Tags

Netflix

Review: Big Mouth (1ª temporada, 2017)
Review: Big Mouth (1ª temporada, 2017)
Atualizações, Filmes, Reviews de Séries

Review: Big Mouth (1ª temporada, 2017)

Desde a primeira vez em que vi um trailer de Big Mouth no Facebook, antes do lançamento, fiquei intrigado com o seriado. Era um vídeo com “linguagem explícita”, mas em forma de desenho animado. Logo achei que seria mais um daqueles desenhos de besteira e que não daria em nada. Pois bem, lançou e fui assistir. Acabei a primeira temporada em uma noite.

Comecei vendo dublado, com meus pais em casa, mas mudei para legendado depois de cinco minutos. A linguagem é explícita para alguém ouvindo de fora, então recomendo que você veja sozinho ou não tenha medo de passar uma vergonhazinha com o que as frases desconexas podem causar.

A série retrata o cotidiano do garoto Nick, junto com seus amigos Andrew, Jessi e Missi, que estudam juntos e estão na pré-adolescência, naquela fase em que a puberdade começa a chegar para uns e outros, mas não para todos. Puberdade esta que é retratada na série como um monstro (algo parecido com um dinossauro), que fica incentivando as crianças a fazerem coisas como se masturbarem, darem o primeiro beijo e lidarem com as mudanças dos seus corpos.

É um pouco assustador de início, mas a genialidade se sobrepõe a cada novo episódio, apresentando fatos como as mentes dos garotos explodindo ao saber que garotas também sentem desejo sexual, ou vomitando ao descobrir o que é uma menstruação… Tudo com muito humor e fora do politicamente correto que vemos assolar as histórias das redes sociais (alô, família tradicional, tentem processar a Netflix agora).

Eu arrisco dizer que é um seriado muito bom sobre educação sexual, já que mostra crianças descobrindo e lidando com as mudanças que podem acontecer tanto no corpo, quanto na convivência social, pais perdidos sobre como ensinar os filhos, diversidade sexual e descoberta da sexualidade – há personagens gays e há episódios em que os personagens principais ficam em dúvida quanto a sua orientação -, e ainda fala sobre as brigas causadas pela ebulição dos hormônios, do primeiro beijo (tanto hétero, quanto homossexual), e tudo com muita diversidade étnica e representatividade, que parece estar em falta na cabeça das pessoas atualmente.

O humor é um pouco ácido e irônico, o que não faz o assunto se tornar menos sério ou mais fútil e essa talvez tenha sido a maior sacada de todos os produtores: é possível falar sério arrancando risadas (contraditório mas, real).

Por fim, talvez Big Mouth seja um seriado para você assistir sozinho se tiver uma família conservadora e que não lida bem com linguagens explícitas (não tem nada demais, mas as frases se pegas desconexas podem te dar uma dorzinha de cabeça), ou em família se você estiver em uma casa liberal. Eu arriscaria em ver com um filho pré-adolescente, já que tudo retratado lá, você com certeza já passou ou já se perguntou em algum momento da sua vida e provavelmente não lembra.

O Gabriel de 13 anos se sentiu representado por quase, senão todos os personagens, e o de 21 sofreu com cada um deles, como se estivesse passando por isso mais uma vez.

“Puberdade é algo que as pessoas associam à estranheza. O que ela é mesmo, mas quando você pensa nela, há toda essa nostalgia estranha. E se você é uma criança passando por isso, ou acabou de passar por isso, nós pegamos um período bem estranhamente doloroso para você e o deixamos, espero, bem engraçado e catártico.”

O final foi surpreendente para mim, e um tanto quanto cômico, aberto para uma segunda temporada que eu realmente espero que seja confirmada em breve. E vocês, já assistiram? Comentem aí a opinião de vocês também!

Atualizações, Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Raw (Grave, 2016)

Outubro é o mês do Halloween, e com ele vem festas de Dias das Bruxas e maratonas de filmes de terror. E para ajudar nessa difícil missão de escolher os filmes de terror ou que tenham como temática o Halloween, que me proponho até o fim desse mês, fazer críticas de alguns filmes de terror (ou similares) que assisti e assistirei esse mês.

Imagem: Divulgação

 

O primeiro deles é Raw (Grave), filme de horror francês da diretora e roteirista Julia Ducournau que tem como tema o processo de tornar-se mulher, que todas nós, mulheres, passamos na puberdade. Tudo sob uma perspectiva feminina, mostrando o processo de autodescoberta de uma jovem de 16 anos, em uma sociedade com altas expectativas sociais e culturais, e que impõe regras e padrões difíceis de se alcançar, principalmente para as mulheres. Ah, e canibalismo!

Imagem: Divulgação

 

A história segue Justine — genialmente interpretada pela jovem atriz, Garance Marillier — uma jovem educada no vegetarianismo que acabou de passar para o curso de veterinária na faculdade, curso que seus pais prestaram, e que sua irmã mais velha já está cursando. Adiantada para sua idade, Justine se vê agora diante da perspectiva de enfrentar a faculdade: morando longe dos pais, com colegas hostis e competitivos e professores que não dão a mínima para ela. E os famosos trotes. Em um deles, a menina é obrigada a comer carne pela primeira vez, e partir de então começa a ter uma fome descontrolada por qualquer tipo de carne. Incluindo a humana.

ATENÇÃO ALGUNS SPOILERS ABAIXO

Imagem: Divulgação

Raw causou polêmica no Festival de Cannes 2016 (onde foi premiado na Semana da Crítica como Melhor Filme pela FIPRESCI) e posteriormente no Festival do Rio 2016, pois não era para pessoas de estômago fraco. “Membros do público desmaiaram”, era uma das manchetes sobre o filme, e por isso o filme logo me chamou a atenção e fiquei com altas expectativas, que foram supridas satisfatoriamente.

