos bebendo e indo até o chão no cantinho do palco, onde a gente mais gostava de ir.

– Oi, você é o Pietro Corrêa? – Um menino chegou falando comigo do nada.

– Sou. – Estava surpreso, e assustado.

– E essa aqui é a Anna Pereira? – Ele aponta para Ann do meu lado.

– É, por quê? – Rindo.

– Caralho, eu amo vocês! – E ele abraçou Anna como se conhecessem há muitos anos. De longe, vi meu amigo Augusto e dei um tchauzinho. Ele veio na minha direção.

– Oi, migo, como você está? – Augusto era bem fofo, e uma pessoa com coração enorme.

– Estou bem, e você? – Gritei, enquanto Ann ainda conversava com o desconhecido.

– Também. Não vi o Lucca….

– Ah, acho que terminamos. – Cortei antes que ele falasse mais alguma coisa. Augusto acompanhou meu relacionamento desde o início, todos os sofrimentos por conta do Lucca. Sua cara foi de espanto.

– Poxa… Mas vamos dançar!

– Vamos! – Continuei dançando, e ele foi para o cantinho dançar com o desconhecido. Ann voltou para o meu lado.

– Que porra foi essa? – Perguntei.

– Lembra daquela tour polêmica do LDRV que conversamos com um desconhecido?

– Lembro.

– Era ele. Você podia dar um beijinho nele.

– Ah, melhor não. Vamos dançar.

Dançamos mais algumas músicas, até que o funk acabou e começaram a tocar pop. Típico da Clock Out.

– Amigo, vamos lá fora? Minha pressão baixou. – Ann me puxou.

Ficamos um tempinho na área externa da balada e não demorou para eu me sentir tonto também. Tinha alguma coisa estranha ali. Só sei que entramos, e passamos o resto da noite sentados, de novo. Levantávamos em algumas músicas, mas não conseguíamos ficar em pé. Já era uma da manhã.

– Ann, vamos embora?

– Amém, vamos. Não sirvo mais para vir em balada não.

– Nem eu. – Respondi, rindo mais uma vez. Nós nunca aguentávamos nada.

Cheguei em casa da mesma forma que a noite anterior, e só me deitei na cama, dando mais alguns likes no Tinder.

“Ei, vamos no centro da cidade amanhã cedo?” Era a mensagem no grupo Galera de Caubói, com minhas duas melhores amigas do ensino médio.

“Vamos. 11h todos nos encontramos na praça?” Respondi.

“Fechado. Pi, te pego aí se quiser. Estarei por aí nese horário.” Mary respondeu.

“Beleza! Quero, Mary. Vou dormir agora porque tô beudo. Não sou mais jovem pra ficar indo em balada.”

A próxima coisa que me lembro é do meu despertador tocando. Caraca, vou atrasar a Mary. Corri para o banho, sem nem olhar para o celular pensando em uma mensagem de Lucca. Elas não sabiam que eu estava mais pra lá que pra cá no meu relacionamento. Na verdade, Rose sabia, e ela havia dito para eu terminar várias vezes.

Saí do banho e Mary estava me esperando na portaria com sua mãe e avô no carro. Sentei atrás.

– Migo, minha mãe quer passar no mercado, tudo bem para você?

– Claro, Mary. Sem pressa. – E peguei meu celular para ver as notificações do dia.

Nada do Lucca.

“Parabéns, você tem um novo match no Tinder. Mande um olá para Hugo.”

Tremi.

Autobiografia do abandono
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Autobiografia do abandono

Bem-vindo a autobiografia do abandono. Aqui, você vai conhecer o meu lado da história. O lado da história de alguém que foi abandonado, largado. Jogado, deixado de escanteio, invisibilizado. Sim, eu. Mas, não vou falar da minha vida, vou falar da minha vida com ele. De nós. Do momento em que nos conhecemos até o momento em que ele me abandonou.

Nos conhecemos no final do ensino médio, com amigos em comum, em uma Starbucks recém-aberta na cidade. Nós nos beijamos loucamente em cada canto do shopping, dentro das cabines do banheiro, no estacionamento, no carro e até mesmo na rua. Depois daquele dia, nós nos tornamos inseparáveis.

+ Especial de férias: Dicas de lazer para curtir o descanso

Nós passamos a nos ver todos os dias da semana e dos fins de semana. Eu ansiava pela sua mensagem enquanto estava no meu estágio para saber qual seria o plano para o fim da noite. Se iríamos no cinema, no shopping ou apenas transaríamos no carro no estacionamento daquele parque escuro. Eu tinha expectativas, mas ninguém nunca disse que elas eram só minhas e que ele tinha nada a ver com elas.

Ele me pediu em namoro em um abandono iminente. Ele iria embora da cidade para cursar faculdade em outro estado. Naquele estado de ensaio, eu não queria estar com ele. Mas ele sim, queria estar comigo e eu me senti especial por conta disso. Aceitei o namoro como quem é capaz de respirar bem fundo e ir até o fim do mundo. Ele não foi embora. Ele nunca ia me deixar.

A gente se encaixava de todas as formas possíveis. Tínhamos gostos parecidos e gostávamos de afastar a mobília para tomar champanhe enquanto jogávamos buraco e dançávamos ao som da trilha sonora de Crepúsculo. É engraçado porque, pensando agora, consigo enxergar claramente todos os sinais do abandono que eu gostava de ignorar. Eu achava, de verdade, que ia ser aquele que ficaria.

