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Resenha: Estação Onze, Emily St. John Mandel

Em um mundo devastado por um gripe que levou 99% da população mundial, a arte ainda vive. Mesmo com toda a devastação, um grupo chamado Sinfonia peregrina pelas cidades dos Estados Unidos encenando peças de Shakespeare e iremos acompanhar essa Sinfonia itinerante em Estação Onze.

Esse livro nunca me atraiu muito, confesso. Eu achei a premissa legal etc, mas eu estava e ainda continuo muito saturado de distopias. Depois de ler mais de vinte, todas elas começaram a parecer muito iguais, então quando Estação Onze foi lançado, nem dei muita bola. Então, eis que ele foi o escolhido do Clube do Livro da Intrínseca e eu tive que ler. Então lá se vem minha experiência com a Sinfonia…

De início, o livro começou bastante interessante, mostrava como a Gripe da Geórgia foi se espalhando e como o caos começou a ser instaurado etc. Em sequência, veio as partes da Sinfonia que eu gostei bastante. Só que, logo depois chegou os flashbacks e isso foi o grande problema.

Gosto muito de histórias que envolvam sobrevivência em situações apocalípticas e Estação Onze é vendido com essa premissa. Bem, não é bem assim. Na verdade, a trama do livro gira em torno da vida do famoso Arthur e todas as subtramas se interligam a ele. E esse é o maior impasse da obra.

Vocês já se sentiram enrolados? Pois é. Eu me senti assim com Estação Onze. Tenho minhas dúvidas se Mandel almejava um Putlizer com esse livro. A sua narração me lembra um projeto, diga-se de passagem, falho de outros livros vencedores de Putlizer que eu li. E gente, muita enrolação com isso de a história toda ser voltada na vida do Arthur que no fim das contas, não influencia em nada no futuro da trama. Ou seja, tava ali só pra preencher páginas e quando um autor recorre a isso, me deixa imensamente triste.

Além de a história ter tomado um rumo completamente diferente, os personagens não são cativantes. Não há muitos momentos de ação. Mas agora, é relevante o teor poético de muitas cenas. Só o fato de existir pessoas que mantêm a arte viva, é algo que tem um poder cultural imensurável. Gostei DEMAIS dessa ideia.

Estação Onze é um livro que tinha tudo para ser bom, mas no final acabou sendo razoável e não valendo o tempo. A obra levanta questionamentos interessantíssimos sobre o mundo em que vivemos, porém, a leitura é maçante. Fica a critério de vocês decidir se querem embarcar com a Sinfonia ou não.

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RESENHA: CAIXA DE PÁSSAROS, JOSH MALERMAN

Romance de estreia de Josh Malerman, Caixa de Pássaros é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler.

“Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.”

Caixa de Pássaros pra mim, foi uma experiência e tanto! Tenho contado nos dedos os livros desse gênero que realmente me aterrorizaram. Ele não é apenas mais um livro de terror, ele traz a mística dele mais o suspense, com uma grande carga psicológica. É um livro agonizante do começo ao fim. Para quem gosta de tensão e sustos, esse é o livro certo.

“Em um mundo de recursos escassos, olhos vendados e um terror persistente, encarar os próprios medos é apenas o início da viagem.”

Acompanhamos a história da Malorie em um mundo (pré) e pós-apocalíptico, do momento que ela descobre sua gravidez em meio as ocorrências de acontecimentos estranhos, até quando ela resolve sair da casa onde está com seus filhos, à procura de um lugar melhor. A história é contada em dois tempos: no passado (no início dos acontecimentos obscuros) e no presente. Os capítulos são alternados, até se encontrarem na narrativa final.

Como pode esperar que alguém sonhe em chegar às estrelas se não a permite erguer a cabeça e olhar para elas?