Eu adoro terror e horror, e um subgênero que me agrada muito é o gore. Gore ou Splatter é um subgênero do terror/horror, que deliberadamente, se concentra em representações gráficas de sangue e violência. No entanto, poucos filmes categorizados como gore utilizam a violência gráfica de forma inteligente e condizente com a história que está contando, tornando a violência gráfica uma violência gratuita e de mau gosto; fazendo com que as produções desse subgênero sejam taxadas de ruins. Um gore bem feito para mim, é aquele que causa a agonia e repulsa necessárias no telespectador e não risadas, e para isso é necessário que o diretor utilize a violência gráfica no momento certo em que a narrativa pedir, e não a todo momento, apenas para chocar o público.

Imagem: Divulgação

E isso, Julia Ducournau fez com maestria, utilizando de situações normais, como por exemplo, uma cena de depilação, e tornando-a uma das cenas mais agonizantes de todo o filme. Utilizando uma paleta de cores frias para constatar com as cenas mais sangrentas, uma abordagem parecida com os filmes da cineasta Claire Denis, também francesa (inclusive, acho que o cinema de horror francês sabe trabalhar melhor o gore do que o americano).

Imagem: Divulgação

A câmera é focada em closes na protagonista, para passar a sensação necessária de agonia e claustrofobia, para sentirmos todas as transformações que Justine passa junto com ela. Justine se sente deslocada e apreensiva o tempo todo: ela é considerada um gênio, por isso passou no vestibular mais cedo do que os outros, e agora terá que viver longe dos pais nos alojamentos da faculdade. Na faculdade, todos estão preocupados consigo mesmos, e sendo uma caloura é obrigada a passar por todos os tipos de trotes que os veteranos inventarem. Ao mesmo tempo, ela está tendo o seu despertar sexual— e em meio as festas regadas a bebidas e sexo — Justine, virgem e tímida, e com um mega crush em seu colega de quarto que é gay; ela não sabe lidar com o que está acontecendo consigo mesma.

Imagem: Divulgação

Sua família é de vegetarianos, então ela nunca comeu carne. Mas, em um dos trotes, é obrigada pela própria irmã, Alexia, a comer carne de ovelha. Alexia também foi criada como vegetariana, mas longe dos pais, seus hábitos mudaram. Após ingerir a carne de ovelha, Justine tem uma reação alérgica, em uma cena que pode ser trigger/gatilho para pessoas que com alergias, por isso recomendo que pulem. A cena é longa, com super closes na protagonista, causando uma agonia no telespectador, a mesma agonia que a protagonista está sentindo.

Imagem: Divulgação

Justine, então, passa a sentir uma fome incontrolável por carne, desde hambúrguer e até mesmo carne crua. Até que, após um acidente, onde o dedo de sua irmã Alexia (Ella Rumpf, outro grande destaque do filme) é decepado, e Justine sente um desejo incontrolável de comê-lo. Justine passa então a desejar carne humana, que vai muito de encontro aos seus próprios desejos sexuais, fazendo-a desejar comer, literalmente, Adrien (Rabah Nait Oufella), seu colega de quarto.

Imagem: Divulgação

O roteiro de Julia Ducournau usa muito bem a metáfora do canibalismo como o despertar sexual de Justine como mulher, ambos considerados, em níveis diferentes, tabus da sociedade. Outro ponto é a boa utilização dos personagens, a história em si gira em torno de Justine, mas todos os personagens e tramas são importantes, e todos são desenvolvidos. Destaque para a relação de Justine e Alexia: a irmã mais velha é o perfeito contraponto de Justine. Também canibal, Alexia se entregou de corpo e alma a esse estilo de vida primitivo e animalesco, e incentiva Justine a fazer o mesmo.

Imagem: Divulgação

A relação das duas é complexa e real, como relacionamentos fraternos geralmente são: ao mesmo tempo que querem matar uma a outra, são as primeiras a se ajudarem. Ella e Garance ficam muito bem juntas em cena, com Alexia sempre sendo mais explosiva e animalesca, enquanto Justine é mais retraída, tentando reprimir a todo custo a si mesma.

Imagem: Divulgação

 

Devo destacar também a trilha sonora: a comercial possui músicas maravilhosas e que casam perfeitamente com a cena e a construção da personagem- destaque para Plus Putes que toutes les Putes de Orties. Mas é a trilha instrumental, maravilhosamente composta por Jim Williams, que é o grande destaque da trama, aparecendo em pontos chaves do longa, como quando Justine come carne humana pela primeira vez, ou a impactante cena final (tornando-a ainda mais impactante, deixando o espectador de boca aberta).

Raw é um filme agonizante e realmente não é para quem tem estômago fraco. Julia Ducournau utilizou muito bem o gore para contar a puberdade e o despertar da sexualidade de uma jovem mulher. Também não é um filme que te dá respostas, se é isso que você busca, não o assista achando que o roteiro explicará do porquê Justine tem instintos canibais, pois esse não é o ponto. É um filme maravilhoso, mas não recomendo para quem tem triggers/gatilhos com sangue ou alergias.

Raw (Grave) já está disponível no catálogo da Netflix.

ATENÇÃO: O TRAILER POSSUI CENAS QUE PODEM SER GATILHOS COM SANGUE OU ALERGIAS!

