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Unbreak my heart
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Resenha: Unbreak My Heart, Nicole Jacquelyn

Definitivamente uma palavra para definir Unbreak My Heart é difícil, mas não por causa de sua construção de história, que é simplesmente maravilhosa, mas porque aborda um tema complicado: como abrir mão do sentimento de amar um homem, porque ele casou com sua melhor amiga, e como amar intensamente os filhos do homem quem você ama, lidar com a morte da melhor amiga, e o desenvolvimento completamente complicado com o homem que você nunca conseguiu deixar de amar.

Isso é a versão resumida da história de Kate, uma garota maravilhosa com o coração maior que o mundo, que ama incondicionalmente Shane, o marido da sua melhor amiga, apesar dele ser um completo babaca com ela, o sentimento que ela nutre por ele é maravilhoso, e o amor que ela constrói em relação aos filhos deles é igualmente admirável.

Após a morte de sua melhor amiga, ela é quem tem que tomar conta das 4 crianças, pois S é do exército o que faz com ele esteja constantemente trabalhando e em missões que levam meses. Ela começa a praticamente criar sozinha 4 crianças com menos de 10 anos, mas nunca pensa em desistir ou abandonar aqueles que considera praticamente seus filhos.

A relação entre Kate e Shane nunca foi a das melhores, e tudo só piora depois de uma noite onde as consequências e pensamentos foram deixados de lado, e as emoções e sentimentos tomaram conta, e a relação que já era complicada só acaba por se tornar mais enrolado e louca do que já era.

Unbreak My Heart é uma história sobre uma mulher que ama com todo seu coração, um cara complicado que não conhece e esconde de si mesmo aquilo que sente, uma história de crianças maravilhosas, é uma história sobre amor, verdades e sentimentos intensos que a vida pode proporcionar.

Resenha: Fangirl, Rainbow Rowell
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Resenha: Fangirl, Rainbow Rowell

Sabe quando você se identifica tanto com o personagem que parece que estão escrevendo sobre você ali? Então, foi exatamente o que me aconteceu quando eu li Fangirl, esse livro tem uma essência tão gostosa, um jeitinho tão maravilhoso de conduzir essa história fofa e que fez com que eu tivesse uma identificação de alma com a personagem principal, Cath.

O livro é sobre a iniciação de Cath na faculdade, longe de casa e de seu pai, o que traz para ela um sentimento de medo e nervosismo, mas pelo menos ela terá sua irmã gêmea Wren do seu lado certo? Claro, se sua irmã não tivesse decidido que queria vivenciar essa nova fase da vida, dividindo o quarto com uma estranha e não a irmã com quem sempre dividiu o quarto, e aproveitando novas experiências longe e de uma maneira completamente oposta a personalidade tímida e de certa maneira isolada irmã Cath.

+ Resenha: Sempre em frente (Carry On) – Simon Snow #1, Rainbow Rowell

Durante os finais de semana enquanto Wren vai a festas e conhece novas pessoas, Cath se limita a ficar em seu quarto, com quem divide com uma garota que a assusta um pouco por causa da personalidade forte, estuda e escreve sua fanfic baseada em uma série de livros, Simon Snow, que é apaixonada desde criança e até hoje mantém essa paixão viva.

No decorrer da história, é mostrado a maneira que a personagem tem que lidar com o seu autoconhecimento, novas descobertas e a mudança que ela passa, onde ela abre mão de algumas coisa para poder crescer e conhecer novas felicidades. E uma dessas felicidades é Levi, o ex namorado da sua colega de quarto, uma pessoa tão maravilhosa, doce, apaixonante e uma pessoa com bom coração, que é difícil não se apaixonar perdidamente por ele, assim como nossa querida Cath fez.

Fangirl é um livro que também aborda problemas familiares como abandono e busca pela independência da maneira errada. Uma história leve e gostosa de ler, com alguns pontos de tensão que dão a ela fluidez e desperta o desejo de mais. Por isso quando acabei com ele fiquei levemente decepcionada por não contar com uma continuação, mas entendi que aquele foi o momento de encerrar a história para que tudo fosse de certa maneira perfeito.

A racista que existe em mim: uma reflexão sobre o livro “Pequeno Manual antirracista”, de Djamila Ribeiro
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A racista que existe em mim: uma reflexão sobre o livro “Pequeno Manual antirracista”, de Djamila Ribeiro

A racista que existe em mim não queria escrever este texto. Porque, antes de tudo e acima de todos, ela não se acha racista. Afinal, ela tem amigos negros, um marido negro e uma filha negra, então, como ela poderia ser racista?

A racista que existe em mim sente uma necessidade constante de reafirmar que não é racista. Ela repete de novo e de novo, como um mantra, uma canção que adormece o monstro que ela sabe que dorme dentro de si. O monstro do racismo.

+ Qual é a minha cultura?

Eu odeio esse monstro. Mas também sinto medo dele. Medo de ser dominada por ele em algum momento e dizer ou fazer algo que eu não queria. A racista que existe dentro de mim acha que manter o monstro adormecido é o suficiente, pois, enquanto ele dorme, ninguém sabe que ele está ali. Eu sei.