Ele tinha um alarme no celular para tirar a aliança quando chegava em casa. Nunca conheci seus familiares. Não pertencia ao seu mundo e ele não fazia questão que eu pertencesse. Não podíamos ser vistos juntos em público. Não podia me levar pra casa de carro, eu precisava pegar um ônibus. Nos finais de semana, ele começava a parar de me mandar mensagem, assim como nos fins de noite.

Todos os nossos encontros eram carnais e só. Sem afeto, sem alma, sem brilho. O abandono estava ali, na minha cara e eu fazia de tudo para ignorar. Lidar com a fuga também é uma forma de lidar, certo? Certo? Por que ele nunca chegou e falou? Por que ele simplesmente não disse que não conseguia mais do jeito que estava?

Porque o abandono foi seu jeito de falar chega, já deu. Eu não aguento mais você, eu não aguento mais me esconder, mas você não vale a pena o bastante para eu parar de me esconder. Você vale a pena para uma fodinha no banco de trás do meu carro em que vou reclamar do seu corpo, você vale a pena para o meu fim de noite, para o meu fim de festa, para o meu fim de dignidade… Você vale a pena para os meus fins, mas não para os meus inícios. Você é o amor do fim de mundo, não o amor do começo dele.

Você é o meu amor de abandono, meu amor de muleta. Aquele em que vou usar nos momentos mais difíceis, aquele que vou dar todas as esperanças, mas nunca aquele que vou levar para frente. Depois do impacto inicial, eu vou além e você fica. Você não é suficiente para os meus inícios.

E por isso, eu fiquei um caco. Claro que nada disso ele me falou de verdade, mas na minha cabeça é tão verbal quanto uma voz sonora do meu presente. Eu não sei em qual momento demos errado, mas sei que você simplesmente usou do abandono como sua forma de comunicação e eu fiquei aqui, com todos os meus receios tentando tecer uma linha de interpretação que fizesse sentido para toda a história que tivemos. Sou o amor do fim, da escuridão, do não, do impasse, do erro, da obrigação…

O Pequeno Príncipe: Eternamente responsável por aquilo que cativo?
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Eternamente responsável por aquilo que cativo?

“Vamos ver ‘O pequeno príncipe’ hoje de noite?”, propus a ele. Eu estava responsável por alguns convites por conta do meu blog. Fomos. Pegamos as habituais poltronas no fundo da sala. Sempre que íamos ao cinema, não víamos o filme por conta dos beijos que não se acabavam – não reclamando, óbvio. É maravilhoso. Sempre é com ele. Incrível se torna pouco para descrever tanto.

Nós sentamos e o filme começou. Eu sempre amei o pequeno príncipe. Foi um livro que meu avô comprou, deu ao meu pai e ele me deu. Na sexta série, escrevi uma resenha sobre ele com uma reflexão que emocionou a professora. Mas isso era coisa de conexão. Nós nos conectamos com certas palavras. E eu me conectava com esse livro, então, fiquei bem animado para o filme, apesar de ser uma espécie de releitura.

+ Resenha: O Pequeno Príncipe
+ Vlog: O Pequeno Príncipe

Sentei-me abraçado a ele. Seu colo era tão confortável, seu abraço era capaz de me fazer esquecer qualquer outra coisa. Seu cheiro era único, do tipo que te deixa alerta. Eu estava calmo, mas meu coração dava cambalhotas e era o grande responsável pelas borboletas no meu estômago. Ele era analgésico. Diziam que nossos signos jamais combinariam, mas quando queremos, fazemos. Quando queremos, noite vira dia, vazio vira cheio e o quebra-cabeças se encaixa.

“Eu gosto muito de você, sabe?”, ele disse e meu coração tremeu em felicidade crescente. “Muito.”

“Eu também”, respondi, tímido. As palavras travavam um pouco ao saírem assim, em voz alta. Era medo da decepção.

“Queria te dizer uma coisa…”, ele começou e eu só assenti. Porra, eu também quero te dizer uma coisa. Eu quero. Eu sabia o que ele ia dizer a seguir. Tinham algumas lágrimas no seu olho e essa era a cena mais linda que tinha a honra de estar acontecendo comigo. Nunca nada tinha passado perto do que eu estava sentindo ali, naquela sala escura que parecia iluminada pelos seus olhos. Cada centímetro meu sorria, cada célula do meu corpo dançava Macarena em velocidade máxima. Na tela grande, a raposa dizia Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas… Se me cativas, teremos necessidade um do outro. Serás para mim, único no mundo. E eu serei para ti, única no mundo…”

Tudo sorria em mim, tudo explodia como jamais antes. Minha mão estava em seu rosto e meus olhos estavam nos seus quando finalmente ouvi. “Eu te amo.”

E eu não soube explicar como milagrosamente sorri mais. Como minha felicidade transbordou e me paralisou, tirando minha voz e minha capacidade de pensamento. Eu só conseguia olhar para ele, me perder em suas entrelinhas. “Eu também te amo… Muito”, falei por fim, um pouco paralisado por ser a primeira vez responsável em voz alta com alguém ouvindo.