O mínimo para viver
O mínimo para viver
Críticas de Cinema

Crítica: O Mínimo Para Viver (To The Bone, 2017)

Filme original da Netflix, cujo roteiro foi escrito por Martin Noxon (escritora e produtora executiva da série “Buffy The Vampire Slayer” e “Greys Anatomy” no ano de 2007), na versão brasileira, “O Mínimo para Viver”, tem como principal temática a experiência de vidas de alguns jovens com anorexia e o conflito existencial correspondente a uma batalha constante contra o arqui-inimigo: calorias.

Lilly Collins, Ellen no filme, é a personagem protagonista, portanto sua história se desenvolve em primeiro plano no longa-metragem. A garota de vinte anos possui dificuldades de relacionamentos com sua família nada convencional, pais separados, a mãe diagnosticada com depressão pós parto no início e em um futuro não tão distante desenvolveu crises psicóticas e ao melhorar, se descobre homossexual. O pai se casa novamente, apesar de sempre estar ausente, sua madrasta sempre tenta contribuir para a sua melhora. A sua meio irmã se transforma em um oásis de conforto em meio a um deserto de fome e fobias alimentícias.

Ellen almeja chegar a um peso que permite encostar o dedo polegar ao dedo médio, envolvendo o braço. A personagem se mede todos dias após uma série de abdominais em cima da cama. Deprimente.

O filme é real e traz uma reflexão profunda. O assunto anorexia, e também bulimia, é retratado de forma verossímil e detalhista. Os indivíduos encontrados nessa situação, são capazes de calcular as calorias de cada alimento, se tornam reféns e prisioneiros da fome, só para alcançarem o desejo surreal de um corpo perfeito, a magreza tão desejada e a medida perfeita.

O padrão de beleza imposto pela mídia, pela moda, pela sociedade. A falsa esperança de possuir a cintura perfeita e a barriga negativa semelhante as medidas encontradas nos corpos dos modelos fotográficos, figuras possivelmente criadas em mesas de cirurgia ou remodeladas em programas e aplicativos de edição de fotos.

Pessoas que se submetem a fome, negligenciam ao alimento necessário para subsistência do organismo na tentativa de alcançar o corpo que não é dele, o corpo que não é dela.

“To the bone” também retrata os estágios da anorexia, primeiro a escolha de não comer, saber o valor calórico de todos os alimentos, substituir refeições por líquidos, subir e descer escadas várias vezes e praticar abdominais em cima da cama como exercício físico para queima das calorias do líquido ingerido e também o uso de laxantes para quem possui dificuldades de vomitar (bulimia).

Nenhum alimento é seduzível o suficiente para ser comido, o alvo da magreza é alcançado com garra e com tanta força, que o próprio corpo definha em falta de gordura, ausência de vitaminas e nutrientes, ao ponto do próprio organismo se alimentar dos tecidos dos órgãos.

A crítica do filme é entregue ao telespectador. Não é preciso refletir para encontrar o subtendido, confabular um final ou inferir a problemática. Apesar das críticas apontarem para o lado negativo da obra da Netflix, vejo no horizonte da produção cinematográfica uma discussão bem fundamentada, real. Não considero uma influência para depressão, anorexia ou bulimia, mas um folhetim com muita informação. É possível saber do início, da crise e do medo, dos motivos, dos pensamentos e também do final, a morte em câmera lenta.

O final é surpreendente, assista, sei que vai gostar. Não traz um final que ilude quem assiste e que tudo vai acabar bem, mas um final lógico. Assista e me diz o que achou, que tal? Um assunto sério e presente na sociedade. Parabéns a Netflix pela produção.

Atualizações, Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Amores Canibais (The Bad Batch, 2017)

The Bad Batch, ou como foi traduzido aqui no Brasil pela Netflix, Amores Canibais (sim, essa foi a tradução…), é o segundo longa da cineasta Ana Lily Amirpour, que dirigiu e roteirizou o maravilhoso Garota Sombria Caminha Pela Noite (A Girl Walks Home Alone at Night, 2014) — filme de horror que utilizou a temática dos vampiros de forma inovadora e inteligente. Em The Bad Batch, Amirpour utiliza o gênero da distopia com um subgênero do horror, os cannibal movies, para contar uma história de amor entre uma garota e um canibal.

Imagem: Suki Waterhouse e Jason Momoa, Divulgação

 

Em um futuro distópico/pós-apocalíptico, o governo dos EUA passou a catalogar indivíduos considerados “membros não funcionais” da sociedade, os denominando como Lotes Estragados (bad batch em inglês) e os banindo para o deserto do Texas, onde são obrigados a lutar para sobreviver. Arlen (Suki Waterhouse, Orgulho e Preconceito e Zumbis) é a indivíduo de número 5040 do Lote Estragado, e foi devidamente banida para o deserto, onde uma vez lá, é capturada por um grupo de canibais e desmembrada, perdendo uma parte do braço e da perna.

Imagem: Suki Waterhouse, Divulgação

Arlen consegue fugir, e é salva por um Andarilho (Jim Carrey, irreconhecível!), que a leva para uma cidade chamada Confort (Conforto), onde outros Lotes Estragados se refugiam para se salvar dos grupos canibais. A garota se recupera, consegue uma prótese para sua perna, e começa a planejar sua vingança ao grupo de canibais. Arlen segue na sua empreitada de vingança, até que inesperadamente se apaixona por Miami Man (Jason Momoa), um dos canibais do grupo que a mutilou.