Djamila Ribeiro afirma em seu livro “Pequeno Manual Antirracista” que “é impossível não ser racista tendo sido criado numa sociedade racista”. E, no Brasil, nós somos criados em uma sociedade racista que normaliza o negro como bandido, associado à pobreza, falta de cultura e pouco estudo.

Nós não nos incomodamos por não vermos negros nas propagandas de marcas famosas na televisão ou por que a maioria dos personagens negros nas novelas são de empregadas domésticas, motoristas ou algum núcleo de escravos em uma novela de época. Ou do núcleo da favela, não podemos esquecer. Afinal, a maioria dos personagens traficantes ou pobres são negros.

Nós não nos incomodamos em abolir expressões racistas do nosso vocabulário, como mercado negro e criado-mudo e justificamos contextos racistas em músicas e obras literárias com a boa e velha “era a cultura da época”. Repassamos isso por gerações como um patrimônio histórico. O patrimônio do racismo.

Em seu livro, Djamila também diz como o antirracista acaba virando o “chato” porque, a partir do momento em que você escolhe cutucar todas as feridas de uma sociedade construída em cima do racismo e da desigualdade que esse racismo traz, você fica mesmo muito chato.

Assim como bem aponta a autora, o racismo no Brasil é estrutural, portanto, vive nas entranhas da nossa sociedade por muito mais tempo do que gostamos de admitir e isso é realmente muito “chato”. Tão chato que falar sobre racismo é um assunto incômodo, um tabu, pois ninguém quer ser o primeiro a cutucar a ferida.

Essa ferida deve ser cutucada. E, digo mais, cutucada por quem criou ela: os brancos. No “Pequeno Manual Antirracista”, Djamila Ribeiro faz uma afirmação interessante de que o racismo foi criado pelo branco. Nada mais verdadeiro e mais óbvio, porém, pouco pensado dessa forma e, muito menos, discutido.

E é interessante pensarmos sobre isso porque, antes da escravidão, os povos negros viviam em etnias, culturas e línguas ricas e diversas, mas foram reduzidos pelos brancos a, simplesmente, “o negro”. Assim como todo o continente africano foi reduzido a África (acredito que deva ter gente por aí que até pensa que é um país só). Ou como tantos povos com suas histórias e tradições foram reduzidos a nada.

O branco tem muita dificuldade de entender o seu papel no racismo, mesmo sendo o seu criador, praticante e maior defensor. Ele acha que não faz parte porque ele não é racista. Ele nunca escravizou ninguém. Ele tem amigos negros. Ele emprega pessoas negras e jura que a meritocracia funciona.

Eu concordo com a Djamila quando ela diz que não ser racista não é o suficiente. Devemos ser antirracistas. Devemos nos incomodar por, em um país com 56% da população sendo negra (o que torna o Brasil a maior nação negra fora da África), ter tão poucas pessoas negras em cargos de poder. Devemos nos incomodar pela falta de autores negros nas bibliografias de cursos superiores, nas antologias, em cargos de gerência e até no núcleo rico da novela.

A racista que existe em mim sabe que goza do privilégio branco e que as coisas não são nem de perto como deveriam ser. Mas é cômodo para ela ficar quieta, continuar usufruindo de seus privilégios e fingir que essa luta não a pertence. Afinal, ela não é racista. Ela não escravizou ninguém. Ela tem amigos negros.

Os sete maridos de Evelyn Hugo
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Resenha: Os sete maridos de Evelyn Hugo, Taylor Jenkins Reid

A minha resenha de Os sete maridos de Evelyn Hugo talvez não seja exatamente uma resenha imparcial. Talvez, esteja mais pra um ensaio e talvez eu coloque mais sentimento nela do que deveria, buscando a imparcialidade. Ah, pode ser que eu deixe escapar spoilers também, mas nada muito grande porque não gosto de atrapalhar a experiência de leitura. Tá ciente? Então, ok.

Sinopse: Com todo o esplendor que só a Hollywood do século passado pode oferecer, esta é uma narrativa inesquecível sobre os sacrifícios que fazemos por amor, o perigo dos segredos e o preço da fama.

Lendária estrela de Hollywood, Evelyn Hugo sempre esteve sob os holofotes ― seja estrelando uma produção vencedora do Oscar, protagonizando algum escândalo ou aparecendo com um novo marido… pela sétima vez. Agora, prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide contar a própria história ― ou sua “verdadeira história” ―, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e até então desconhecida, seja a entrevistadora. Ao embarcar nessa misteriosa empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso ― e que suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas.

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Os sete maridos de Evelyn Hugo é um livro que eu via muita gente falando, bem e mal, mas nunca tinha dado atenção ou parado para ler. Não sou do tipo que gosta de pegar as coisas no hype, ou pego antes, ou espero passar. E se arrependimento matasse por ter demorado tanto, agora eu estaria mortinho. A escrita é fluida, a história é capaz de mudar sua vida e esse livro me levou de volta diretamente para a minha adolescência quando eu começava a ler um livro de noite e virava a madrugada lendo. Sim, Evelyn Hugo me segurou do começo ao fim, sem quase nenhuma pausa. Comecei a ler umas 23h de domingo e só larguei as 4 da manhã, no fim.

