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Shakira: zodíaco explica sucesso na música e superação
Jaume de Laiguana
Lançamentos

Shakira: zodíaco explica sucesso na música e superação

“As mulheres não choram mais, as mulheres faturam.” Foi com essa frase e a canção na qual ela está inserida que a aquariana Shakira ganhou os holofotes nos últimos meses. A música em questão se trata de um desabafo feito pela cantora após descobrir as supostas traições de seu ex-marido, o jogador de futebol Gerard Piqué.

A faixa “BZRP Music Sessions Vol 53”, que tem letra ácida, virou hit, quebrou a internet e também vários recordes de audiência. A música em parceria com o rapper BZRP estreou em primeiro lugar no Daily Global 200 do Spotify, alcançou a primeira posição em diferentes países 24 horas após estar disponível e também liderou a Billboard Hot Latin Songs.

Shakira deu a volta por cima e parece ter se acostumado a fazer hits, já que sua nova canção também é considerada um sucesso. A bola da vez é “Acróstico”, música feita em homenagem aos seus filhos, Milan e Sasha, que se tornou destaque da playlist do Spotify “Viva Latino”, com mais de 13 milhões de ouvintes.

Dona de uma voz inconfundível, a cantora pop internacional tem demonstrado estar bastante alinhada com seu mapa astral, devido às características de seu signo solar e ascendente. Nascida no dia 2 de fevereiro, Shakira é de Aquário, signo conhecido por sua originalidade e inteligência, aspectos facilmente identificados na artista. Além disso, ela também tem traços do mapa astral de Áries, graças ao ascendente.

Com base nos posicionamentos desses elementos, é possível entender, do ponto de vista astrológico, um pouco mais sobre a personalidade, o sucesso e a superação da cantora. Cabe ressaltar que, para obter informações mais precisas sobre uma pessoa, é preciso que se descubra no seu mapa astral a configuração de outros aspectos como Lua, planetas e casas astrológicas.

A força da mulher de Aquário

O signo solar de Shakira é Aquário, isso significa que, no momento em que ela nasceu, o Sol estava iluminando esse signo. Em revistas, jornais e sites de astrologia, aquarianos são descritos como excêntricos, criativos e sonhadores.

A astróloga Cláudia Lisboa explica que Aquário é um signo regido por Urano, do elemento ar, representado pelo aguadeiro, homem que rega a humanidade com o seu saber. Em relação às características desse signo, a profissional aponta que os nativos de Aquário são visionários, originais, inteligentes, organizados, bondosos, solidários e livres.

Todos esses aspectos podem ser identificados em Shakira, artista que mostra ser uma representante fiel do seu signo. Justa e criativa, a cantora soube, por exemplo, tirar aprendizados de uma situação que lhe causou dor para lucrar na indústria musical, mostrando que preza pela fidelidade e respeito nas suas relações.

A canção que relata a traição de seu ex-marido traz uma série de referências ao episódio, expressando a criatividade aquariana. No começo da letra, Shakira diz “Eu valho por duas de 22”, fazendo alusão à idade de Clara Chia, com quem Piqué teria um caso. Em seguida, a cantora brinca com o nome da jovem em uma palavra: “Tem nome de pessoa boa, Clara-mente é igual a você”. Fora as outras diversas referências à traição do jogador na canção.

Mas engana-se quem pensa que a inteligência aquariana de Shakira se resume apenas à facilidade de escrever canções. A cantora mostra uma busca incessante pelo conhecimento por meio dos idiomas. Shakira canta tanto em espanhol quanto em inglês, se arriscando em outras línguas como português, italiano, francês, catalão e árabe. Em diferentes entrevistas, é possível observar a desenvoltura de Shakira em diferentes idiomas.

Como se não bastasse, a artista também tem preocupação humanitária, uma característica forte dos solidários e bondosos aquarianos. Ela é embaixadora da Boa Vontade da Unicef colombiana, criou a Fundação América Latina em Ação Social e administra fundos para o combate à pobreza em todo o continente.

Uma loba com ascendente em Áries

Quem acompanha horóscopo e está por dentro da data dos signos, sabe que os arianos são conhecidos pela impulsividade, coragem, atitude, proatividade e sinceridade. Esse é o signo que está localizado na primeira casa astrológica do mapa astral de Shakira, também chamada de ascendente.