Era tão sincero que eu sentia meu coração bater em cada centímetro da minha pele. Mas era como deveria ser. Eu o amava, estava convicto de tudo. Convicto de que estava perdida e irremediavelmente apaixonado. E sabe, além de tudo. Contra a razão. Contra a promessa de jamais permitir. Contra a paz. Contra a esperança. Contra a tristeza. Mas, acima de tudo, eu o amava contra todo o desencorajamento que poderia existir. E foi ali, com meu filme preferido de plano de fundo numa quarta-feira fria de agosto, quase dez da noite que eu ouvi e admiti uma das melhores coisas da minha vida.

Sempre escrevi romances sem jamais ter chegado perto de viver um. Sem jamais ter entendido o infinito dentro de mim. Porque sim, posso dizer com propriedade agora: amor não machuca, conserta a alma. Não tira os pés, dá pezinho. Te eleva nas nuvens, como uma âncora de garantia. Não dói, sorri, dança…

Dizem que cicatrizes vem de machucados e naquela noite fui marcado de um jeito eterno e inexplicável em palavras. Só feche os olhos e imagine a sensação de se explodir em um infinito de galáxias brilhantes… Talvez chegue perto. Pouco, mas chega.

Isso te faz sorrir todos os dias e te dá novos motivos para acordar todos os dias. Te deixa mais que completo e, ao chegar em casa com o cheiro dele cravado em mim, sinto o melhor tipo de saudade. Aquela que só passa quando engulo a sua presença. E eu, fico sem palavras.

É algo novo pra mim que sou exagerado e vivo falando bosta por aí. Aconteceu sem enredo, sem ensaio ou histórias pré-escritas por romancistas fãs de finais felizes. E sabe, talvez isso já estivesse destinado a acontecer, porque voltando, vejo que O Pequeno Príncipe me define no momento mais que qualquer outra coisa.

“Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.” Impossível me definir mais. Ou “Se tu vais, por exemplo, às onze da noite, desde as nove eu começarei a sentir a sua falta e te querer ver de novo.”

Lembra quando eu disse que existia alguém responsável por te abraçar tão forte que juntaria todas as suas partes?

Então, meu dia finalmente chegou.

Em que mundo o mundo é mais lindo sem te ver?
Autorais, Livros

Em que mundo o mundo é mais lindo sem te ver?

Ilustração acima que me inspirou a escrever o texto é da Grazi França

Minha mãe certa vez me disse que eu não sabia fazer nada sozinho. Fiz anos de terapia por isso. Eu realmente não gostava de fazer nada sozinho e por isso, fui presa fácil pra você. Eu estava solitário quando você veio e, aos poucos, cerceou meus pensamentos, reprimiu minhas ideias e dilacerou minha cognição. Esse é o preço que pago por não ter aprendido a fazer nada em vão.

Você veio como tempestade. Mas, na época, parecia um tranquilo por do sol laranja no parque. Andar de mãos dadas com você na trilha lotada era lindo. Mas andar sozinho na trilha vazia é bom também. Pelo menos eu sei que não vai ter nenhum ataque sorrindo.

+ Aquilo (não) foi real

Agora, vivo o nascer do sol na minha cabeça porque percebo que com você, vieram as nuvens pesadas que nublaram cada uma das imagens do meu coração. E quando eu nublei, você puxou ainda mais as rédeas do seu poder de adoração.

Você calculou milimetricamente cada atitude sua para ser penhasco quando eu era ponte. E você me fazia pensar que essas nuvens e trovões eram parte da mudança. Afinal, o que muda sem temer? Qual amor se ama sem doer? Em que mundo o mundo é mais lindo sem te ver?

Você me fazia pensar que você era o sol e eu precisava orbitar ao seu redor como um corpo celeste qualquer que pode entrar em combustão se sair da linha do seu jogo. E eu saí. E eu entrei. Você queimou cada célula minha e fez acreditarem que eu era um monstro cuspidor de fogo.

Eu estava tomando chuva. Levando descargas elétricas de sentimentos difusos. Mas, você dizia que eu era o próprio coração confuso.

Meu bem, eu sei que santo eu não sou, mas também sei que paguei por você muito mais do que você valia, porque o paguei com uma moeda de troca cara demais: eu, à revelia. Eu fui sua moeda na boca, seu troféu, seu réu… Seu álibi e seu baú de insegurança. Uma criatura oca.

Por muito tempo continuei não indo sozinho ao parque vazio. Porque quando te encontrei, flores cresceram nas partes mais obscuras da minha mente, quando te conheci, a tortuosa tempestade começou a cobrir a gente, mas…

Foi quando te deixei, que o sol voltou a raiar novamente.

Autorais

Autoria: Conexões

O amor é mesmo um negócio complicado. Digo isso porque todas as vezes que achei que agora vai, nunca foi e para ser bem sincera meus romances dão marcha ré e caem direto no precipício. Se alguém sobrevive, esse alguém não sou eu. Pelo menos não imediatamente, leva um tempo para a cicatrização completa do coração.

Até aqui você deve me achar uma exagerada (e talvez seja), mas tudo começou quando Ele, vou chamá-lo por uma forma mais impessoal, me mandou direct. Conversamos durante um mês. A conversa fluía muito bem, tem pessoas que você mal conhece e já tem conexão rápida como se conhecesse há anos.

