Críticas de Cinema

Crítica de Cinema: Superpai (2015)

Uma festa com os amigos, uma esposa deprimida, um filho pequeno e uma sogra acidentada. O que fazer quando esses quatro fatores se cruzam para atrapalhar a única chance de se apagar erros de um passado não muito distante?

Superpai é uma produção brasileira que conta o caso de Diogo, um homem que parece não aceitar muito bem a vida adulta e que tem a chance de, numa festa de reencontro dos amigos da escola, reparar um erro que manchou sua reputação para sempre. Acontece que ao mesmo tempo em que se prepara para a noitada, sua sogra sofre um acidente fazendo com que sua esposa tenha que ir cuidar da mãe. O resultado? Diogo precisa ficar com o filho.

Seguindo o movimento, Superpai caminha junto com o gênero comédia que vem crescendo nas produções brasileiras desde o sempre bem lembrado “Se Eu Fosse Você”. O filme possui um humor típico de brasileiro, permeado com uma linguagem próxima da realidade e com um foco principalmente na situação e não no ambiente – resumindo, não é apenas um filme embalado com sexo e palavrão.

Danton Mello, ao lado de Dani Calabresa, Thogun Teixeira, e Antonio Tabet são os protagonistas do longa dirigido por Pedro Amorin (“Mato Sem Cachorro”, 2012). A atuação do quarteto puxa o ponto alto do filme que é a naturalidade com que as situações são criadas, encaradas e resolvidas. As personagens são apresentadas e desenvolvidas de maneira sutil, sem colocar uma sobre a outra, mostrando personalidades únicas no enredo que tiram a melhor gargalhada de cenas aparentemente simples.

“Em um minuto você é uma lenda do pôquer. No minuto seguinte você está casado com uma mulher viciada em calmantes e tem um filho que não sabe ler nem escrever.”

A história é muito bem construída e narrada, pelo ponto de vista de Diogo (Danton Mello), que precisa encontrar um lugar para deixar o filho e poder ir à festa. Acontece que na volta, ao buscar a criança, Diogo se confunde e acaba trazendo um filho que não é o dele.

O menino que Diogo leva embora é japonês e talvez seja aí que as críticas podem começar a pesar. O filme é recheado de piadas com a etnia do garoto que é apelidado de Jaspion, Tamagochi, Pokémon e outros personagens da cultura pop japonesa. Cá para nós, já passamos dessa fase. Não vejo como é possível interpretar qualquer uma das “piadas” como ofensa ao povo nipônico. Enfim…

“Qual o seu nome galoto? Fala poltuguês?”

Quebrando um pouco a rotina de um filme de comédia e seguindo uma tendência já explorada pelas produções americanas, o fim da trama revela um lado mais denso e complicado, quebrando a ideia de que o filme é apenas mais um filme para você dar boas risadas e fim. A verdade a respeito de “Jaspion” traz à tona uma realidade muitas vezes mascarada na sociedade – assista e verá.

O elenco conta ainda com Rafinha Bastos e Danilo Gentili que, apesar de não estarem no núcleo principal, fazem um excelente papel no longa.

Superpai tem indicação mínima de 16 anos por conter violência e linguagem pesada e, apesar de ver alguns pais com crianças no cinema, esse é um caso em que é realmente indicado seguir a classificação indicativa. Apesar da temática envolver crianças, não é um bom filme para se ver com o “pequeno” do lado.

No mais, Superpai mostra que o cinema brasileiro está indo muito bem, obrigado, destruindo aquela imagem supérflua e generalizada de que cinema bom é Hollywood. Além de pessoas conhecidas, novos nomes estão surgindo na mídia e sendo muito bem explorados por produções independentes de roteiro prévio. Agora, aproveitando o embalo, aproveito para deixar a sugestão de que sejam vistos mais filmes nacionais e que, além disso, que sejam feitas mais adaptações de obras clássicas brasileiras. Se a ideia vêm obtendo grandes resultados no exterior, com os filmes incitando as pessoas a lerem os livros, porque não usar da mesma teoria aqui no Brasil?

Se interessou? Assista ao trailer aqui e comente nas redes sociais com a tag #BecoLiterário.

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