 

Tudo começa quando pessoas começam a cometer suicídios extremamente violentos e aparentemente sem motivo, geralmente antecedidos de ataques à pessoas próximas. O caos se instaura a medida que as noticias se viralizam pelos meios de comunicação mundiais. Nada foi poupado, ninguém sabe como começou, nem o que causara essas mortes. Várias teorias foram inventadas mas nenhuma provada,  as pessoas acabam acreditando que algum tipo de visão levava elas a se matarem. A ideia de algo tão maligno e imperceptível, causou o medo e a histeria globalizada. Assim, o mundo virou escuridão. O pânico foi tomando conta e nada mais era seguro, tudo poderia ser o gatilho para aquele fim horrível. A insegurança virou instinto, e sair de casa, do seu lugar “seguro”, não era mais uma opção. O único meio de comunicação que restou era o telefone fixo, ninguém queria arriscar sair de casa. No presente, o dilema é sobreviver, a escassez atinge, o que eles devem fazer? O mundo ainda é um lugar perigoso, mas não existe alternativa, se ficarem eles vão morrer. A decisão é partir, a audição é a chave, mas nunca, nunca abra os olhos!

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Não consegui desgrudar por um minuto desse livro, um misto de curiosidade, desespero e medo (muito medo). A narrativa nos coloca na perspectiva do personagem, você se sente protagonizando a história. O fato das pessoas não saberem o que, quando, quem deve temer, torna tudo mais sombrio e a situação muito mais tensa. Além da fome, da incerteza, das mentes “vazias”. O medo se torna o personagem principal. Um livro que abusa do pavor do desconhecido, tocando lá no fundo dos seus mais terríveis medos. Foi uma experiência totalmente sensorial e claustrofóbica. Algumas cenas são tão angustiantes que você não sabe se lê ou corre pra se esconder. O clima pesado e deprimido dá um ar melancólico, que se encaixa perfeitamente na trama.

Posso dizer que esse é um livro que veio pra marcar o gênero e conquistou o seu lugar.

 

Você ja leu? Quer ler? Conta pra gente o que achou! 

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Resenha: Os Pilares da Terra, Ken Follett

 

O livro “Os Pilares da Terra” de Ken Follett é contextualizado num período histórico que ficou conhecido como A Anarquia, Ken Follett conseguiu se aproveitar de diversas brechas históricas e escrever a incrível novela que após seu lançamento em 1989 vendeu aproximadamente 18 milhões de cópias carregando inúmeras críticas positivas.

A morte do filho do rei Henrique I, Guilherme Adelin, faz com que o próximo sucessor seja uma mulher, Matilda, segunda filha legítima do rei, o que causa indignação entre o povo e Matilda é derrubada por Estevão, um homem ambicioso que consegue o reinado, o que desencadeia o resto da narrativa.

A maior parte da história foca na construção da catedral de Kingsbridge, uma cidade fictícia, a catedral anterior havia sido queimada, o que deu a Tom Construtor a possibilidade de construir uma nova, o que tinha sido seu sonho por anos, com ajuda de Ellen e seu filho Jack, que ao acaso encontraram Tom e sua família: Agnes, sua mulher que falece logo no começo da história quando dá a luz a um menino, e seus dois filhos Alfred e Martha. Juntos, vão para Kingsbridge em busca do bebê que havia sido deixado na floresta.

Em Kingsbridge há um novo prior: Philip, que possui uma grande rivalidade com o bispo Waleran Bigod, que ao longo da trama faz diversas alianças para conseguir mais poder, como por exemplo, o jovem tirano William Hamleigh, que, junto com seus pais tira o condado de Shiring, que até então era governado por Bartholomew, pai de Richard e Aliena, a dama que rejeitou o pedido de casamento de William, causando grande ódio por parte do mesmo.

Assim, passamos a ver através do livro uma visão muito ampla dos ambientes, e como os acontecimentos foram se encaixando de modo que todos os personagens passam a fazer parte crucial na história. Também foi bastante interessante o modo como Follett conduziu a história, nos fazendo literalmente “viajar” na sua obra, quando de repente estávamos dentro do pensamento do personagem e sem perceber já estamos numa visão completamente diferente, o que faz termos uma compreensão uniforme de toda a história.

É valido ressaltar também a época que a história aconteceu, a importância imensa que as pessoas davam para ter um lugar no céu e ao mesmo tempo a luta por um status cada vez maior, o que fazia os personagens não terem medida na sua ambição. Assassinatos e estupros que nos assustam a primeiro modo, mas ao mesmo tempo nos fazem ter uma visão realista de tudo que o autor transmitiu ao longo do livro, o que nos leva além dos livros de história do ensino médio.