Uma vez li que o carisma é o “charme que inspira devoção”.

O livro começa com a história de Monique Grant, uma jornalista de 35 anos, que agora trabalha na revista Vivant. Seu marido acabou de deixar sua casa, querendo o divórcio e ela acredita que sua vida está em um impasse, apesar de seus sonhos enormes. Em dúvida, ela se questiona onde foi que errou e o que deveria ter feito de diferente. Em meio aos seus monólogos e devaneios, ela é chamada pela sua chefe Frankie, que lhe dá uma notícia um tanto quanto esquisita: a estrela de Hollywood Evelyn Hugo, há muito templo reclusa, queria dar uma entrevista para a revista, mas ela deveria ser a entrevistadora. Monique se questiona, assim como Frankie, afinal, quantos outros jornalistas mais experientes que ela existem na redação? Por que Monique foi justamente a escolhida por Evelyn Hugo, que tem segredos enormes de sete casamentos polêmicos do passado, jamais revelados, quer contar tudo a ela?

Não me arrependo das mentiras quer contei, ou de ter magoado as pessoas. Aceito o fato de que às vezes fazer a coisa certa obriga a gente a pegar pesado. E tenho compaixão por mim mesma. E acredito em mim. Por exemplo, quando te repreendi lá no apartamento, por causa dessa coisa de confessar pecados. Não foi a atitude mais gentil a tomar, e não sei nem se você mereceu. Mas não me arrependo. Porque sei que tenho meus motivos, e fiz meu melhor para lidar com os pensamentos e sentimentos que me trouxeram até onde estou.

Sem entender muito bem, Monique aceita a missão e vai se encontrar com a lendária Evelyn Hugo. Evelyn é uma personagem que me causou identificação mas não se pode dizer que ela é uma pessoa boa, tampouco, uma pessoa ruim, como descobrimos no decorrer do livro. Ela é alguém que lutou pelos seus sonhos e fez tudo aquilo que foi preciso para chegar onde chegou. Um tanto quanto manipuladora e faminta pela fama, ela deixou o pai tóxico em Hell’s Kitchen para tentar o sonho de ser atriz em Hollywood. Para isso, ela se casa pela primeira vez e mantém os holofotes como meta principal da sua vida.

Não se preocupe tanto em fazer a coisa certa quando a escolha mais inteligente se mostra de uma forma tão óbvia.

Evelyn Hugo percorre suas metas como ninguém. Ela mudou seu nome, a cor dos seus cabelos, sua imagem, estudou e foi atrás do que ela queria. Determinação deveria ser seu nome do meio e, ver sua história, é como se fosse uma injeção de ânimo para nós, leitores, que temos sonhos grandes. Ela não desistiu até conseguir e fez o que foi preciso para chegar lá. Não preciso dizer que ela chegou exatamente onde queria, mas nem sempre, fez as coisas certas. Isso não significa que ela se arrepende dos seus atos, pera lá.

Quando surge uma oportunidade para mudar sua vida, esteja pronta para fazer o que for preciso. O mundo não dá nada de graça para ninguém, só tira de você.

Afinal, quem são os sete maridos de Evelyn Hugo?

No decorrer do livro, conhecemos cada um dos seus sete maridos. O primeiro, porque ela precisava sair de casa e ir para Hollywood. O segundo, ela se apaixonou de verdade e ele era um grande astros dos cinemas. A imagem de casal era perfeita para a mídia, mas ele era um agressor. O terceiro, um grande astro da música que ela se casou para proteger seu relacionamento com Celia St. James, sua amante, da mídia. O quarto, outro ator de Hollywood, em um casamento fictício para divulgar seus filmes e refazer sua imagem após o divórcio do segundo. O quinto, seu melhor amigo gay, com quem teve uma filha, e quem impulsionou sua imagem nos cinemas. Nesse ponto, ela viveu um relacionamento quádruplo: enquanto ela ficava com Celia, seu “marido” ficava com o marido de Celia. O maior casamento de fachada que Hollywood já conheceu. O sexto, um diretor amigo de longa data que estava apaixonado pela imagem de Evelyn Hugo e não pela pessoa que ela era. O sétimo e último, era o irmão de Celia, com quem se casou para poder se casar com ela, já muito doente e cuidar do seu espólio ao fim da vida.

Eu gostava de escrever sobre pessoas de verdade. Gostava de encontrar diferentes maneiras de interpretar o mundo real. Gostava da ideia de me conectar com as pessoas contando as histórias delas.

Fiquei surpreso positivamente no decorrer do livro ao descobrir que Evelyn Hugo era bissexual e completamente apaixonada pela amiga Celia, com quem teve um romance tórrido e intenso. Ela teve sete maridos, mas nenhum chegou aos pés da sua única esposa, com quem esteve até o fim da vida.