Segundo a astróloga Cláudia Lisboa, o ascendente fala da forma como o indivíduo se coloca no mundo, ou seja, da sua marca pessoal. Quem tem Áries na primeira casa apresenta características que também podem ser percebidas em Shakira.

Conforme explica a profissional, esse signo é regido por Marte, planeta forte que impulsiona realizações. Por esse motivo, uma pessoa com ascendente em Áries costuma ser impetuosa, com força para lutar pela própria independência e capacidade de levar a vida corajosamente.

Esses aspectos explicam a forma como Shakira conseguiu lidar com os percalços da vida de forma entusiasmada e cheia de atitude. Como uma postura ariana, ela mostrou força para superar e brindar sua liberdade após anos de traição.

Além disso, o ascendente em Áries também pode representar empoderamento e expressividade, pontos também evidentes na cantora. De acordo com Claudia Lisboa, pessoas assim tendem a passar para o mundo uma segurança acentuada e um poder que pode tanto inspirar quanto intimidar os demais.

Isso significa que, mesmo que uma pessoa com ascendente em Áries apresente insegurança, jamais irá deixar isso transparecer, fazendo jus à guerreira que é, unindo toda sua força e indo para o ataque.

Em meio às referências ao ex-marido na canção de sucesso, Shakira se denomina como “uma loba”, fazendo alusão à faixa “She Wolf” de sua discografia. No verso, a cantora diz que uma loba não deve se envolver com novatos como Piqué.

Shakira sempre mostrou poder

Canções com a temática de empoderamento não são recentes na carreira da cantora, outras faixas também trazem a potência do ascendente em Áries como “Hips Don’t Lie”, “Beautiful Liar” com Beyoncé e “Girl Like Me” com Black Eyed Peas.

Quando a canção “BZRP Music Sessions Vol 53” tinha alcançado 14 milhões de reproduções em apenas 24 horas, a cantora aproveitou para agradecer e empoderar mulheres, falando sobre os versos que escreveu.

“O que para mim era uma catarse e um desabafo, nunca pensei que chegaria direto ao número um do mundo aos 45 anos e em espanhol. Quero abraçar as milhões de mulheres que se revoltam diante dos que nos fazem sentir insignificantes. Mulheres que defendem o que sentem e pensam, e levantam a mão quando discordam, mesmo que outros levantem as sobrancelhas. Elas são minha inspiração”, desabafou a cantora nas redes sociais.

Por que a vida instagramável mostra um mundo de possibilidades e gera transtornos mentais na sociedade?
Atualizações

Por que a vida instagramável mostra um mundo de possibilidades e gera transtornos mentais na sociedade?

Muitas pessoas não percebem a sutileza entre o virtual e o real. A internet e a vida instagramável hoje é um “local” ideal, onde parece não haver espaço para a realidade. Usualmente a dicotomia entre a vida real e a vida virtual aparece evidenciando um distanciamento entre o que a pessoa vive de fato e o que posta nas redes sociais, o que pode gerar uma série de transtornos mentais.

O filósofo clínico, Beto Colombo, relata que muitas vezes, algumas pessoas são na internet, quem elas gostariam de ser, e não quem verdadeiramente elas são.

+ Filosofia clínica: Você sabe do que se trata?

“Para alguns a vida perfeita das redes sociais é o que mantém a pessoa motivada para encarar a dura realidade de um ônibus lotado, de um dia difícil de trabalho, de um chefe rude e de um salário magro. A rede social é um ambiente onde muitas pessoas se realizam, conseguem ir além do seu ambiente e viver uma felicidade, ainda que virtual”.

No entanto, para outros a vida perfeita, ou “instagramável”, dá gatilho e gera frustração, falta de sentido e outros males. “Às vezes a busca incessante pela perfeição do corpo, do relacionamento e da profissão, por exemplo, nos leva a uma jornada insana em busca da forma “ideal” de felicidade, forma esta imposta por uma “beleza” muitas vezes manipulada”, assegura Beto.