Com o desencadear da história, o livro apresenta um final emocionante e bastante inteligente, o autor conseguiu de fato desenvolver uma trama envolvente e que surpreendeu grande parte de seus leitores, e tornou uma leitura de qualidade para quem decidir se aventurar pelas terras de disputa entre o Rei Estevão e a Rainha Matilda.

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Resenha: Rainha das Sombras, Sarah J. Maas

Rainha das Sombras, o quarto volume da aclamada série Trono de Vidro é um dos maiores lançamentos da Galera nesse semestre e, claro, foi um dos mais esperados pelos leitores Até mesmo por mim.

Começando quase exatamente de onde Herdeira do Fogo terminou, Aelin está de volta à Forte da Fenda para salvar Aedion e descobrir o que está acontecendo com o Rei de Adarlan. Tudo está muito tenso em todos os locais de Adarlan. Diversos demônios valgs estão à solta e a tão temível guerra se aproxima…

Eu não irei me prolongar na história. Não mesmo. Quero dar esse luxo à vocês. Mas há diversas coisas sobre o que falar sobre Rainha das Sombras. MUITAS.

Começando com os personagens. Há o elenco dessa história… No primeiro livro, senti uma simpatia imensa por Celaena e Dorian, tinha um pé meio atrás com o Chaol, mas nada muito sério. No segundo, nossa, eu babei pela Celaena e Dorian, mas fiquei com bastante raiva do Chaol. Vem o terceiro e aparece um novo personagem importante, o tão amado do fandom, Rowan. E aí, as coisas mudaram… pra pior. Me pergunto até agora por qual motivo a Sarah J. Maas decidiu colocar mais um interesse amoroso para a sua protagonista, e mais, um cara arrogante, metido e chato. Mas tudo bem, tudo bem. Sendo que chegou o quarto volume e tcharan, se as coisas já não estavam muito favoráveis, com esse livro, foram por água a baixo. Não gosto nem um pouco de está falando isso, porém Maas acabou com uma das minhas protagonistas favoritas, até Herdeira do Fogo, por causa de um romance que não é nem lá essas coisas. E eu estou bem chateado com isso. Durante quase todas as 640 páginas de Rainha das Sombras, tivemos uma Aelin fraca e instável por causa de um homem que passa longe de ser um personagem agradável. Não há palavras pra expressar o quão descontente eu estou com todo esse romance Aelin-Rowan criado sem necessidade, pois até agora não entendi qual a importância da relação dos dois na trama. Mais não contente em estragar sua protagonista, Maas foi além e nem Chaol escapou. Tudo bem, ele já não era a pessoa mais adorável do mundo nos tomos anteriores, mas nesse ele se superou. Ficou I N S U P O R T Á V E L. Em meio à tantos personagens estragados, duas pessoas conseguiram salvar o livo: Manon, Lysandra e Elide. Amei o quão forte e determinadas elas foram perante tudo o que passaram em Rainha das Sombras.

Enquanto quase todo o elenco do livro afundavam no meu conceito, pelo menos uma coisa me surpreendeu: a história. Quando eu li Trono de Vidro, jamais pensei que as coisas fossem chegar ao nível que chegaram em Rainha das Sombras. J A M A I S. A situação ficou em um estado tão crítico que eu não sabia mais onde tudo aquilo ia parar. Além disso, as diversas reviravoltas me chocaram, coisas que eu sequer pensei, aconteceram. PORÉM, NO FINAL, ACONTECEU ALGO QUE DESDE O PRIMEIRO LIVRO EU HAVIA PROFETIZADO. FIQUEI EXTASIADO!

Há um contraste muito grande em Rainha das Sombras. Personagens fracos e ruins, infelizmente, prejudicam a leitura, entretanto, o caminhar da história e os diversos acontecimentos deixam o leitor numa curiosidade imensa sobre o que está por vir.