O novo filme de Ana Lily Amirpour tem uma premissa interessante, que logo me chamou a atenção pela mistura de gêneros e de já gostar do trabalho anterior da cineasta. No entanto, The Bad Batch, apesar de ter várias qualidades técnicas — principalmente na direção de Amirpour, que possui uma estética visual maravilhosa (e a diretora sabe aproveitar isso como ninguém, mesmo a história se passando em paisagens áridas) e boas sequências e ritmo (principalmente nos 20 primeiros minutos) — é no roteiro, que Amirpour erra a mão, e se perde, não aproveitando e nem desenvolvendo todos os seus personagens e o seu enredo de maneira satisfatória.

ATENÇÃO ALGUNS SPOILERS ABAIXO

Imagem: Divulgação

 

O filme começa com guardas despachando Arlen para o deserto do Texas. Ela é o indivíduo de número 5040 do Lote Estragado e está banida da sociedade americana pelo governo dos EUA. Em nenhum momento do filme fica claro do porquê Arlen foi banida, já que até então ela parece ser uma garota branca padrão. São considerados parte do Lote Estragado todos aqueles que não se “encaixam” na sociedade de alguma forma, ou seja: negros, imigrantes, deficientes, criminosos, drogados, e até mesmo aqueles que não se encaixam de alguma forma no padrão de beleza. Não sabemos se Arlen era uma usuária de drogas ou se cometeu algum crime, e em nenhum momento do filme ela conta a sua história. As únicas informações que temos durante o filme é que Arlen namorava um músico e tem algumas tatuagens.

Imagem: Divulgação

Mal Arlen começa a explorar a sua nova forma de vida, ela é capturada por um grupo de canibais. Como foram banidos para um deserto, onde é difícil arranjar água ou comida, alguns dos banidos tiveram que fazer de tudo para sobreviver,  resolveram, então, que a única opção seria comer carne humana, e começaram a se organizar em grupos e a caçar recém-chegados ou os considerados mais fracos e descartáveis. Em uma cena violenta e de forte impacto emocional, que remete à um estupro, Arlen tem sua perna e braço direitos mutilados e comidos por um casal canibal.

Ela consegue escapar, e é encontrada no meio do deserto por um Andarilho que a salva e a leva para Confort, uma cidade de Lotes Estragados, que se refugiaram para escapar dos grupos canibais e é controlada por um traficante/ditador que é denominado como The Dream (Keanu Reeves), “O Sonho”; que organiza raves regadas a drogas e mantém várias concubinas grávidas, vivendo em um luxo no meio à pobreza e miséria do resto da cidade. Arlen se recupera, e depois de cinco meses começa a planejar e sua vingança contra o grupo canibal que a mutilou. Aqui a diretora faz uma clara referência ao subgênero do horror, rape and revenge, usando o canibalismo e o trauma da mutilação no lugar do estupro. Vemos que a intenção de Amirpour é não fazer de seu enredo apenas mais uma história de vingança, e sim mostrar a personagem lidando com o seu trauma em uma jornada de amadurecimento. Porém, ao longo do filme o desenvolvimento da personagem é comprometido pelo roteiro bagunçado de Amirpour, fazendo Arlen tomar atitudes incoerentes e confusas.

Imagem: Divulgação

Ela se vinga, matando uma canibal chamada Maria (Yolonda Ross), mulher de Miami Man, e “sequestra” a sua filha (Jayda Fink), levando-a para Confort. Em nenhum momento fica claro o que Arlen pretendia após levar a filha dos canibais para a cidade; mantê-la consigo ou matá-la? Nada fica claro, assim como as atitudes em geral da protagonista. Em seu filme anterior, Garota Sombria Caminha Pela Noite, a personagem principal não possui nome ou origem conhecidos. A Garota (Sheila Vand) é uma vampira que anda pelas ruas da Bad City caçando homens que tratam mal às mulheres, que são misóginos e violentos. A personagem e o enredo da trama têm ares de fábula,  sendo até mesmo atemporal. Mas, os personagens são todos bem aproveitados e desenvolvidos, principalmente A Garota, que em meio a sua empreitada justiceira se apaixona por um garoto, que mesmo estando no meio da maldade que engloba a Bad City, não se deixa corromper. Tanto o relacionamento deles quanto a própria Garota são desenvolvidos ao longo do filme, mesmo que você não saiba muito sobre eles, o roteiro é escrito de forma que você se importe com a história deles. Caso que não ocorre em The Bad Batch.

Imagem: Jason Momoa, Divulgação

Até mesmo o relacionamento de Arlen e Miami Man é mal desenvolvido. Miami Man encontra Arlen por acaso no deserto, enquanto ela está sob uma “viagem” após ter tomado drogas na rave de The Dream.  Ele a ameaça dizendo que vai matá-la caso não encontre a sua filha. Após Arlen ser quase sequestrada por um outro canibal, Miami Man à salva e eles tem uma conversa na fogueira, onde Arlen pega uma faca e o ameaça matá-lo. Mas não o faz, pois aparentemente ela já estava nutrindo sentimentos por Miami Man. O momento entre os dois é interrompido quando Arlen é “salva” por soldados de The Dream e levada de volta para Confort. Na cidade, ela descobre que a menina foi pega por The Dream e está estabelecida em seus domínios. Arlen consegue entrar, faz uma das concubinas grávidas de refém, e salva a menina, levando-a até seu pai e decidindo ficar com eles.

Imagem: Divulgação

Apesar de Suki Waterhouse e Jason Momoa terem uma boa química juntos, o casal não tem momentos em cena juntos o suficiente que justifique as atitudes posteriores de Arlen: salvar a filha de Miami Man e escolher ficar com ele no deserto. Nem mesmo as dele, já que ele escolhe poupar a vida de Arlen, não a matando para se alimentar.