Depois desse mês apenas no virtual marcamos um encontro. Era a hora de tirar a prova dos nove, saber a realidade nua e crua, tal qual como ela é. Engraçado pois a conexão continuou e durou pelos meses seguintes. Quase um ano.

Vou pular os detalhes da parte que deu certo e focar na obscura. Lembra que esse texto é sobre o que deu errado, né?! Iremos logo aos episódios em que a Bela adormecida acorda e descobre que o príncipe encantado nunca existiu.

Marcamos de sair em um domingo a tarde, iríamos ao cinema e posteriormente, lancharíamos na praça de alimentação do shopping. Esse foi o nosso ritual de praticamente todos os domingos desde que nos conhecemos. Quando a ida ao cinema não acontecia, ficávamos em casa para fazermos nosso programinha de casal. Mesmo sem a relação oficializada, eu nos considerava um casal. Além de exagerada, vejo coisas onde não tem.

Porém naquele domingo senti um clima estranho, Ele estava distante. Pressentia que algo estava por vir. Depois do filme, sentamos para lanchar e foi aí que descobri toda a verdade. Ele estava apaixonado por outra garota, difícil ouvir que já saíam há meses também, ou seja, ao mesmo tempo que comigo. Se você não entendeu o porquê dessa conversa ainda, te digo, Ele me dispensou naquela tarde. Sem demonstrações afetuosas, vi um completo estranho sentado a minha frente.

Trágico? Muito, porém aguentei e só desabei quando estava em casa. Apesar disso, ainda me resta um pouco de orgulho para evitar vê-lo me olhar com piedade. Dói saber que foi uma despedida fria que romperam as conexões que quiçá existiram. Um dia essa dor cessará e ficará somente as lembranças. Ainda bem.

Resenhas

Resenha: O vermelho mais vibrante, Mithiele Rodrigues

Sinopse: Red não é uma garota normal, já passou por muita coisa nessa vida e simplesmente não lhe restou ninguém. Hian é um irlandês que conseguiu ganhar status e fama, mas tudo lhe parece falso, até encontrar Red, mas a mulher não quer toda atenção do mundo para si. Será que o amor é capaz de vencer todas as barreiras ou seria isso apenas uma fantasia da ficção?

A temporada de romances clichês está aberta e o romance da vez é O vermelho mais vibrante da escritora Mithiele Rodrigues.

O vermelho mais vibrante começa com uma reflexão a respeito dos amores dos contos de fadas, será se eles realmente podem se encaixar na vida real? É tão fácil assim encontrar uma pessoa na sua vida que te faça crer que aquela é a pessoa certa? Como saber pelo simples encontro que são perfeitos um para o outro?

“Na vida real há os empecilhos, e as pessoas que são muito ruins. Não do tipo de bruxas das histórias, mas algo pior. Pessoas que fazem de tudo para acabar com o romance dos protagonistas. Mas será que na vida real eles ficam juntos?”

E é justamente isso que acontece na história de Redherine Backer e Hian Foley, um encontro por acaso foi o bastante para o romance deles começar e ainda a certeza de que não importa os acontecimentos, o destino sempre os uniria novamente.

“Se eu já acreditava em destino, agora passo a amá-lo.”

Redherine divide seu tempo numa rotina cansativa como médica em um hospital que seus pais trabalhavam antes de falecerem ainda quando Red era criança, sempre foi muito próxima da avó e carrega as marcas de um abuso cometido pelo tio. Inclusive esse fantasma do passado volta para assombrar a vida de Red e quase que tudo acaba em tragédia.

“Certos hábitos nunca mudam, certas vontades nunca passam.”

Já Hian estrela as telas da TV como ator, convivendo com muitas pessoas que agem por interesse e benefício próprio, como se não existisse de fato um mundo real, fosse somente encenação.

Paralelas a história principal de Red e Hian, a narrativa realça as relações humanas como um todo, amorosas e também de amizade, a falta de empatia diante das diferenças, o preconceito que os casais homossexuais passam, o abuso infantil, as questões de confiança.

“Cada pessoa tem o direito da escolha. Em vez de criticar essas pessoas, as conheça. Seja amigo de uma pessoa homo, são apenas pessoas, uma escolha não muda a essência de ninguém.”

Fiquei com medo de terminar o livro e não ser o final que eu imaginei para os dois, porque um casal que enfrenta meses separados e voltam com o mesmo amor do passado merece o melhor.

Livros, Resenhas

Resenha: Heart Bones, Colleen Hoover

Sinopse: Vida e um sobrenome sombrio são as únicas duas coisas que os pais de Beyah Grim já lhe deram. Depois de traçar seu caminho sozinha, Beyah está no caminho certo para coisas maiores e melhores, graças a ninguém além de si mesma. Com apenas dois curtos meses separando-a do futuro que ela construiu e do passado que ela deseja desesperadamente deixar para trás, uma morte inesperada deixa Beyah sem nenhum lugar para ir durante esse período. Forçada a chegar até seu último recurso, Beyah tem que passar o resto de seu verão em uma península no Texas com um pai que ela mal conhece. O plano de Beyah é manter a cabeça baixa e deixar o verão passar sem problemas, mas seu novo vizinho Samson joga uma chave nesse plano.
Samson e Beyah não têm nada em comum na superfície.
Ela vem de uma vida de pobreza e abandono; ele vem de uma família rica e privilegiada. Mas uma coisa que eles têm em comum é que ambos são atraídos por coisas tristes. O que significa que eles são atraídos um pelo outro. Com uma conexão quase imediata muito intensa para eles continuarem negando, Beyah e Samson concordam em ficar numa rasa aventura de verão. O que Beyah não percebe é que uma correnteza está chegando e está prestes a arrastar seu coração para o mar.