Evelyn Hugo, como conhecemos, é uma mulher que teve muitas perdas. Todos ao seu redor já morreram quando ela começa a contar essa história. Quem não morreu, ela abriu mão para sua carreira. Ela deixa claro que nem sempre foi certo, mas que faria tudo de novo. E ah, ela nunca quis dar uma entrevista para a revista Vivant. Ela queria que Monique escrevesse uma biografia autorizada sua, avaliada em milhões de dólares, a ser publicada depois da sua morte, intitulada de: Os sete maridos de Evelyn Hugo.

Primeira: você precisa aprender a se impor e a não se sentir mal com isso. Ninguém vai te dar nada de graça se você não pedir. Você tentou. E levou um não. Supere isso. (…) Quando for usar alguém, use direito.

O motivo? Entre muitos outros, porque Monique é uma pessoa que já escreveu sobre suicídio assistido e tem uma mente aberta o suficiente para o assunto. E claro, alguns outros mais que não vou contar nessa resenha para não estragar o final.

O mundo prefere respeitar as pessoas que querem dominá-lo.

Só posso dizer que Os sete maridos de Evelyn Hugo me surpreendeu positivamente. É um livro que tem representatividade racial, sexual e nos mostra, no decorrer dos anos, o quanto cada uma dessas lutas teve que avançar para chegar no que é hoje. E, além disso, nos mostra o valor da perseverança e os custos da fama. Sim, admiro Evelyn Hugo e depois dessa leitura, sinto que sou um pouquinho mais confiante com relação aos meus sonhos. Dou todo o céu de estrelas.

Resenha: Boy Erased - Uma verdade anulada, Garrard Conley
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Resenha: Boy Erased – Uma verdade anulada, Garrard Conley

Eu queria ler Boy Erased há muito tempo. Na época que lançou o filme, fiquei curioso por se tratar de um drama LGTQIAP+ e por ter o Troye Sivan no elenco, e também acompanhei toda a polêmica em cima da censura. Não sei porque demorei tanto para conhecer a história, até que ganhei o livro de presente de aniversário e resolvi embarcar na leitura. Fiquei surpreso, só não sei dizer se foi positiva ou negativamente, ainda.

Livro que deu origem a filme estrelado por Nicole Kidman, Russel Crowe e Lucas Hedges

Em seu elogiado livro de estreia, Garrard Conley revisita as memórias do doloroso período em que participou de um programa de conversão que prometia “curá-lo” da sua homossexualidade. Garrard — filho de um pastor da igreja Batista, criado em uma cidadezinha conservadora no sul dos Estados Unidos — foi convencido pelos próprios pais a apagar uma parte de si. Em uma tentativa desesperada de agradá-los e de não ser expulso do convívio da família, ele quase se destruiu por completo, mas encontrou forças para buscar sua identidade e hoje é ativista contra as terapias de conversão.

Tocante e inspiradora, a história de Garrard é um acerto de contas com o passado, um panorama complexo das relações do autor com a família, com a fé e com a comunidade. O livro é o testemunho dos traumas e das consequências de se tentar aniquilar parte essencial de um ser humano.

Boy Erased é um relato do próprio autor, que em sua adolescência, teve que passar por um programa de conversão sexual baseado no estudo religioso para se tornar heterossexual. A leitura é pesada, o tema é de extrema importância, mas tem alguma coisa na escrita de Conley que me incomodou bastante, deixando a leitura um pouco arrastada e monótona. Eu sofri para terminar de ler o livro, no entanto, não queria ter sofrido, já que o tema é de debate imprescindível. Por isso, não se deixe abalar por essa informação, porque nós precisamos urgentemente falar dessas terapias de conversão que acabam com a saúde mental de milhares de pessoas ao redor do mundo.

Deus, eu havia pedido em oração, deixando a sala de Smid e seguindo pelo corredor estreito até o salão principal, as luzes fluorescentes estalando em seus suportes de metal, não sei mais quem é o Senhor, mas, por favor, me dê sabedoria para sobreviver a tudo isso.

O livro é um relato quase psicanalítico do autor, que, ao contar sobre sua experiência na terapia de conversão sexual, volta para o passado fazendo intersecções com os motivos pelos quais o fizeram chegar ao ponto que chegou. E, para nós, de fora, é fácil julgar seus motivos e dizer era apenas sair correndo, mas quando o que está em jogo é sua integridade física, moral e além disso, o amor dos seus pais, a gente se vê em buracos cada vez mais profundos buscando uma salvação que está dentro de nós mesmos.

Boy Erased se desenvolve na forma de diário, e talvez seja por isso que sua leitura é de fato complicada. Mergulhamos na consciência e nos vislumbres de inconsciência do autor, que nos trazem informações pesadíssimas sobre sua adolescência. O livro tem gatilhos de estupro, abuso psicológico e físico, lavagem cerebral e muita, mas muita LGBTfobia.

Admiro a coragem de Garrard Conley em expor essa verdade ao mundo todo e agora entendo porque quiseram boicotar tanto o filme. Essa obra literalmente joga a merda no ventilador, doa a quem doer. O filme retrata de forma bastante fiel os relatos apresentados no livro e, acredito que todos que amam uma pessoa LGBTQIAP+ deveriam ler para amplificar ainda mais sua empatia.