O filósofo clínico explica que algumas pessoas não conseguem se observar, não se conhecem e com o tempo, começam a acreditar que são o próprio personagem que elas inventaram e postam nas redes sociais. “Esse transtorno mental é reflexo de um vazio existencial, é um escape da vida real”.

A felicidade é vivida por cada um de um modo diferente, Beto explicou a diferença entre a felicidade “autêntica” e a felicidade das redes sociais.

“Para alguns o mundo real é frio, feio, escuro e o ambiente virtual é um mundo de possibilidade. Já a autenticidade da felicidade não está onde ela é vivida, mas como ela é vivida”.

Beto Colombo diz que as redes sociais, em si, não prejudicam ninguém, se os usuários souberem utilizá-las. Mas ele alerta que se a pessoa não tiver lucidez, discernimento, motivação e disciplina, as redes sociais poderão causar um rombo sináptico muito sério. E isso pode trazer sérios desdobramentos densos e atingir não só a vida pessoal, mas profissional e social.

Review: Casamento às cegas - Brasil (2021)
Filmes, Reviews de Séries, Séries

Review: Casamento às cegas – Brasil (2021)

Casamento às cegas é um reality show brasileiro da Netflix, que assim como a maioria, importou seu formato de fora do país. Consiste em um experimento: no início, homens e mulheres conversam entre si em uma cabine, um sem ver o outro. E a partir disso, precisam dar um match e se pedirem em casamento, para que então, possam se conhecer pessoalmente. Essa primeira fase, tem uma vibe meio “Solitários”, exibido pelo SBT há alguns anos. Os homens podem interagir entre si e as mulheres também, mas homens e mulheres só interagem na cabine. A primeira coisa que me chama a atenção nesse ponto é: temos apenas casais héteros e cisgêneros, dentro do padrão.

Review: Elite (2018)

Depois que os casais se conversam, o experimento de Casamento às cegas vai para a segunda fase: a de formar casais. São cinco que conseguem dar o match e vão para uma espécie de lua de mel, em um resort, com tudo o que tem direito, para que possam se conhecer melhor. Nas conversas das cabines, me lembro de pensar: meu Deus, por que esse pessoal todo não se junta e faz um pacote de terapia? É nítido que a paixão que eles criam pelo outro, é por suas próprias fantasias e projeções. Você compra uma ideia na cabine que já vem de você, mas que parece estar no outro e acredita que aquilo é amor. Depois, na lua de mel, apesar dos primeiros atritos, tudo ainda é fácil. É simples dizer que ama o outro em um resort cinco estrelas, com champanhe e nenhuma preocupação cotidiana.

Na terceira fase do experimento, a coisa começa a ficar complicada: os casais vão morar juntos, experimentar a rotina de verdade de um casamento. Aqui, é o retrato mais real de uma vida conjunta. Os problemas surgem, o jeito do outro incomoda, tudo o que era uma qualidade nas conversas das cabines é um defeito agora… Mas, tudo é em nome do amor, certo? O fato é que é impossível amar o que não se vê e o que não se conhece. Os participantes são movidos pela paixão e pela fantasia que nutre esse sentimento e acham que isso é amor, quando na verdade, amor é escolha, é construção, é ver o outro como ele é. O amor é enxergar o outro despido de nossas projeções e de nossas fantasias e idealizações.

Em Casamento às cegas vemos as pessoas entrarem em atrito por perceberem que o outro não é responsável pelas suas expectativas. Compra-se uma ideia invisível, na cabine, que alimenta de forma não saudável uma ilusão do imaginário coletivo das pessoas. E quando a projeção já está estabilizada, ela é colocada com toda força no colo do outro, que não corresponde às expectativas. Afinal, a expectativa é sempre nossa. Ao meu ver, o programa escancara as vulnerabilidades de seres humanos imperfeitos e, talvez, os faça enxergar que primeiro vem o amor próprio, depois o amor recíproco. É preciso entender que quem segura os seus B.Os é você, e não o outro. O outro precisa vir para somar e essa é uma construção diária e que pode levar tempo.