É difícil classificar esse livro. São sentimentos de amor e ódio. Se você já chegou até o Herdeira do Fogo, go on! Se você ainda não conhece a história, recomendo a leitura do primeiro e do segundo volume para vocês tirarem a conclusão se devem ou não continuar a série.

Rainha das Sombras é ótimo, mas também é regular. É emoção e decepção, tudo junto em um mesmo livro.

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Resenha: Os novos Vingadores – Motim, Brian Michael Bendis & David Finch

“Embora Os Maiores Heróis da Terra tenham se separado, ainda existem ameaças gigantescas demais para serem enfrentadas por um único herói. Quando a prisão de segurança máxima conhecida como A Balsa torna-se alvo de um motim de supervilões, um novo grupo de heróis precisa surgir e responder ao chamado de batalha. Prepare-se para conhecer OS NOVOS VINGADORES!”

Quando a Marvel acabou com sua principal superequipe em “Vingadores a Queda”, todos sabiam que aquilo não seria realmente o fim. Antes que a última edição de “A Queda” fosse lançada, já era anunciada uma nova série com o título de “Novos Vingadores”, porém, o verdadeiro mistério era quais seriam os heróis que comporiam a nova equipe.

Os membros iniciais mostravam uma combinação curiosa: Capitão América, Wolverine, Homem de Ferro e Homem-Aranha, são todos grandes personagens e que já haviam trabalhado juntos em várias ocasiões, mas Brian Michael Bendis surpreendeu a todos ao incluir Luke Cage e a Mulher-Aranha na equipe.

O roteiro de Brian explora muito bem o tema motim, demonstrando o perigo que os supervilões apresentam, principalmente quando trabalham juntos para combater os Novos Vingadores. A arte de David apresenta de forma excepcional o tom sombrio do roteirista, com um estilo um pouco dark, ele passa constantemente a sensação de perigo iminente.

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O vilão Electro foi contratado por uma figura misteriosa, seu objetivo, sabotar a penitenciaria de segurança máxima conhecida como “A Balsa”. Quando Electro dá início a sua operação, Jéssica Drew, Luke Cage, Matt Murdock e Foggy Nelson vão a caminho da prisão para fazer uma verificação de segurança e identificação, entretanto, nesse meio tempo a energia de toda a cidade de Nova York é sabotada, bem como os geradores da prisão, tudo parte do plano, agora alguns dos maiores supervilões do Universo Marvel estavam sendo libertados.

Muitos dos Super-Heróis da cidade prevendo o caos seguem para A Balsa, constatando os seus temores. Vilões como Carnificina, Ossos Cruzados e Homem Púrpura estão entre a multidão de vilões que conseguem escapar da penitenciaria. Agora uma grande batalha tomará conta da estrutura de segurança máxima, mas o destino de Nova York será selado além das paredes da Balsa.

Os Novos Vingadores – Motim, é uma daquelas HQs sérias, repletas de violência, sangue e, claro, diversão. Personagens sucumbirão nas batalhas e o roteiro altera o Universo Marvel permanentemente. O tom sombrio eleva a seriedade da trama, ao ponto em que a qualquer momento, os personagens podem se deparar com o fim de sua própria existência. Uma HQ com muitas surpresas e bastante suspense, definitivamente recomendada.

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Resenha: Nunca Jamais, Colleen Hoover & Tarryn Fisher

Charlie Wynwood e Silas Nash são melhores amigos desde pequenos. Mas, agora, são completos estranhos. O primeiro beijo, a primeira briga, o momento em que se apaixonaram… Toda recordação desapareceu. E nenhum dos dois tem ideia do que aconteceu e em quem podem confiar.
Charlie e Silas precisam trabalhar juntos para descobrir a verdade sobre o que aconteceu com eles e o porquê. Mas, quanto mais eles aprendem sobre quem eram, mais questionam o motivo pelo qual se juntaram no passado.

Continuo sendo a pessoa mais suspeita do mundo para falar sobre um livro de Colleen Hoover (ou um livro que ela participe, como é o caso!), mas não podia deixar de passar aqui e indicar pra vocês mais uma obra-prima dessa mulher! Dessa vez com uma premissa totalmente diferenciada, Colleen (e Tarryn, não posso esquecer que esse livro tem duas autoras! haha) nos prende a sua leitura de uma maneira completamente viciante!