A AEA me dizia diariamente que perder minha própria identidade significava ganhar virtude e que ganhar virtude significava me aproximar mais de Deus e, por consequência, de meu verdadeiro eu celestial. Mas os meios para aquele fim – o ódio de si, a ideação suicida, os anos de falsos começos – podiam fazer com que nos sentíssemos mais solitários e mais distantes de nós mesmos do que nunca.

As 5 linguagens do amor
Livros, Resenhas

Resenha: As 5 linguagens do amor, Gary Chapman

As 5 linguagens do amor foi um livro que apareceu várias vezes na minha vida e eu o ignorei. Certa vez, fiz leitura de mapa astral e a astróloga me indicou. Não li. Minha analista me indicou inúmeras vezes. Ignorei de novo até que encontrei uma promoção na Amazon e comprei. O resultado? Devorei em dois dias e me arrependi de não ter lido antes.

As diferenças gritantes no jeito de ser e de agir de homens e mulheres já não são novidade há tempos. O que continua sendo um dilema é como fazer dar certo uma relação entre duas pessoas que às vezes parecem ter vindo de planetas distintos. Compreender essas diferenças é parte da solução e é nisso que Gary Chapman vai ajudar você. Com mais de 30 anos de experiência no aconselhamento de casais, ele percebeu que cada um de nós adota uma linguagem pela qual damos e recebemos amor. Quando o casal não entende corretamente a linguagem predominante de cada um, a comunicação é afetada, impedindo que se sintam amados, aceitos e valorizados. Nesta terceira edição de sua clássica obra sobre relacionamentos, que já vendeu mais de 8 milhões de exemplares, Gary Chapman não só explica as cinco linguagens como apresenta um questionário para os maridos e outro para as esposas descobrirem a sua linguagem de amor. Além disso, uma seção especial de perguntas e respostas vai esclarecer todas as suas dúvidas e lhe dar o direcionamento sobre como expressar melhor seu amor a seu cônjuge e ajudará você a compreender a forma dele manifestar o amor. Gary Chapman identificou cinco formas através das quais as pessoas expressam e recebem as manifestações de amor: palavras de afirmação; tempo de qualidade; presentes; atos de serviço; toque físico. Aprendam, você e seu cônjuge, a se comunicar através dessas linguagens e experimentem como é ser realmente amado e compreendido.

O livro de Gary Chapman, logo de cara, pode parecer um daqueles livros de autoajuda coach cristão, que logo de cara eu odiaria. Acho que foi por isso que resisti a tanto tempo, mas, resolvi dar uma chance e me surpreendi. Ele, que é consultor conjugal, identificou em seus pacientes um padrão na hora de demonstrar e receber amor, o que ele chamou de linguagens do amor. No decorrer do livro, ele explica sobre cada uma delas.

+ Histeria e gaslighting: o machismo presente na sociedade contemporânea

O negócio é o seguinte, segundo o autor: as pessoas precisam de amor para sobreviverem, como uma necessidade quase fisiológica. E, dentro de nós, existem “tanques de amor” que de vez em quando estão cheios e de vez em quando, vazios. E esses tanques se mantém cheios quando as pessoas com as quais nos relacionamos (amorosamente ou não) nos demonstram amor na nossa linguagem do amor, ou seja, da forma com a qual vamos nos sentir plenamente amados.

Palavras de afirmação

Quem tem as palavras de afirmação como linguagem de amor primária, precisa ouvir das pessoas que mais ama e considera, o quanto ela é importante. Elogios, palavras positivas, apoio, palavras encorajadoras… Segundo Gary, para quem possui esse funcionamento, as palavras são muito importantes, sobretudo aquelas que funcionam como um reforço positivo. “Você caprichou nessa refeição” ou “Você fica muito bem nessa roupa” são formas de demonstrar o amor para quem tem essa linguagem primária.

Linguagens do amor: Tempo de qualidade

Para quem precisa de tempo de qualidade para se sentir amado, precisa ser entendido. Essa pessoa sente o amor quando pessoas próximas passam um tempo com ela, mas não só presentes fisicamente, mas sim, fazendo algo que seja agradável. Vendo um filme, tendo uma conversa boa, um debate saudável… Pessoas que possuem o tempo de qualidade como linguagem de amor primária gostam de compartilhar o dia e se sentirem importantes. Se você tirar cinco minutinhos do seu dia e entrar na livraria preferida dela, com ela, o tanque de amor já irá nas alturas.

Presentes

Presentes são a linguagem de amor mais fácil de ser compreendida, pelo menos para a maioria das pessoas. São aqueles indivíduos que se sentem amados com a presença da outra pessoa, mesmo que seja para não fazer nada, ou então, são pessoas que se sentem queridas quando são lembradas quando alguém vai viajar e lhes traz um presentinho, por exemplo. Se você ama alguém que tem a linguagem dos presentes, você pode até colher uma florzinha na rua e trazer para ela quando chegar, ela se sentirá a pessoa mais amada do mundo todinho!