A mensagem que o reality show nos deixa é que precisamos enxergar a outra pessoa para então, poder ama-la. Quando tornamos o outro invisível, alimentamos as nossas projeções e expectativas e as colocamos acima da pessoa humana real e tangível que está na nossa frente, com erros, acertos, desejos e sentimentos. O outro pode sim, corresponder ao que esperamos. Mas, não é sempre que vai ser assim. O que nós esperamos é fantasia. O que acontece no real é distante do que acontece no nosso imaginário. E é isso que Casamento às cegas nos mostra, de forma tão dolorida, disfarçada de programa de entretenimento.

contrato psicanalítico
Atualizações, Sociedade

A importância do contrato psicanalítico

Tudo o que fazemos na vida envolve um contrato, seja ele o que chamaremos de “formal” ou “informal”. No caso das ações formais, escrevemos em um pedaço de papel todos os direitos e deveres, assinamos com todas as partes envolvidas e reconhecemos em cartório. No caso das ações mais corriqueiras, do dia a dia, estabelece-se um vínculo, um compromisso.

É importante notar que, apesar de diferenciar como ações formais e informais, moralmente falando, os vínculos e compromissos tendem a ser levados mais a sério que contratos escritos. Talvez isso se deva a cláusula de encerramento que todos os contratos ditos “formais” devem ter. Eles já começam com hipóteses muito claras de como terminarão. E esse não é o caso do contrato psicanalítico, que, apesar de se estabelecer no que chamo de “ação informal”, não se sabe quais caminhos enveredarão até seu final e sua conclusão.

Psicanálise: a técnica pela fala

A psicanálise é a ciência da interpretação e do inconsciente. Não é exata, ela reside nas particularidades de cada ser humano. Nas “impressões digitais psíquicas”. E para acessar essas particularidades, que estão no inconsciente, escondidas, recalcadas, usa-se da fala por meio da associação livre. O paciente começa falando, associando suas ideias livremente e o analista, uma vez estabelecida a transferência, entra nesse mundo de significantes e significados ajudando a desatar os nós.

Essa associação livre de induções e de julgamentos é o caminho para se conhecer o inconsciente, isto é, as “impressões digitais psíquicas” de cada ser humano. Uma vez encontrado esse caminho, é a hora de colocar as mãos na massa. É hora do paciente se conhecer, com a ajuda de seu analista.

A entrevista na psicanálise e a transferência

Ao começar qualquer tipo de terapia, é comum que o paciente queira conhecer seu terapeuta. Ver se “o santo bate”, se “rola o feeling”. No entanto, esse processo não deve e não pode ser unilateral. Precisa acontecer dos dois lados e é para isso que a entrevista psicanalítica é feita antes do processo de análise propriamente dito começar.

O processo do “santo bater”, é nada mais que a transferência entre analisando e analista. Aquele dá permissão para que este entre e fique imerso em sua rede de significados, símbolos e significações. Dessa forma, o psicanalista pode indagar de forma mais assertiva, propor interpretações e ajudar no debate do paciente consigo mesmo. E o direcionamento desse processo acontece durante a entrevista psicanalítica.

Chamada por Freud de “tratamento de ensaio”, a entrevista era um processo em que se conhecia o analisando e o “admitia” em análise. Era quase como se fosse uma prova, para ver se ele estava apto para prosseguir. Depois, Lacan chamou esse processo de “entrevista preliminar”, que selaria o contrato psicanalítico em si, procedimento que é usado até nos dias de hoje, com suas devidas adequações.

Posto isso, podemos dizer então que a entrevista psicanalítica é aquele primeiro encontro entre analista e analisando para ver se o “santo bateu”, para que a transferência aconteça de forma direcionada àquele analista em específico. Da mesma forma que o sujeito procura com suas preocupações iniciais, o analista, por sua vez, identifica a demanda de análise com aquele paciente em uma hipótese diagnostica. Ele precisa conhecer a motivação inconsciente (desejos, disponibilidades, expectativas), o funcionamento psíquico (vínculos afetivos, modo de se ler e de ler o mundo) e a organização da personalidade (quadros neuróticos, psicóticos, perversos) para então estabelecer um corte, com o fim da entrevista, para dar entrada no método analítico, com o discurso analítico em si. Isto claro, se o paciente for aceito em análise, como debateremos no próximo item.

