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Crônica: Prometo desistir

Desistir. Parece uma palavra forte com sentido fraco. Porque dizem que só os fracos desistem. Mas jamais pensaram o quão forte é preciso ser para permitir que algo se parta assim. Se vá. Não gosto de coisas indo embora, sabe. É complicado cultivar algo para a morte, você não acha? Investir em algo para o fim parece tão sem sentido.

É necessário força para deixar ir. Mesmo com lágrimas nos olhos, deixar ir parece errado, parece algo altruísta quando precisa-se de egoísmo. Às vezes precisamos, e muito, de egoísmo. Pensar em nós mesmos. Mas cara, como é amargo o gosto de precisar de alguém. Pessoas viciam mais que cocaína. E a vontade se torna pura necessidade.

Desistir da necessidade.

Só te pergunto então, como? Como desistir de algo que é extremamente necessário? Imagina como é perder algo que é seu vício de maneira repentina? É como estar andando na rua e o chão então sumir. Improvável, assim como é praticamente impossível desistir da necessidade. Imagina só desistir de fazer xixi? Você consegue? São analogias simples, apesar de complexas.

Desistir não é um ato de fraqueza, portanto. É algo corajoso, forte e até mesmo, altruísta. Talvez precisemos abnegar mais. Deixar que as coisas nos incompletem para que novas coisas nos preencham. Talvez não da maneira como era antes. Talvez maior, talvez menor… Melhor ou pior.

Não posso prometer nada, senão falhar. Vou errar, falhar, desistir e ser imperfeito. Porque sabe, ser certinho não tem muito a me acrescentar. Não aprendo acertando, sucedendo, vencendo e sendo perfeito. Então, prometo falhar. Prometo desistir.

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