Linguagens do amor: Atos de serviço

Para quem se sente amado com atos de serviço, se sentirá amado quando você fizer qualquer coisa para servi-lo. Por exemplo, se você vai até a casa de um amigo que tem os atos de serviço como uma das linguagens do amor primárias e lavar a louça após o jantar, tenha certeza que ele se sentirá a pessoa mais amada do mundo por você. No entanto, não são apenas trabalhos domésticos que contam: qualquer ação pequena significa o mundo para essas pessoas.

Toque físico

Essa linguagem de amor é autoexplicativa. São pessoas que se sentem amadas quando são tocadas, mas não unicamente numa relação sexual, por exemplo. São pessoas que gostam de receberem pequenos toques no ombro, nas mãos, nos braços por exemplo, de forma que se sintam plenamente amadas. Se você der um abraço na pessoa que tem o toque físico como uma das linguagens do amor primárias, pronto, você a ganhou.

O livro, basicamente, se dedica a explicar em detalhes cada uma dessas linguagens do amor e a exemplificar como elas funcionam. Ele também serve como base para aprender a descobrir a sua linguagem de amor primária e a expressar da melhor forma com as pessoas que você ama.

No entanto, como nem tudo são flores, algumas partes do livro deixaram muito a desejar, na minha opinião. Em alguns momentos, o autor utiliza da culpabilização de vítimas de traição e abuso psicológico, sob a justificativa de que essas pessoas não estariam se expressando na linguagem de amor certa dos seus companheiros. Essas partes, assim como todas em que ele começa a colocar a Bíblia no meio, se tornaram totalmente dispensáveis para mim. Foquei na mensagem principal do livro e, no geral, ela foi boa. Só é preciso saber filtrar.

Heartstopper
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Resenha: Heartstopper 1 – Dois garotos, um encontro, Alice Oseman

Charlie Spring e Nick Nelson não têm quase nada em comum. Charlie é um aluno dedicado e bastante inseguro por conta do bullying que sofre no colégio desde que se assumiu gay. Já Nick é superpopular, especialmente querido por ser um ótimo jogador de rúgbi. Quando os dois passam a sentar um ao lado do outro toda manhã, uma amizade intensa se desenvolve, e eles ficam cada vez mais próximos.

Charlie logo começa a se sentir diferente a respeito do novo amigo, apesar de saber que se apaixonar por um garoto hétero só vai gerar frustrações. Mas o próprio Nick está em dúvida sobre o que sente – e talvez os garotos estejam prestes a descobrir que, quando menos se espera, o amor pode funcionar das formas mais incríveis e surpreendentes.

Heartstopper é um livro que me pegou totalmente desprevenido. Eu, não conhecia a narrativa. O pessoal da Companhia das Letras, num sábado, mandou pra minha casa os dois primeiros volumes, como fazem todos os meses com lançamentos que tem a minha cara. E olha… devo dizer que eles acertaram em cheio com essa escolha.

Heartstopper 1 – Dois garotos, um encontro é um livro de capa dura, super bem feito, com uma história que se desenvolve em quadrinhos. Começa contando a narrativa de Charlie Spring, um garoto nerd do primeiro ano, que se assumiu gay para a escola toda – um colégio só de meninos – e agora precisa lidar com a popularidade que veio por conta disso e de todo o bullying que ele sofreu ao sair do armário.

Já no começo do livro, sabemos que Charlie tem um romance secreto com Ben, um garoto hétero que, percebemos, o trata super mal. Felizmente, em uma troca de turmas, nosso protagonista conhece Nick, o garoto popular que está no time de rúgbi da escola.

E é nesse momento, em que os dois passam a se encontrar todas as manhãs, que se desenvolve uma amizade lindíssima que deixa a gente shippando desde o começo. Charlie ajuda Nick com os estudos, Nick convence Charlie a ir para o time de rúgbi… Até que os sentimentos entre os garotos ficam confusos. Estaria Charlie apaixonado por um menino hétero? Nick, que sempre gostou de meninas, estaria gostando agora de meninos?

Heartstopper 1 é um romance sobre amizade, descobertas e principalmente, parceria. Antes de se apaixonarem um pelo outro, Nick e Charlie são grandes amigos que se entendem, se protegem e se gostam. E ah, sim, eles se beijam e isso não pode nem ser considerado um spoiler. A tensão que esses dois passam com o passar das páginas… ai ai ai.

Devorei o livro em 30 minutos, já que, apesar de ter quase 400 páginas, tem uma leitura leve, fluida e muito rápida (e por ser em quadrinhos, isso também ajuda muito). Os desenhos são lindos, a tradução de Guilherme Miranda está impecável – não parece que foi “só” traduzido. As mensagens são verossímeis e poderiam ser enviadas por eu ou você e isso faz com que a experiência seja ainda mais real.

É um livro para chorar, rir e deixar o coração quentinho. Devorei o primeiro volume e já fui correndo para o segundo, que escreverei uma resenha depois. Recomendo demais, dou o céu todo de estrelas e preciso urgentemente das continuações.

Fiquei sabendo também, recentemente, que Heartstopper vai ser uma série da Netflix! Vai ser lindo. <3

* Os preços aqui divulgados são de responsabilidade do anunciante e podem ser alterados sem aviso prévio.