Heart Bones foi lançado dia 19 de agosto de 2020 sua edição original em inglês pela Amazon.

Nessa nova obra da Colleen Hoover temos Beyah Grimm, uma menina que desde muito jovem teve que virar adulta. Ela tem 19 anos e já passou por tudo na vida, desde fome a abuso de vários tipos.

Filha de uma ficada de uma noite, com uma mãe viciada em metanfetamina e um pai que mora em outro estado e só a vê uma vez ao ano.

Sua infância não foi fácil. Com uma māe ausente ela teve que aprender a se virar sozinha desde muito nova. Vive uma vida infeliz, mas mesmo assim é tão forte que conseguiu conquistar várias coisas por si mesma, como uma bolsa integral para a faculdade Penn State na Pensilvânia por jogar vôlei muito bem.

Só que nesse verão antes de ir para a faculdade acontece uma tragédia (?). Na verdade foi sua porta de saída para uma vida melhor.

“A coisa mais legal que minha mãe já fez por mim foi morrer.”

Quando sua mãe morre de uma overdose e ela a encontra no sofá do trailer que vivem e na mesma noite o dono do trailer comunicar que o aluguel está atrasado e ela tem que se mudar, Beyah se vê obrigada a ligar para seu pai que mora em Washington.

“Eu me pergunto que tipo de educação é pior para um humano. Do tipo que você é protegido e amado a ponto de não saber como o mundo pode ser cruel até que seja tarde demais para adquirir as habilidades de enfrentamento necessárias ou o tipo de casa em que cresci. A versão mais feia de uma família onde enfrentar é a única coisa que você aprende.”

Imediatamente o pai compra sua passagem de avião para perto dele. Mas ele não mora mais em Washington e sim no Texas. Ele também está casado e tem uma enteada, Sara.

Porém ela não contou para ele que sua mãe faleceu. Também não contou que passou na faculdade… Vários segredos são mantidos porque acredita ser questão de sobrevivência.

Bom, seu pai mora em Huston no Texas e tem uma casa de praia numa cidade próxima, e é aí que sua vida começa a mudar.
Quando Beyah conhece o amigo de sua irmã postiça e também seu vizinho, Samson.

“O lar ainda parece um lugar mítico que estive procurando por toda a minha vida.”

Samson é um garoto misterioso, rico, e eles tem um começo complicado, quando ela o pega tirando fotos sua na balsa indo para a casa de praia, até então ela não o conhece.

“Às vezes eu acredito que as personalidades são moldadas mais pelo dano do que pela bondade. A bondade não penetra tão profundamente em sua pele quanto o dano. O dano mancha tanto sua alma que você não pode limpá-lo. Ele fica lá para sempre, e eu sinto que as pessoas podem ver todos os meus danos apenas olhando para mim.”

Samson e Beyah são duas pessoas danificadas, por assim dizer, e lidam com seus próprios demônios.

Juntos, vão aprender a se abrir para outra pessoa e a lidar juntos com coisas que não se podem mudar, mas um pode estar lá para o outro para segurá-lo se precisar.

“Não se preocupe. Corações não têm ossos. Eles não podem realmente quebrar.”
“Se não há nada dentro de um coração que possa se quebrar, por que parece que o meu vai se partir ao meio quando chegar a hora de me mudar no próximo mês? Seu coração não se sente assim?’
Os olhos de Samson percorrem meu rosto por um momento. “Sim”, ele sussurra. ‘Sim. Talvez nós dois tenhamos crescido ossos no coração.”

O livro é maravilhoso. Tanto Beyah quanto Samson guardam segredos e juntos vão se descobrindo um no outro, porque ao final são mais parecidos do que se pode imaginar.

Outra coisa linda no livro é o desenvolvimento de Beyah, que é uma personagem com ódio do mundo pelos motivos do que viveu até agora.

“Eu me pergunto que tipo de educação é pior para um humano. Do tipo que você é protegido e amado a ponto de não saber como o mundo pode ser cruel até que seja tarde demais para adquirir as habilidades de enfrentamento necessárias ou o tipo de casa em que cresci. A versão mais feia de uma família onde enfrentar é a única coisa que você aprende.”

Porém no Texas ela aprende com o tempo a confiar na família, sim, família. Algo que ela jamais achou que teria. No meio de todo o caos de sua vida ela encontra em Sara uma irmã e melhor amiga e também encontra em seu pai o significado da palavra pai.

O livro traz uma mensagem que mesmo que você seja danificado, você pode encontrar amor. Você só tem que se permitir sentir.

“- Você pode preencher sua vida com coisas boas, mas coisas boas não preenchem os buracos em sua alma.’
– O que preenche os buracos em uma alma?
Os olhos de Samson percorrem meu rosto por alguns segundos. ‘Pedaços da alma de outra pessoa.”

Traz uma jornada de confiança, amor, família e desenvolvimento pessoal.

