Livros, Resenhas

Resenha: O Ano que Te Conheci, Cecelia Ahern

 Bem-vindos ao mundo imperfeito de Jasmine e Matt. Vizinhos, eles não têm o menor interesse em tornarem-se amigos e nunca haviam se falado antes. Estavam sempre ocupados demais com suas carreiras para manter qualquer tipo de contato. Jasmine, mesmo sem nunca tê-lo encontrado, tem motivos para não suportar Matt. Ambos estão em uma licença forçada do trabalho e sofrendo com seus dramas familiares. Eles precisam de ajuda. Na véspera de Ano-Novo, os olhares de Jasmine e Matt se encontram de forma inusitada pela primeira vez. Eles têm muito tempo livre e precisam rever seus conceitos para poder seguir em frente. Conforme as estações do ano passam, uma amizade improvável lentamente começa a florescer. Uma história dramática, original e divertida como só Cecelia Ahern é capaz de escrever.

Desde que li “A vez da minha vida” fiquei fã da autora Cecelia Ahern. Me identifiquei muito com sua escrita e o desenvolvimento de suas histórias. Como ela aborda temas delicados de uma forma leve, emotiva e clara. “O Ano em que te conheci” não foi diferente, é um livro sobre a descoberta e a busca pelo autoconhecimento, por verdades que as vezes estamos ocupados demais com nossas vidas, para parar e analisar.

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O livro é narrado por Jasmine Butler, uma mulher bem sucedida, “workaholic” assumida, que não tem mais tempo para nada a não ser seu trabalho e sua irmã Heather. Após a morte da sua mãe, Jasmine virou super protetora e se sente responsável pela sua irmã que tem Síndrome de Down. Ao longo do livro percebemos o carinho, a rotina e como as pessoas envolvidas lidam com isso, achei de uma sensibilidade enorme a maneira pela qual a autora aborda o assunto.

Amo minha irmã, amo tudo sobre ela. Se eu pudesse, ficaria de olho nela sempre, mas ela não deixa. Depois de anos tentando ensiná-la de maneira que ela não poderia entender, o que finalmente aprendi com minha irmã é que Heather sempre foi e sempre será a professora, e eu sua aluna.

Jasmine se vê perdida, quando é demitida da empresa que ajudou a construir. Seu contrato a obriga ficar 1 ano de licença remunera antes que arrume outro emprego. Impedindo que seja contratada por empresas concorrentes, nem passe informações pertinentes. Agora tempo é o que ela teria de sobre, mas o que fazer com ele? Encontro com as amigas que não trabalham, visitas a maternidade, cafés a tarde. Tudo isso, depois de um tempo se torna monótono e cansativo, e cada vez mais Jasmine se sente fracassada e sem futuro.

Seu vizinho, Matt Marshall, tem um programa polêmico de rádio, também passa por problemas. Mesmo não gostando dele, ela começa a vigiá-lo. E fica submersa em sua vida começando aos poucos a se identificar com ele. O que era antes, uma relação de ódio, se transforma uma grande amizade. Além dele, ela começa a se interessar pela vida de seus vizinhos, o que nunca tinha passado por sua cabeça tão ocupada e submersa em trabalho. Um certo dia, depois de mais uma decepção, Jasmine decide cultivar um jardim e tudo começa a mudar depois disso.

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Milagres só crescem onde você os planta.

A historia se divide entre as quatro estações do ano. E 12 meses parece uma eternidade para ficar sem trabalho, em casa, fazendo absolutamente nada. Mas esse tempo se torna preciosos, e faz com que Jasmine reveja seus conceitos, transforme sua vida, mude seus hábitos.

O livro foca principalmente nos dilemas que temos na vida, família, trabalho, amizades, relacionamentos. Ele te leva a questionar suas prioridades, suas decisões e principalmente,  mostra que a amizade pode estar onde você nem imagina. Todo ele é focado na busca do autoconhecimento e amadurecimento dos personagens. Que são imperfeitos, cheios de inseguranças, medos. Que procurando seu lugar no mundo, fazem uma jornada em busca de si mesmos, para conseguir lidar com as dificuldade e adversidades, ao mesmo tempo que tentam ser corajosos, seguros e equilibrados.

Todos nós temos momentos marcantes em nossa vida, períodos que influenciaram mudanças pequenas ou profundas dentro de nós. Posso pensar em quatro momentos transformadores para mim: o ano em que nasci, o ano em que soube que ia morrer, o ano em que minha mãe morreu e agora tenho um novo, o ano em que te conheci.

A mensagem do livro é simples, mas que nos faz refletir: diminua o ritmo, respire, expire, explore, escute, admire, se solte, cobre-se menos e não se preocupe se a vida não saiu como o programado. Deixe que ela corra de maneira mais leve e livre, e busque encontrar o seu verdadeiro caminho.

Vale a pena a leitura e a reflexão. Super recomendo!

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