Imagem: Divulgação

São tantas irregularidades, que os personagens se tornam vazios. Em alguns momentos o roteiro faz Arlen se sentir deslocada em Confort, não deixando claro o porquê. Apesar de não serem as melhores condições, Confort é um lugar mais seguro que o deserto. Claro que a cidade é regida por um ditador, mas em nenhum momento o roteiro mostra que The Dream é uma ameaça para Arlen, ou que ela não concorda com a sua política de mantê-los todos miseráveis e drogados. Ela simplesmente não quer ficar em Confort e sim com Miami Man no deserto. Ao terminar o filme me senti vazia, pois não consegui me conectar com nenhum personagem. E mesmo a cena final, em que Miami Man, sua filha e Arlen comem o coelho de estimação da menina, em vez de Miami Man matar Arlen, enquanto ocorre o crepúsculo no deserto; uma cena que era para ser emocional, ao mesmo tempo triste e esperançosa ,e eu não consegui sentir absolutamente nada. Só fiquei apreciando a escolha da trilha sonora, e mais nada.

Imagem: Keanu Reeves, Divulgação

Os outros personagens e atores são completamente desperdiçados. The Dream seria um ótimo antagonista, e Keanu Reeves está bem confortável no papel, mas em nenhum momento o personagem se torna um antagonista de fato. Não há ameaça por parte dele, mesmo que saibamos que ele tem armamentos e soldados. E na sequência final, Arlen facilmente escapa dos domínios de The Dream, fazendo uma de suas concubinas de refém, sem ter problema algum. Não há um sentimento de urgência, de perigo. Outro ator desperdiçado é Diego Luna que faz Jimmy, o DJ das raves de The Dream que entra mudo e sai calado, um mero figurante de luxo. Jim Carrey está irreconhecível como o Andarilho, e apesar de uma forte presença e de seu personagem ter um papel pontual no enredo, o seu papel poderia ter sido facilmente exercido por outros personagens.

Imagem: Jim Carrey, Divulgação

Mas nem tudo é ruim no roteiro de Amirpour. A diretora utilizou bem as analogias com a situação política e econômica dos EUA. Começando pelo nome da cidade, Confort (Conforto), onde os habitantes são bombardeados com expressões como “Find Confort” (Ache o Conforto) e “I Want The Dream” (Eu quero o Sonho), remetendo as frustrações da sociedade americana e dos millennials como um todo, onde o tempo inteiro nos é posto expectativas de ter uma vida confortável e de perseguir a qualquer preço uma vida estável, mas nunca conseguir. Vivendo perdido e frustrado, sofrendo cobranças de todos os lados, afinal se você não conseguiu é porque não se “esforçou o suficiente”. A própria concepção dos Lotes Estragados é uma crítica a visão racista e xenofóbica do governo Trump e semelhantes, onde todos aqueles que são de alguma forma diferentes, devem ser postos de fora e não “merecem” viver em sociedade. Principalmente na questão dos imigrantes é que a crítica fica mais clara: Miami Man é um imigrante ilegal cubano, e a maioria dos considerados Lotes Estragados são imigrantes.

Imagem: Diego Luna, Divulgação

Os diálogos também não são o forte do filme, na verdade são quase inexistentes, porém na sequência da viagem por LSD de Arlen, além de ser visualmente bonita, há uma frase que a personagem diz, que resume bem o mote do filme e da nossa sociedade como um todo:

Aqui estamos, no canto mais escuro da Terra, e estamos com medo da nossa própria espécie.

Foi o medo que fez o governo dos EUA banir pessoas que eles consideravam “perigosas” para a sociedade.  Foi o medo de morrer, que transformou pessoas em canibais. E é com o medo dos refugiados que The Dream mantém o seu império em meio ao caos. E foi o medo e o trauma que impulsionou Arlen a se vingar. O Homem é o Lobo do Homem, como bem disse Thomas Hobbes e é reiterado por Amirpour.

Imagem: Divulgação

A parte técnica como um todo é ótima, desde a direção — com sequências belíssimas (a viagem de LSD de Arlen e a cena final são de um show visual de qualidade) e cenas de violência que se utilizam do gore, não de uma forma gratuita, mas que dão a agonia necessária (a sequência inicial da captura e mutilação de Arlen, é o grande destaque) — até a trilha sonora, muito bem utilizada por Amirpour durante toda trama. Destaque para a cena final em que toca Fifty On Our Foreheads da banda White Lies.

The Bad Batch/Amores Canibais tinha tudo para ser um ótimo filme, dada a qualidade já demonstrada de Ana Lily Amirpour, porém infelizmente a cineasta não soube aproveitar a totalidade de seu enredo, nos entregando um filme com primorosa parte técnica e boas alegorias, mas nenhum desenvolvimento de personagens e  aproveitamento mal bons atores; tornando-o um filme vazio, o que é uma pena, pois estava muito ansiosa por ele.

 

Amores Canibais (The Bad Batch) já está disponível na Netflix.

Crítica: The True Cost (2015)
Crítica: The True Cost (2015)
Atualizações, Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: The True Cost (2015)

Nos últimos meses, tenho tentado me informar mais sobre movimentos que vão contra essa cultura hegemônica atual de consumismo excessivo. Acabei me interessando por dois movimentos: o minimalismo e o lowsumerism (slow consumerism – “consumo lento” em tradução livre).

Muitas das coisas que eu tenho aprendido foram através de canais no YouTube e, principalmente, documentários na Netflix. Descobri um mundo submerso na plataforma que conta com muitos documentários sobre diversos assuntos, e só tenho elogios a todos que assisti até agora.

O documentário que eu gostaria de destacar nesse post é o “The True Cost”, para pessoas que querem começar a entender sobre o assunto, acho que é um bom ponto de partida.