Colleen Hoover mais uma vez conseguiu escrever um livro que vai ficar comigo na cabeça por dias, semanas, meses… Igual a todos os anteriores.

Heart Bones merece toda uma galáxia de estrelas.

Livros, Resenhas

Resenha: O JOGO, ELLE KENNEDY

Sinopse: Talentoso, inteligente e festeiro, Dean Di Laurentis sempre consegue o que quer. Sexo, notas altas, sexo, reconhecimento, sexo… É sem dúvida um galanteador de primeira, e ainda está para encontrar uma mulher imune ao seu charme descontraído e seu jeito alegre de encarar a vida. Isto é, até ele se envolver com Allie Hayes. Em uma única noite, essa jovem atriz cheia de personalidade virou o mundo de Dean de cabeça para baixo. E agora ela quer que eles sejam apenas amigos? Dean adora um desafio, e não vai medir esforços para convencer essa mulher tão linda quanto teimosa de que uma vez não é suficiente. Mas o que começa como um simples jogo de sedução logo se torna a experiência mais incrível e surpreendente de sua vida. Afinal, quem disse que sexo, amizade e amor não podem andar de mãos dadas?

Livro #3 da série Amores Improváveis, do gênero New-Adult, O jogo é cheio de romance. Confesso que da série de 4 livros, O Jogo é meu favorito.

Nele vamos ver a estória de amor de Dean Di Laurentis com Allie Hayes.

Dean como já conhecemos também é do time de hóquei na Briar e mora em uma república com seus amigos de time Tucker, Logan e Garrett, que já conhecemos do livro O Acordo, com resenha aqui.

Enquanto Allie divide o dormitório com Hannah, que também é sua melhor amiga.

A trama começa quando Allie termina com o namorado de longa data e quer se esconder dele, logo ela pede ajuda a amiga Hannah, só que está saiu para um fim de semana romântico com Garrett. Então ele sugere que ela fique em sua casa para o caso de o ex namorado aparecer no dormitório. E é aí que tudo começa.

Dean DiLaurentis mora nessa casa e está lá essa noite sozinho com a menina que está sofrendo pelo término.

“É a quarta vez que a gente termina em três anos. Não posso continuar fazendo isso comigo, esse looping doentio de alegria e dor de cotovelo, principalmente quando a pessoa com quem eu deveria construir um futuro está empenhada em me sabotar.”

Dean nos dois primeiros livros é descrito como o pegador e etc, e confesso que era bem secundário e jogado de lado em O Acordo e O Erro. O que não estavam errados, porque ele é mesmo o playboy que fica com todas as garotas da Briar.

“Queria poder dizer que este pequeno momento de perversão a três é uma experiência nova para mim, ou que o rótulo de pegador que meus colegas de time me deram é um exagero. Mas a experiência não é novidade e o rótulo é bem preciso.”

Mas em O Jogo que é sua estória, ele é apaixonante. Percebemos que é um menino que vai se transformando em homem e que tem um coração gigantesco.

Filho de pais milionários que o amam e uma irmãos que se dão bem, ou seja, ele é super mimado e tem tudo. Mas não é um idiota por isso.

“Ele continua sendo um cara com um ego do tamanho do mundo, ele é rico, faz o que quer, mas sua generosidade transborda.”

Allie, por sua vez, é uma jovem aspirante a atriz que é cheia de vida e entusiasmo, que termina com seu namorado porque quer o futuro e a carreira que ela escolheu.

Bom, como todo livro precisa de uma trama além do puro romance, a dessa narrativa são os problemas com drogas e bebidas. Não é uma grande questão que tudo gira em torno disso, mas ela é apresentada e tratada.

“Eu sei como é, a Vida de Dean é só sol e maravilhas…”, é a minha vez de ser sarcástica, “… mas a vida real não é assim. Na vida real, coisas ruins acontecem, e você precisa lidar com elas.”

O romance entre Dean e Allie é improvável e mesmo assim acontece, e é tão fofinho! Ela precisava de um novo começo e ele também. E o recomeço dos dois era para acontecer junto.

“Não esperava essa química intensa entre nós, mas ela existe e é viciante. E não sei se um dia vou conseguir ignorá-la.”

O destino uniu os dois e juntos vão aprender sobre o amor. Seja ele de qual forma for, amor pela vida, pelos amigos, pela profissão, pelo futuro, pelo que querem ser e por quem querem estar. E nisso o amor um pelo outro, que é bem mais que apenas um jogo.

“Quero estar com você porque parece ser certo”

Personagens que são extremamente importantes para moldar o caráter de Dean e Allie são os pais e irmã do garoto e o pai de Allie. Bem representados e de uma compaixão sem fim, sem contar que proporcionam cenas bem engraçadas.

Também temos um gostinho de ver um pouco dos casais dos dois primeiros livros.

Esse foi o livro que eu mais gostei. Sem brincadeira, eu cheguei a chorar de rir em algumas cenas!!! É leve e gostoso, uma leitura rápida e envolvente.

“Nossa. Não acredito que você me apagou daquele jeito. Sorte a sua que eu te amo, gata. Se fosse qualquer outra garota…”

“Você me ama?!”, exclamo.

Dean para no meio da frase. Por um segundo, parece genuinamente confuso, como se não soubesse do que estou falando. Como se não tivesse percebido o que falou.

