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Crítica de cinema: Bruxa de Blair (2016)

A temática do terror juntamente da técnica de found footage, que consiste na gravação de um filme passando-se por documentário com uma câmera menos sofisticada, traz diversas possibilidades de inovação e uso de recursos alternativos. Desde seu auge nos anos 90, tem sido utilizado em diversos filmes de sucesso, como Atividade Paranormal e REC. Isso nos leva a 2016, com o lançamento de Bruxa de Blair, continuação do primeiro filme lançado em 1999.

A Bruxa de Blair é um dos marcos do cinema. Além de inovar o gênero de found footage, a estratégia brilhante de produção e marketing o tornou um dos filmes mais importantes do cinema dos anos 90 e o longa independente lucrou milhões mundo afora. Seguindo praticamente a mesma premissa de seu antecessor, um grupo de jovens decide retornar à floresta de Black Hills para descobrir a verdade sobre o mito que cerca a cidade de Burkittsville.

A diferença está no fato disso ser consequência direta dos acontecimentos do primeiro filme, onde acompanhamos James (James Allen McCune), irmão da protagonista do original, organizar essa expedição para descobrir a verdade sobre o que aconteceu na noite do desaparecimento de sua irmã. A partir daí, observamos uma estrutura narrativa quase que inalterada, com algumas atualizações tecnológicas e novos rostos.

O roteiro está bem amarrado, mas peca nas viradas previsíveis e momentos de tensão quase inexistentes. Ademais, a aposta nos arquétipos de personagens já batidos torna a construção de alguns muito superficiais e não é possível se apegar a nenhum deles, o que impossibilita a conexão do espectador com o medo e o desconforto das personagens em cena. As únicas figuras que provocaram algum tipo de mistério e curiosidade foram Lane e Talia, cidadãos locais de Burkittsville que guiavam a expedição pela floresta.

Apesar da ótima direção de Adam Winagrd, que utilizou todo o potencial das novas câmeras para fazer cenas de ação mais concretas, o filme se prende aos tradicionais jump scares e sustos fáceis que geralmente não têm nenhuma conexão com algo sobrenatural, vide portas batendo e janelas rangendo. Ainda assim, a criação de uma atmosfera de horror, com a câmera apontando para o desconhecido e os sons da floresta amplificados salva alguns momentos.

No fim das contas, o longa não provoca no espectador aquilo que esperava e mostra o quão desgastado o gênero se tornou ao longo dos anos. O impacto definitivamente não se equipara e o torna puramente comercial e pouco ousado.

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