Ele aborda a questão da “moda rápida“, ou “fast fashion” como eles chamam, em que há cerca de 52 coleções diferentes nas lojas por ano, o que nos faz acreditar que precisamos de todas elas para sermos felizes e socialmente aceitos. A obra audiovisual mostra como isso afeta a vida de milhares de pessoas, principalmente asiáticas, que trabalham de forma exaustiva diariamente por apenas 2 dólares para produzi-las.

Sabe todas aquelas roupas super baratas que você comprou em lugares como Forever 21, H&M, Zara, e muitas outras? Elas foram produzidas por essas pessoas que, literalmente, dão seu sangue por apenas 2 dólares ao dia. Elas são atingidas de formas inimagináveis, tudo por peças de roupas mais baratas e, muitas vezes, de qualidade questionável que acabam durando pouquíssimo tempo. Quando foi que paramos de prezar pela qualidade para nos gabarmos com quantidade?

Cada peça de roupa que simplesmente descartamos, demora mais de um século para se decompor, causando uma poluição ambiental enorme. O documentário enfatiza como somos responsáveis por cada peça que possuímos até mesmo depois de descartá-las, pois nós as escolhemos, e elas só foram produzidas porque pessoas como nós possivelmente as comprariam. Então, não descarte suas roupas, tente consertá-las, doa-las, vendê-las.

Depois de assistir esse e outros documentários, que pretendo comentar aqui também em outros posts, mudei muito meu pensamento sobre esse consumismo desenfreado. Sobre como crescemos acreditando que uma nova compra vai nos deixar mais felizes, mas, desde que comecei a pesquisar mais sobre o tema, o inverso tem acontecido: cada vez que eu vou ao shopping e não faço nenhuma compra, me sinto mais confortável comigo mesma. Sou capaz de olhar para peças de roupas e claramente pensar que não preciso delas, porque realmente não preciso.

Se esse post conseguir fazer pelo menos uma pessoa assistir ao documentário e se interessar pelo assunto, acho que já vou ter conseguindo melhorar, um pouquinho que seja, o mundo. Vamos tentar pensar mais antes de consumir, não só pelo nosso próprio bolso, mas pela qualidade de vida de outras pessoas e gerações, além do meio ambiente. A sensação de estar se libertando desse ciclo vicioso do consumo é muito boa, eu recomendo.

Lady Gaga Spoilers
Lady Gaga Spoilers
Atualizações, Filmes, Música

Overdose e Madonna: Vazam spoilers de documentário de Lady Gaga na Netflix

Próximo da data de lançamento, o primeiro documentário de Lady Gaga, produzido pela Netflix e intitulado de Gaga: Five Foot Two teve os primeiros spoilers vazados na internet por alguns fãs que tiveram acesso ao vídeo em primeira mão e contaram no Twitter tudo o que viram. \o/

Dirigido pelo diretor indicado ao Emmy, Chris Moukarbel, o filme irá retratar as lutas pessoais de Gaga e o lançamento de seu álbum Joanne, em 2016. O documentário também irá mostrar os bastidores da super apresentação da estrela pop no Super Bowl 2017. Esta apresentação inclusive foi vista como o grande retorno da Mother Monster.

No entanto, nos spoilers vazados, os fãs revelaram algumas partes bem polêmicas do filme, como sua relação com a Madonna e sobre as experiências de quase morte da cantora.

SPOILERS A PARTIR DESSE PONTO – SE NÃO QUER SABER, PARE DE LER AQUI!

– Sobre sua relação com a Madonna

”She says Madonna broke her heart. Because Madonna came for her when she was at her worst. She says her idol destroyed her in front of everyone as she personally struggled with depression. These events aggravated her condition. She talked with Madonna about the situation which made the old hag apologize but Gaga adds that she will never trust Madonna anymore.”

“Ela (Lady Gaga) conta que Madonna partiu seu coração porque Madonna a atacou quando ela estava na pior. Ela diz que sua ídola a destruiu na frente de todo mundo enquanto ela tinha lutas pessoais contra a depressão. Esses eventos agravaram sua condição. Ela conversou com Madonna sobre a situação, o que a fez se desculpar, mas Gaga acrescenta que nunca mais confiou em Madonna.”

– Sobre quase morrer de overdose

Q: Can you elaborate about what you said about Gaga almost dying? Do you mean that she physically almost died? Im really concerned about what you are referring to.

A: Lady Gaga overdosed on several occasions. She was clinically dead at one point in time in 2012 but was saved. She has become free of drugs in 2014 and has been sober since. The reason she didn’t feel her hip breaking was because the pain was masked by all the opiates she was on to deal with PTSD and chronic pain.

Pergunta: Você pode falar mais sobre o que você citou sobre Gaga quase morrer? Você quis dizer que ela quase morreu psicologicamente? Estou bem preocupado sobre o que você estava se referindo.

Resposta: Lady Gaga teve overdose em várias ocasiões. Ela estava clinicamente morta em uma hora me 2012 mas foi salva. Ela largou as drogas em 2014 e está sóbria desde então. A razão pela qual ela não sentiu seus quadris quebrarem foi porque a dor foi massacrada por todas as drogas que ela tomava para lidar com o PTSD (Transtorno Pós-Traumático) e a dor crônica.

FIM DOS SPOILERS – PODE RESPIRAR!

E aí, gente? Estão ansiosos para mais revelações desse documentário? Comentem aí o que vocês acharam! Lembrando que ele estreia no dia 22 de setembro no mundo todo e Lady Gaga estará no Brasil para uma apresentação única no Rock in Rio no dia 15 de setembro.