O jogo é um romance com comédia e muito amor que envolve o leitor do começo ao fim, super recomendo.

Livros, Resenhas

Resenha: Belo Funeral, Jamie McGuire

Sinopse: Perder nunca foi fácil para os Maddox, mas a morte sempre vence. O quinto e último volume da série Irmãos Maddox. Onze anos depois de fugir para se casar com Abby em Las Vegas, o agente especial Travis Maddox faz a justiça chegar até o chefão da máfia Benny Carlisi. Agora o clã mais antigo do crime organizado da cidade está determinado a se vingar, e todos os membros da família Maddox se tornam alvos em potencial. O segredo que Thomas e Travis guardaram por uma década será finalmente revelado, e pela primeira vez os Maddox vão se desentender. Embora todos eles já tenham experimentado a perda em algum ponto da vida, a família cresceu, e os riscos agora são maiores do que nunca. Com os irmãos brigando entre si e as esposas se vendo obrigadas a tomar partido, cada membro da família terá de fazer uma escolha: deixar o medo separá-los ou torná-los mais fortes. Belo funeral é o volume mais eletrizante da série Irmãos Maddox e vai manter os leitores grudados nas páginas até o fim emocionante.

O último suspiro. Eu estava tão ansiosa para o último volume dessa série que eu amo tanto!!!

Irmãos Maddox foi maravilhosa. Tiveram livros que eu gostei mais e outros que gostei menos, mas mesmo assim foi perfeita.

Já conhecemos todos os irmãos dessa família meio perturbada haha conhecemos todas as suas histórias de amor.

Agora no quinto e último livro, Belo Funeral vem com todos os pingos nos i’s que estavam faltando. Nesse volume vemos realmente Travis Maddox como agente do FBI ao lado de seu irmão Thomas e temos as revelações que já vimos que iam acontecer no epílogo dos livros anteriores tanto da série Irmãos Maddox quanto da série Belo Desastre.

Cada capítulo desse livro é narrado por um Maddox diferente, e eu simplesmente AMEI, a composição de todos os 8 livros e todos esses personagens, os romances e as vidas deles… Chorei tanto em Belo Funeral que nem sei explicar.

O livro é narrado por Thomas, Liis, Taylor, Falyn, Tyler, Ellie, Trenton, Cami, Travis, Abby, Shepley, América e Jim.

Aqui a estória começa 11 anos depois de Travis e Abby terem fugido para se casar em Las Vegas aos 19 anos de idade.

Temos que: Jim não está bem de saúde, Taylor e Faylin estão separados e os gêmeos estão brigando, tanto que Tyler até pede demissão do emprego. Trent e Camille não conseguem engravidar e sofrem vendo os irmãos todos com filhos, que chega a ser 10 netos de Jim em Belo Funeral.

Travis está machucado e Thomas acabou de virar pai e ser baleado.

“No instante em que você conhece um segredo, surge a pergunta inevitável: Que preço você vai pagar para guardá-lo?”

A máfia onde Travis está infiltrado descobriu tudo e querem matar Abby, até que Travis e Thomas armam um plano fingindo que Thomas morreu para despistá-los, obviamente que fazem a família toda acreditar, com direito a um funeral e uma carta de partir o coração.

Então são segredos atrás de segredos. A amizade entre Travis e Abby com Shepley e America está abalada. Os irmãos estão brigando. Trent está se sentindo traído por ter sido enganado pelos irmãos, quando achava que etavam no campo da publicidade na verdade 2 são do FBI e 2 são bombeiros. Isso realmente abala Trent.

“Trenton tropeçou alguns passos e abraçou os irmãos. Os gêmeos se juntaram a eles. Uma lágrima escorreu no rosto de Jim, e as mulheres também choraram. Um braço saiu e agarrou Shepley, puxando-o. Cobri a boca, sem saber se ria ou se chorava.”

Esse livro não é 8 ou 80, ou ama ou odeia. Temos todos os Maddox se voltando uns contra os outros mas também temos os seis (incluindo Shepley) tentando se resolver.

A morte inesperada que acontece me abalou num nível extremo, desnecessário Jamie… Mas enfim… talvez fosse um pouco necessário sim, i don’t know.

Eu amei o livro. Foi o fechamento dessa estória de 11 anos no tempo deles, de todos terem seus segredos revelados e finalmente a família se conhecer realmente.

Super recomendo a série toda. São os romances clichês mais amados por mim, e bom, FIM.

Irmãos Maddox acabou.

Apesar de ainda ter um livro chamado Algo Belo, que conta a estória de Shepley e America que em breve teremos uma resenha.

Também Jamie McGuire disse numa entrevista que pretende continuar a estória de Trent e Cami então vamos cruzar os dedos.