A hipótese diagnóstica e a histericização do discurso

O sujeito a ser analisado é quem procura o analista, quase que na totalidade dos casos.  Com isso, ele se apresenta por meio dos seus sintomas, dos seus significantes. A entrevista começa a partir desse instante. Nela, o paciente associa livremente e o analista deve falar o menos possível, apenas para manter o futuro analisando falando. Nesse primeiro momento, não se interpreta o seu discurso, deixa-se que o sujeito apenas introduza os significantes e as suas estruturas, conforme explicamos no tópico anterior.

Com a fala do paciente, entra a questão diagnóstica em jogo e cabe ao analista formular as primeiras hipóteses em sua cabeça. Com isso, ele decide se irá ou não receber aquela demanda de análise. “O fato de receber alguém em seu consultório não significa que o analista o tenha aceito em análise” (Quinet, 1991, p.15). Caso o analista perceba a presença de riscos pelos quais não poderá se responsabilizar ou caso o paciente se encontre num estágio em que se torna difícil levar a análise adiante, o psicanalista pode não se autorizar a estar naquele processo.

No entanto, caso o analista se autorize para aquele analisando, sela-se o contrato analítico. Nesse primeiro momento, no início do processo, o sujeito analisando pode colocar o analista em uma posição de autoridade, como se tivesse todas as respostas do mundo. É preciso então, começar uma construção, por meio da fala, de ligar significantes e significados com o analisando para que ele possa, sozinho, reconhecer de onde vem os sintomas de sua demanda analítica, por exemplo. Com isso, aos poucos, o analista vai entrando nessa “teia” do paciente e estabelece-se de uma vez por todas, a transferência, que é primordial para que a análise aconteça. A partir de então, os sintomas analíticos passam a ser um enigma para o paciente, que será apontado para uma divisão, isto é, para um processo de decifração.

Feito isso, o analista vai induzindo e questionando o analisando a entender seu discurso e a compreender esse enigma da sua mente. Claro que, o analista, em um primeiro momento, pode compreender algo mais depressa que o analisando, mas não deve “contar” a ele. Pode ser que ainda não seja o momento e que ele não esteja preparado para receber a informação.

O analista deve guiar, mas o nó precisa ser desatado pelo analisando no final das contas.

Filmes, Novidades, Reviews de Séries

LGBTQIA+: Do armário para a sala

Com a chegada das séries internacionais aos nossos computadores entre as décadas de 90 e 2000 e principalmente com o crescimento de streamings, como Netflix e Amazon, observamos também a evolução da temática LGBTQIA+ nas histórias, anos-luz à frente da realidade brasileira, ainda hoje repleta de estereótipos e superficialidades nas produções.

Quando a Netflix era só mato, a TV americana Showtime lançou Queer as Folk (2000-2005) e, anos depois, The L Word (2004-2009), duas séries que retratavam a cultura LGBTQIA+: não apenas personagens gays ou lésbicas dentro de um contexto heteronormativo, mas sim o universo LBGTQIA+ com seus protagonistas, cenários, enredos, dramas, romances, vidas sexuais e, claro, homofobia. Lembro de assistir e reconhecer o ambiente onde estava inserido e, pela primeira vez, perceber que a minha realidade e a dos meus amigos foi representada. Para o mercado, foi um chute na porta ao personificarem seres humanos e universos, até então, invisíveis.

A partir daí muitos roteiristas decidiram incluir personagens LGBTQIA+ em suas séries, a maioria consciente da necessidade de representatividade em suas histórias. Uma delas foi a americana How To Get Away With Murder (2014-2020, Netflix): Connor Walsh (Jack Falahee) é um jovem advogado, bonito, um tanto sem escrúpulos, que entra para a equipe criminalista liderada por Annalise Keating (Viola Davis). Connor é gay, mas a série retrata sua história pessoal como retrata a dos outros personagens, sem utilizar a orientação sexual dele para alívio cômico – tudo dentro do universo gay que Connor vive. Sem spoilers, mas temas tão presentes no mundo LGBTQIA+, como sexo descartável, HIV e casamento aberto, são abordados.