O filho rebelde
Livros, Resenhas

Resenha: O Filho Rebelde (Simon Snow #2), Rainbow Rowell

Simon Snow venceu. Ele pôs fim às forças do mal que ameaçavam destruir o Mundo dos Magos. Tudo deu certo. Ou quase. Porque, agora, Simon perdeu toda a sua magia. Ele não passa de um normal… Bom, tirando o fato de ter asas e um rabo de dragão.
Vendo o melhor amigo mergulhar em um desânimo cada vez maior, Penelope decide levar Simon e Baz em uma viagem de carro para visitarem Agatha, que agora mora na Califórnia. O que era para ser um passeio divertido se mostra muito mais desafiador do que imaginavam. Afinal, os Estados Unidos abrigam todo tipo de criatura mágica mal-intencionada e disposta a causar problemas.
Em meio a uma confusão enorme com uma legião de vampiros e outros seres malignos, talvez Simon finalmente seja capaz de reunir a força necessária para seguir em frente ― e deixar algumas pessoas para trás.

Ok, O Filho Rebelde veio para, finalmente, me fazer assumir e gritar para os quatro cantos do mundo que eu estou completamente viciado nos livros da série do Simon Snow. (Isso é, se eu ainda não tinha convencido todo mundo quando li Carry On, o primeiro).

A verdade é que eu economizei esse livro. Estava com dó de ler e não ter mais continuação e ficar órfão mais uma vez. Então, quando comecei a ler, foi devagar, lentamente… Só que quando me dei conta, eu tinha terminado de ler O Filho Rebelde em um ou dois dias.

Se em Carry On nós vivenciamos toda a paixão, em O Filho Rebelde nós começamos a vivenciar o começo do amor. Toda aquela chama, aquela labareda começa a esfriar e vem o depois. Sempre vem o depois e isso não seria diferente para Simon, sozinho e na vida de casal com Baz.

Ele já salvou o mundo dos magos. Perdeu os seus poderes, abriu mão de tudo… Mas ainda sim, está com asas e caudas de dragão e ninguém sabe o porquê. Nesse livro, encontramos um Simon menos elétrico, mais depressivo. Ele não sente vontade de fazer nada e isso tem refletido no seu relacionamento com Baz. Confesso que, como diehard shipper dos dois, eu sofri muito com todas essas cenas do livro.

Vendo esse desânimo, Penelope resolve planejar uma visita surpresa para a Califórnia, para que os três possam visitar Agatha. O que eles não contam é que essa viagem de carro vai se tornar a maior dor de cabeça imaginável e inimaginável envolvendo o mundo humano e o mundo mágico.

Perdidos em um país desconhecido, com uma cultura desconhecida (inclusive mágica), os três amigos precisam lidar com novas criaturas, com os seus poderes, com vampiros não domesticados, coaches do mal… Sim, o livro tem coaches do mal.

Nesse meio tempo, vemos o amor de Simon e Baz em altos e baixos e isso que faz meu coração doer. Baz quer muito fazer as coisas darem certo e Simon não está bem consigo mesmo (apesar de, muitas vezes, dar vontade de bater com a cabeça dele na parede).

O Filho Rebelde é um livro mais corrido que Carry On. Se eu ainda prefiro o primeiro, não sei dizer. Tendo sempre a gostar mais de quando as coisas já começam a estar resolvidas, mas ainda sim, achei um pouquinho mais fraco. Apesar de mais fraco, é necessário e igualmente bom.

Agora, mal posso esperar pelo terceiro e último livro. Pelo amor de Deus, Simon, toma jeito e fica de bem com o Baz, eu te imploro!

* Os preços aqui divulgados são de responsabilidade do anunciante e podem ser alterados sem aviso prévio.

Sol da meia-noite
Livros, Resenhas

Resenha: Sol da Meia-Noite, Stephenie Meyer

Sol da Meia-Noite, o livro de Crepúsculo, agora narrado pelos olhos de Edward Cullen demorou muito, mas finalmente saiu, lançado há pouco tempo. Até então, conhecíamos a história somente sob o olhar de Bella Swan, protagonista que vem a ser seu par romântico ao longo dos quatro livros da série.

Sou fã de Crepúsculo de carteirinha e como tal, esperei igual doido por Sol da Meia-Noite. Eis que ele chegou e eu devorei em pouco menos de um mês. A diferença é que li Crepúsculo no auge dos meus 13 anos. Já esse, eu li dez anos depois, com vinte e três, e quase me formando psicanalista. Não perdi a chance de analisar o Edward sob os olhos da psicanálise, é claro.

Separei alguns pontos e acho justo começar por um que já era presente em Crepúsculo, mas veio a ficar mais forte em Sol da Meia-Noite: a obsessão do Edward com relação a Bella. Ele acha que precisa sempre estar perto dela para protege-la, ou o encanamento de gás da rua pode estourar, um vampiro pode aparecer do nada…. Quer dizer, quais as chances disso acontecer normalmente? Nenhuma. Ele só quer justificar sua obsessão com base em que se tratando de Bella, essas coisas acontecem.