Livros, Resenhas

RESENHA: TODO DIA, DAVID LEVITHAN

Sinopse: Todo dia sou uma pessoa diferente. Eu sou eu, sei que sou. Mas também sou outra pessoa. Sempre foi assim. Toda manhã, A acorda em um corpo diferente, em uma vida diferente. Não há qualquer aviso sobre quem será ou onde estará em seguida. De menina a menino, rebelde a certinho, tímido a popular, saudável a doente; A precisa se adaptar. Ele já se acostumou com isso e até criou algumas regras para si mesmo. Primeira: nunca se apegar; segunda: jamais interferir. E tudo corre bem… até que A desperta no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, as regras pelas quais tem vivido não fazem mais sentido. Porque, finalmente, A encontrou alguém com quem quer ficar; dia após dia, todo dia. Mas como esperar que uma pessoa que sempre viveu uma vida normal possa entender a realidade de A? Ou até mesmo acreditar nela? Enquanto lutam para se reencontrar a cada 24 horas, ambos precisam enfrentar seus próprios demônios, superar suas limitações e redefinir suas prioridades. Rhiannon conseguirá ficar com alguém que muda a cada dia? E até onde A acha justo (ou ético) interferir nas vidas de quem habita? Mas, principalmente, o amor pode mesmo vencer qualquer barreira?

Todo mundo sabe que eu sou “a louca do romance clichê”, mas esse não é um deles. Me surpreendeu muito e me deu também muita dor no coração.

Todo Dia nos traz o gênero jovem adulto (Young Adult) numa narrativa cativante e com uma estória de tirar o fôlego, numa trilogia surpreendente.

Então vamos para a estória, nos é apresentado um personagem chamado “A”, ele não tem gênero, portanto usarei pronomes neutros. É uma narrativa de amor acima de todos os outros sentimentos.

O livro começa quando “A” acorda no corpo de um rapaz chamado Justin. Isso mesmo, A é um ser, uma existência, nem feminino nem masculino, não tem um corpo próprio, tem 16 anos, mas todos os dias acorda no corpo de uma pessoa diferente da mesma idade que ele.

“Não vou de 16 anos para 60. Nesse momento, é apenas 16. Não sei como isso funciona, nem o porquê. Parei de tentar entender há muito tempo. Nunca vou compreender, não mais do que qualquer pessoa normal entenderá a própria existência. Depois de algum tempo é preciso aceitar o fato de que você simplesmente existe”

Os capítulos são números de dias, então a evolução da estória é dada por esse tempo, por exemplo, dia 6.008, dia 6.009 e assim vai.

No primeiro capítulo “A” acorda no corpo de Justin, e esse tem uma namorada chamada Rhiannon, uma adolescente doce por quem A se apaixona. Ela é a pessoa que faz com que ele quebre suas próprias regras: não criar laços e evitar estragos.

“Vivi toda minha vida desse jeito, mas você é a única coisa que me faz
desejar não ser mais assim.”

Antes de conhece-la, A sempre fazia o possível para evitar qualquer laço emocional na sua vida ou qualquer mudança na rotina do/a hospedeiro/a do dia, onde ele acessa suas memórias para viver aquele dia como aquela pessoa.

Mas agora A tem Rhiannon, e seu único desejo e estar com ela todos os dias. Então ele passa a procurá-la em corpos diferentes todos os dias, fazendo com que os dois superem os obstáculos dessa sua condição.

“– Como posso dizer não? – pergunta ela – Estou morrendo de curiosidade para ver quem você vai ser a seguir.
Sei que é uma piada, mas tenho que responder.
– Sempre vou ser A.
– Eu sei. – Diz. – E por isso que quero te ver.”

Com o passar dos dias A começa a enfrentar os desafios de tentar ficar com Rhiannon, vivendo vários dilemas, sendo um deles: Ela pode amar seu interior sem se importar com o exterior?
E outro: É justo ele querer viver usando o corpo de outra pessoa?

“Ela é meu primeiro e único amor. A maioria das pessoas sabe que o primeiro amor não será o único. Mas, para mim, ela é as duas coisas. Esta vai ser a única chance que vou me dar. Nunca mais vai acontecer.”

Essa foi a primeira obra nessa temática que li e eu realmente gostei, houveram cenas que eu perdi o fôlego e outras que eu só queria abraçar A.

David Levithan escreve de uma maneira que coloca A diante de situações bem difíceis como por exemplo: ora ele está no corpo de um jogador de futebol americano, ora no de uma garota popular, outra vez no corpo de um nerd, no de uma modelo, depois no corpo de um obeso, no corpo de um viciado e no de uma suicida.

“Não importa qual seja nossa religião, sexo, raça ou localização geográfica, todos nós temos 98% em comum com todos os outros. A raça é diferente apenas como uma construção social, não como uma diferença inerente. () Por uma razão qualquer, nós nos concentramos nos 2% de diferença e a maior parte dos conflitos que acontece no mundo é consequência disto.”

Eu amei o livro e realmente recomendo a leitura. É uma obra que todo mundo deveria ler para desmistificar conceitos de amor, paixão, gênero, sexo, raça. Tudo. Porque nada importa quando o amor é verdadeiro.

O final da estória foi o que eu já imaginava, mas mesmo assim eu, como uma boa amante de romances clichês, queria que tivesse sido diferente para eles. Mas não haveria outra maneira, não tem o que fazer, principalmente pela vida de A e o que ele sente por Rhiannon.
Mas tudo bem.

O segundo livro da trilogia se chama “OUTRO DIA” e é a mesma estória narrada do ponto de vista de Rhiannon.
Enquanto que o último livro é chamado de “ALGUM DIA” e esse é uma continuação, que em breve teremos uma resenha.

Inclusive o livro Todo Dia ganhou uma adaptação cinematográfica. Então quem quiser conferir também vale.
Trailer Todo Dia