Com um terreno fértil sendo criado, a série Transparent (2014, Amazon) ousou ao contar a história de uma família que recebe a notícia de que o homem que eles conheciam como pai é uma mulher transgênero. E, recentemente, Pose (2018, Netflix) voltou à Nova York dos anos 80 e mostrou mulheres trans, expulsas de suas famílias, que criaram casas de acolhimento para pessoas na mesma situação de vulnerabilidade. A série é primorosa em retratar a dor, o preconceito (inclusive dentro da própria comunidade LGBTQIA+), a falta de oportunidades e as dificuldades da autoaceitação, tudo com um humor ácido e irresistível. No fim da temporada, você só quer dar um abraço na Blanca e (até) na Elektra, pois suas dores são diferentes, mas igualmente cruéis.

Quer uma série mais leve, mas igualmente necessária? A britânica Sex Education (2019, Netflix) é uma comédia que retrata os conflitos de jovens descobrindo suas vidas sexuais. Um detalhe simples que resume o DNA da série é o fato de o melhor amigo do protagonista, branco e heterossexual, ser um jovem negro e gay, e nenhum desses dois assuntos sequer ser motivo de conversa entre eles. Mas, como a sociedade não entende com a mesma tranquilidade, os conflitos acontecem. É um banho de naturalidade como gostaria de ver nas novas gerações, seja no Reino Unido, seja no Brasil.

A arte é uma ponte necessária para o entendimento do universo LGBTQIA+, principalmente para a conscientização de uma sociedade alimentada há anos com estereótipos e preconceitos. E, quando essa ponte está na sala de casa, dentro de uma série, apresentar personagens verossímeis traz a esperança de aproximar os dramas da ficção às dores reais de uma comunidade ainda tão vítima de discriminação.

Análise Capitães da Areia, de Jorge Amado
Livros, Resenhas

Análise: Capitães da areia, Jorge Amado

O livro “Capitães da areia” é um dos grandes sucessos do autor Jorge Amado. O romance que se passa na cidade de Salvador, conta a história de um grupo de meninos de rua. Esses meninos praticam pequenos furtos e roubam, além de assustar os moradores da cidade. Jorge Amado utiliza o livro para mostrar a realidade que leva esses meninos a cometerem os crimes.

Logo no início, o livro mostra uma série de reportagem sobre os meninos. Eles são conhecidos como “Capitães da areia”, e a história se direciona para mostrar a vida individual deles. O chefe do grupo é Pedro Bala, um menino que é filho de um grevista e segue a risca a ideologia do pai. Além de Pedro, outros integrantes vão sendo apresentados ao longo da narrativa. Em nenhum momento o autor tenta justificar os roubos, apenas apresenta ao leitor que o meio e a condição de vida dos meninos influencia diretamente suas decisões.

Um dos personagens é O professor, um menino que sabia ler e passava as noites lendo. Gato é outro personagem que compõe a trupe. No livro, ele é descrito como muito bonito e vaidoso, e isso faz com os outros meninos do bando se sintam ameaçados por ele. Durante a história, Gato se apaixona por uma prostituta e passa a se relacionar com ela. Outro personagem de destaque é Sem pernas, por ser manco, ele era utilizado como distração para a gangue praticar os roubos. A única menina do grupo é Dora, que sofre por ser mulher e órfã.

Em certo momento da narrativa, Pedro Bala e Dora acabam sendo presos por tomarem a culpa pelo bando todo. Após os Capitães da areia libertarem Pedro, encontram Dora em um orfanato quase morta. Dora passa alguns dias com os meninos e morre, o que é uma situação chave no roteiro. A partir da morte dela, os meninos passam a trilhar caminhos diferentes e traçar seu futuro.

Por ter um narrador onisciente (aquele que sabe de tudo), a leitura flui facilmente. A escrita do autor te envolve rapidamente e te faz agarrar na história desde o primeiro capítulo. A temática do romance é o descaso social, que é mostrado com clareza ao longo da história. O assunto é abordado por meio de falas das personagens ou comentários do narrador. Além disso, outro ponto também muito citado é ausência da presença materna, no capítulo “Família”. O menino Sem pernas entrava em casas ricas, dizia que era órfão e pedia um lugar para morar. Depois que se instalava, ele chamava os Capitães da areia para cometerem furtos. Neste capítulo, no entanto, o personagem conhece pessoas que o acolhem como verdadeiro filho e fica balançado. No fim, Sem pernas decide ser leal ao grupo e comete o roubo.