Além disso, vemos um Edward que briga muito consigo mesmo. O tempo todo ele fica encabeçando atritos entre seus desejos, suas pulsões (ID) e sua moral (superego), incapaz de encontrar um meio de satisfazer as duas. Ele não pode matar a Bella e ainda sim, continuar na dieta vegetariana de Carlisle e sua família, por exemplo. Ele acha que precisa silenciar, matar, esse monstro que há dentro de si, demorando para perceber que o monstro, isto é, seu ID, faz parte de si. Ele precisa conviver com ele e encontrar formas de dar vazão a essas pulsões, ainda é claro, agradando suas regras morais.

Uma pausa aqui é necessária pra gente analisar a Bella também. Ela não tem nenhum senso de autopreservação. Suas pulsões se sobressaem sem dificuldade nenhuma aos instintos, mesmo aqueles que são para deixa-la viva. Alô pulsões de morte? Temos alguém aqui com deficiência de pulsões de vida. Ela simplesmente não se importa que o Edward pode mata-la. Ela torna tudo mais fácil para ele, sem se preocupar um instante sequer com a própria vida.

A Bella tem um desejo incontrolável pelo Edward, que conseguimos ver sobressaindo quando ela dorme e sempre sonha que está com ele. Certas horas, o vampiro também deixa escapar que gostaria de dormir para poder sonhar com a Bella, porque sim, essa seria a única forma de satisfazer os desejos do seu ID sem estragar tudo. Nos sonhos, ele poderia matar a Bella no campo da fantasia, poderia ficar com ela, fazer tudo o que ele quisesse, sem causar danos maiores.

Um outro ponto que eu julgo ser o mais interessante de toda a história, é o enredo com a romã presente na capa. Para Edward, ficar com ele é como ficar para sempre no inferno. E ele acha que Bella é sua Perséfone, figura da mitologia grega que é condenada a ficar no submundo com Hades e a cada palavra que eles trocam, cada confissão e segredo é uma semente de romã que Bella ingere, condenada a passar mais tempo ao seu lado. No mito grego, cada semente de romã que Perséfone engolia, era um período que ela tinha que passar no inferno com Hades.

O que eu acho mais interessante de Sol da Meia-Noite é que com certeza, Stephenie Meyer estudou psicanálise para compor seus personagens. Os traços são fortes, muito bem pensados e planejados, o que não me deixa sequer imaginar que foram concebidos a esmo. Eu ainda amo Crepúsculo e toda a série, não se enganem, mas, precisamos debater esse outro lado da história. Romantizar relacionamentos neuróticos e obsessivos é romantizar relacionamentos tóxicos e abusivos, que lotam consultórios de psicanálise em todo o país. É preciso conscientizar, não romantizar.

a vida é o que você faz dela
Livros, Resenhas

Resenha: A vida é o que você faz dela – Conselhos para pessoas criativas, Adam J. Kurtz

Inspiração e perspectiva para quem produz arte (ou qualquer outra coisa).

Da mente inquieta do designer Adam J. Kurtz vem um chamado para todos os que passam pelos desafios do processo criativo. A partir de uma série de miniensaios manuscritos, este livro oferece toda a sabedoria e empatia de Adam Kurtz, em uma conversa de artista para artista.

“Mestre da injeção de ânimo leve e brincalhona.” ― BuzzFeed

“Adam cruza a linha entre artista & terapeuta.” ― Vice

“Todas as palavras de Adam J. Kurtz são cheias de sabedoria, empatia, acolhimento e boas sacadas.” ― Alanis Morissette

A vida é o que você faz dela foi um livro que conheci por indicação de uma influenciadora que trabalha com artes e design, no Instagram. A promessa do livro é que ele seria uma série de conselhos para pessoas que trabalham diariamente com criatividade, com shots de inspiração e força. Porque sério, só quem trabalha com criatividade sabe o quanto é difícil.

Na época, procurei em e-book e não estava disponível, então esperei um pouco mais e comprei no formato físico mesmo. Quando recebi, entendi tudo. A vida é o que você faz dela vai além de uma leitura, ele te convida para uma viagem que se desdobra em uma linha tênue entre arte e terapia.

O livro é curtinho, pequeno, daqueles que você lê num tapa só. As folhas são lindas, bem decoradas e com frases de aconselhamento para lidar com o dia-a-dia pesado de depender da criatividade e da inspiração para se trabalhar. Cada página é destacável e você pode fazer quadrinhos com as que você mais gosta. Separei algumas que amei, mas ainda tenho dó de destacar e enquadrar:

Quando li “A vida é o que você faz dela” era início de pandemia e a adaptação com os novos modelos de trabalho ainda se faziam muito presentes. O livro é justamente sobre esse momento, com assuntos que permeiam nossa relação com o trabalho. Nele, vemos pautas sobre superar medos, trabalhar para parentes, como ser mais feliz, como se desligar do trabalho de forma leve e palpável.

Eu nunca tinha lido livros nessa linha, de criatividade, exceto Destrua este diário, em épocas áureas e amei a experiência. Agora só preciso da coragem para encher a minha casa com os quadrinhos das páginas destacáveis.