Fonte

Netflix
Netflix
Atualizações, Filmes

Netflix inicia sua terceira produção nacional

A gigante de streaming Netflix continua investindo forte no Brasil. A empresa americana já produziu a série brasileira 3%, que já está em produção para a segunda temporada, e também começou a pré-produção de O Mecanismo, seriado de José Padilha (Tropa de Elite) sobre a Operação Lava Jato. Agora, foi divulgado que hoje se iniciaram as gravações de Samantha!.

Samantha! é a primeira série de comédia gravada originalmente pela Netflix no Brasil. Em espécie de sitcom, o produto deve contar com diversas participações especiais. O elenco fixo será recheado de estrelas: os principais personagens serão interpretados pelos ex-globais Emannuele Araújo e Douglas Silva.

O sitcom irá nos apresentar ao universo de Samantha, uma ex-celebridade mirim que fez sucesso nos anos 80 e hoje vive na decadência. Durante os episódios, a personagem irá fazer de tudo para voltar aos holofotes. A produtora executiva será a brilhante Alice Braga.

A data de estreia ainda não foi definida.

Atualizações, Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Death Note (2017)

A adaptação norte-americana do mangá/anime Death Note estreou nessa sexta-feira (25/08) no catálogo da Netflix. Dirigido por Adam Wingard e estrelado por Nat Wolf, o filme acompanha um jovem estudante, Light Turner (Nat Wolf), um jovem isolado e inteligente, que acha um caderno com um misterioso poder: o dono do caderno tem o poder de matar quem ele quiser apenas escrevendo o nome de sua vítima em suas páginas. O caderno pertencia ao deus da morte/shinigami, Ryuk (com voz de Willem Dafoe), e a criatura passa a explicar as regras do caderno para Light, que passa a usar o caderno como para matar criminosos, e assim “fazer um bem para a sociedade e o mundo”.

Light também tem o auxílio de Mia Sutton (Margaret Qualley), uma outra estudante, e juntos vão eliminando um criminoso por vez; e sob a alcunha de Kira, ganham o apelo popular, que torcem para que cada vez mais criminosos sejam punidos, e assim a “justiça” ser finalmente feita.  A onda de assassinatos chama a atenção de L ( Keith Stanfield), o maior detetive do mundo, que passa a investigar as misteriosas mortes.

O filme já sofria com várias polêmicas, mas a principal delas é o fato de eles usarem do artifício do whitewashing e colocarem um ator branco em vez de um ator asiático para protagonizarem o longa. A situação só piora devido a “desculpas” dos produtores que disseram que “não acharam um ator asiático que falasse inglês fluentemente”.   

Death Note dividiu opiniões antes mesmo de ser lançado, com pessoas achando que poderia ser uma boa adaptação, por ser um original da Netflix; outros já acreditando que o filme seria tão ruim quanto Dragon Ball Evolution. Estas últimas não poderiam estar mais certas, Death Note é um filme tão ruim quanto Dragon Ball Evolution, se não pior. Isso, é claro, se o enxergarmos como uma adaptação. Se assistirmos Death Note como um filme isolado, sem compararmos com o anime ou o mangá; ainda continua um filme muito ruim, porém que rende boas risadas.

Imagem: Netflix

ATENÇÃO: ALGUNS SPOILERS ABAIXO

Eu, particularmente, já estava propensa a achar Death Note um filme ruim, desde a escolha, mais uma vez, de “embranquecerem” um personagem oriental com a “desculpa” de que a história se passa no ocidente. Existem asiáticos nascidos nos EUA, e são tão americanos quanto o Nat Wolf. Porém, não irei me estender sobre o assunto, pois não tenho propriedade para isso, mas fiquem com um vídeo do canal Yo Ban Boo  em que eles explicam o quão errado foi a escolha de colocarem um protagonista branco. No vídeo eles também falam sobre o L ser interpretado por um ator negro, e como diferente da escolha de seu protagonista, essa troca de etnia foi válida:

No entanto, partindo do filme em si, Death Note é um filme com muitos problemas: desde um roteiro fraco, atuações medíocres (tirando Keith Stanfield, que fez o ótimo Get Out e a dublagem de Willen Dafoe) e uma trilha sonora que não condiz com as cenas do filme. E isso se o analisarmos como um filme isolado. Ao compararmos com o seu material de origem, o longa só piora. Temos um Light Turner emburrecido e que nem de longe lembra o estrategista frio, calculista e narcisista que Light Yagami é no anime/mangá. Não sei se foi uma má direção de Adam Wingard, mas Nat Wolf fez uma interpretação caricata que beira ao satírico, uma interpretação bem vergonha alheia.

Imagem: Netflix

A caricatura/sátira é algo presente durante todo o filme, desde a escolha da trilha sonora (nos créditos do filme toca The Power of Love, que você deve conhecer como O amor e o poder), as cenas de mortes bizarras, as interpretações cheias de caras e bocas, principalmente de seu protagonista, além de diálogos rasos e cheias de frases de efeito. Na cena em que Ryuk aparece para Light temos uma das cenas mais engraçadas da história dos filmes.

Não sei se a cena deveria ter esse efeito cômico. E é aí que está a minha dúvida quanto a produção do filme: Death Note é um filme muito ruim que não se leva a sério em nenhum momento ou é um filme muito ruim que se leva a sério até demais? Eu realmente quero acreditar que seja a primeira opção.