O livro é tão pedido em provas e vestibulares porque tem uma temática atemporal. Os problemas decorrentes na narrativa, infelizmente, estão presentes na nossa sociedade até hoje. Jorge Amado consegue nesta obra nos fazer refletir sobre nossa própria realidade. É impossível ler “Capitães da areia” e não sentir empatia, compaixão e tristeza. É necessário pensar sobre o mundo, e mais do que isso, tentar lutar sobre o que o destino nos impõe.

Os pobres não tinham nada. O padre José Pedro dizia que os pobres um dia iriam para o reino dos céus, onde Deus seria igual para todos. Mas a razão de jovem Pedro Bala não achava justiça naquilo. No reino do céu seriam iguais. Mas já tinham sido desiguais na terra, a balança pendia sempre para um lado. (Capitães da areia, p.94)

Livros, Resenhas

Resenha: Dois Irmãos, Milton Hatoum (+ Graphic Novel)

Narrado em primeira pessoa por Nael, filho da empregada Domingas, Dois Irmãos gira em torno da rivalidade entre Omar e Yaqub, irmãos gêmeos de origem libanesa que moram em Manaus. Apesar de idênticos na aparência, os gêmeos têm personalidades completamente diferentes.

Na tentativa de evitar o conflito entre os irmãos, Halim manda os filhos para Líbano. Mas Zana intervém para evitar que Omar vá embora. Dessa forma Yaqub parte para o exterior, retornando cinco anos depois, ainda ressentido ao constatar a rejeição da própria mãe.

Omar, o caçula, é protegido por Zana. Mimado e inconsequente, não estuda e não trabalha. Por outro lado, Yaqub é um rapaz responsável, que estudou em São Paulo para se tornar engenheiro.

Halim, esposo de Zana e pai dos irmãos, sofre com a obsessão da mulher com Omar. Desde o início do casamento, Halim rejeitava a ideia de ter filhos, pois temia o distanciamento da esposa.

Publicado no ano 2000, Dois Irmãos ganhou o Prêmio Jabuti no ano seguinte, e desde então vem sendo considerado um clássico da literatura contemporânea brasileira. Através do ódio entre os gêmeos, Milton Hatoum narra a ascenção e queda da família de Halim e Zana, e também conta um pouco da história de Manaus no início do século XX. Além disso, no decorrer da história, o narrador-personagem Nael busca descobrir a verdadeira identidade de seu pai.

Em 2015, a trama de Hatoum foi adaptada em uma graphic novel por Fábio Moon e Gabriel Bá – ironicamente dois irmãos. O trabalho recebeu diversos prêmios internacionais, entre eles o Eisner Awards, considerado o Oscar dos quadrinhos. Em breve, teremos um post exclusivo aqui no site mostrando apenas a graphic novel para vocês, então fiquem de olho! 😛

Dois Irmãos também foi adaptada para a televisão, numa minissérie dirigida por Luiz Fernando Carvalho, na Rede Globo. No elenco, grandes nomes como Eliane Giardini e Antônio Fagundes. Irandhir Santos interpretou Nael, e Cauã Reymond deu vida aos gêmeos Yaqub e Omar.

alien covenant
Filmes

“Alien Covenant” é obra-prima de Ridley Scott

Alien: Covenant é sensacional. Você ouviu o contrário? Já assistiu e está se perguntando se eu entrei na sessão errada? Eu consigo explicar. Não é tão difícil entender porque o filme não atendeu às expectativas de tantos fãs; mesmo sendo uma sequência direta de Prometheus (2012) que, por si só, dividiu o público, o retorno do título “Alien” fez com que muitas pessoas esperassem um filme de terror. O próprio cartaz do filme, com a cabeça do Xenormorfo abaixo da frase “Corra”, indicava que seria uma experiência eletrizante. Ao invés disso, tivemos cenas profundas e diálogos complexos, tudo dentro de uma fotografia linda e cuidadosamente trabalhada.

Vamos analisar os momentos cruciais do filme, o que eles significaram para a saga Alien e porque, por si só, o filme tem seu mérito como uma das maiores produções de Ridley Scott. Mas claro, para isso, haverão MUITOS SPOILERS.

[SPOILERS ABAIXO]

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