O romance entre Light e Mia é outro elemento mal trabalhado no filme, com a personagem confiando rapidamente no garoto, sem questionar (muito), o fato de ele possuir um caderno com o poder de matar pessoas e falar sozinho (só o possuidor do caderno pode ver Ryuk). Mia é a que ficou com a personalidade psicopata e narcisística de Light, querendo matar todos que ficavam em seu caminho. Era ela, inclusive, que deveria ter ficado com o caderno desde o início, quem sabe o filme seria “mais interessante” (se desconsiderarmos totalmente o anime/mangá).

Imagem: Netflix

L é o personagem que mais se assemelha a sua contraparte no anime e no mangá. Apesar do roteiro emburrecer e descaracterizar o personagem durante todo o filme, Keith Stanfield pegou os maneirismos e peculiaridades do personagem, e fez uma interpretação bem convincente do detetive, que no início do filme, é sim inteligente. Porém, o roteiro tem tantos furos, que o personagem começa a tomar atitudes não condizentes consigo mesmo; como por exemplo, em nenhum momento questionar como Kira matava as suas vítimas, fazendo que o fato de ele ter descoberto que Light era Kira irrelevante (além de ser visto como um maluco que cismou com um adolescente).

Imagem: Netflix

Em suma, Death Note é um filme muito ruim, e ao assisti-lo o encarei como um daqueles filmes trash de terror com elementos de comédia, o famoso terrir. E se o assistirmos dessa forma, até que o filme se torna divertido, e você não sente que perdeu 1h e 40 min da sua vida.

Death Note já está disponível no catálogo da Netflix.

Atualizações, Filmes

Lançamentos de Setembro na Netflix

A Netflix divulgou a programação para o mês de setembro e seus destaques. Como já sabemos, setembro é o mês em que a maioria das séries retornam com novas temporadas recheadas de episódios inéditos, além de disponibilizar novas séries originais no streaming.

Setembro nem chegou, mas já consideramos pacas!

Para os fãs que não aguentavam mais esperar pela volta de suas séries preferidas, como Gotham, Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D, Greys Anatomy, Once Upon a Time, Jane the Virgin, How to Get Away with Murder  irão ter suas temporadas atualizadas. Entre as séries originais está o lançamento da 3ª temporada de Narcos.

Nos lançamentos dos filmes estão Amor.com, A escolha Perfeita 2, Ted 2, o longa Insurgente entre outros. Ainda, para quem curte especiais musicais, serão lançados George Harrison: living in the material world, Foo Fighters: back and fourth e Whitney: can I be me, contado sobre as trajetórias, as músicas e os sucessos desses artistas.

Confira a lista com as novidades do catálogo do mês de setembro na Netflix:

Séries

1º de setembro

 Aquarius (1ª e 2ª temporadas)

Gotham (3ª temporada)

Grey’s Anatomy (13ª temporada)

Jane the Virgin (2ª temporada)

Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D. (4ª temporada)

Narcos (3ª temporada)

Once Upon aTime (6ª temporada)

Pokémon the Series: XYZ (1ª temporada)

8 de setembro

 Bojack Horseman (4ª temporada)

Greenhouse Academy (1ª temporada)

15 de setembro

 American Vandal (1ª temporada)

16 de setembro

 How to Get Away with Murder (3ª temporada)

22 de setembro

 Fuller House (novos episódios)

25 de setembro

 DC’s legends of tomorrow (2ª temporada)

Star Trek: Discovery (1ª temporada)

Supergirl (2ª temporada)

29 de setembro

 Big mouth (1ª temporada)

 

Filmes

1ª de setembro

 Amor.com

Neve Negra

Papéis ao Vento

4 de setembro

 A Escolha Perfeita 2

Ted 2

8 de setembro

 #RealityHigh

15 de setembro

 First They Killed my Father

20 de setembro

 The Divergente Series: Insurgent

22 de setembro

 6 dias

Amores Canibais

29 de setembro

 Nossas Noites 

 

Especiais Musicais (documentários)

1ª de setembro

Surfar Por Uma Nova Vida

3 de setembro

 Whitney: Can I Be Me 

5 de setembro

 Marc Maron: Too Real

15 de setembro

 Foo Fighters: Back and Forth

George Harrison: Living in the Material World

19 de setembro

 Jerry Before Seinfeld

Tá ansioso? Conta para a gente qual é o seu filme e/ou sua série preferida na Netflix!

Atualizações, Música

Lady Gaga irá lançar documentário pela Netflix

A cantora Lady Gaga anunciou na manhã de hoje o lançamento do documentário “Gaga: Five Foot Two”. Se trata de um projeto da cantora com a Netflix, que irá estrear mundialmente no dia 22 de setembro.

Pôster de divulgação do documentário.

Dirigido pelo diretor indicado ao Emmy, Chris Moukarbel, o filme irá retratar as lutas pessoais de Gaga e o lançamento de seu álbum Joanne, em 2016. O documentário também irá mostrar os bastidores da super apresentação da estrela pop no Super Bowl 2017. Esta apresentação inclusive foi vista como o grande retorno da Mother Monster.

Em um dos previews divulgados em seu instagram, Gaga fala sobre sua relação com Madonna: “A coisa entre eu e Madonna? Eu sempre a admirei e sempre irei, independente do que ela pense sobre mim”. Quando lançou sua música Born This Way em 2011, a canção foi imediatamente apontada como semelhante ao sucesso de Madonna, “Express Yourself”. Como ‘resposta’, a rainha do pop incluiu Born This Way em sua turnê na época, logo em seguida de Express e cantando versos de “She’s Not Me” após, em uma clara indireta.

Vale lembrar que o lançamento chega na plataforma de streaming alguns dias após a Joanne World Tour passar pelo Brasil. O show único irá acontecer durante o Rock In Rio, no dia 15 de Setembro. Os ingressos estão esgotados. You go, mama.