“Nunca Jamais” é muito diferente dos livros anteriores da autora. Colleen sempre teve uma escrita pesada e muito realista, onde eu podia me identificar com a história e com os personagens. Agora nossa história é bem irreal e no começo, um pouco confusa.

Como a sinopse já nos revela, começamos a leitura sem saber o que está acontecendo, exatamente como nossos protagonistas: sem saber quem são e o que estão fazendo ali. Após “despertarem” no colégio, em mais um dia normal, Charlie e Silas não entendem o que aconteceu enquanto todas as outras pessoas ao seu redor agem normalmente.

“Como posso saber quanto custa um carro como esse? Tenho memória de como as coisas funcionam: um carro, as regras de transito, os presidentes, mas não lembro quem eu sou.”

Com o tempo, Charlie e Silas descobrem que são, teoricamente, namorados desde a infância e melhores amigos. Ai tentarem refazer seus passos para descobrirem o que está aconteceu, eles percebem que o segredo que os cerca é muito mais grave do que imaginavam…

“Meu primeiro instinto é dizer a ela que vai ficar tudo bem, que eu vou descobrir o que aconteceu. Sou inundado com uma necessidade esmagadora de protege-la – só que não tenho ideia de como fazer isso quando estamos ambos enfrentando a mesma realidade.”

Para evitar spoilers vou parando por aqui, mas posso afirmar que “Nunca Jamais” foi uma surpresa maravilhosa e entrou para minha listinha dos favoritos. Escondendo um belo romance em uma atmosfera de mistério, a leitura tira nosso fôlego e nos deixa ansiosos pela continuação.

“Quero sentir isso de novo. Quero lembrar como é amar alguém dessa forma. E não apenas alguém. Quero saber como é amar Charlie.”

Minha única crítica é sobre o tamanho do livro, que é extremamente fino e quando nossa história está no ponto alto do clímax, termina. “Nunca Jamais” tem parte 2 e 3, e acredito que teria sido melhor juntas as edições em um só livro. Mas talvez essa tenha sido a intenção: deixar o leitor ansioso para ler a parte subsequente… Se esse foi o caso, missão realizada com sucesso! Leitura recomendada!

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Resenha: Meu Romeu, Leisa Rayven

Cassie está prestes a realizar o grande sonho: estrelar um espetáculo na Broadway. O que ela não esperava era ter que enfrentar o reencontro com o ex-namorado, que será novamente protagonista ao seu lado, em uma peça cheia de romance e cenas quentes. Trabalhar com Ethan traz o passado à tona, e lembra a Cassie que o que existe entre eles vai muito além de simples química

Meu Romeu é aquele livro que quando você começa não consegue mais parar de ler e já torce para acabar logo com a leitura, e ter o prazer de reler. E é assim que me encontro após a quinta releitura que fiz da trama depois da primeira vez em que o li. Ele me trouxe à tona doces – e duras – lembranças e a cada vez em que me entrego as suas 330 páginas sou tomada pelo mesmo sentimento.

”É mais fácil você não esperar nada porque então nada pode ser tirado de você.”

A história retrata o relacionamento de Cassie e Ethan, um casal de jovens que se conheceram nos tempos de faculdade e diferente do que pode parecer, eles nunca conseguiram viver seu romance plenamente, sempre havia algo que barrava.

Cassie é mais uma jovem que resolveu contrariar os pais e quis seguir a carreira de atriz, e com isso ingressa em uma faculdade em Westchester, NY, onde conhece Ethan e toda história começa.

”É isso que é se apaixonar? Uma gratidão opressiva pela outra pessoa estar com você enquanto dividem algo impressionante? Sabendo que a coisa mais impressionante que elas podem dividir está nelas mesmas?”

Desde o início, nosso casal vive uma relação conturbada por Cassie esperar demais de Ethan e por Ethan não conseguir dar nem o suficiente que ela necessita. Não me entendam mal, não estou querendo colocar nosso mocinho como vilão da história, mas durante a trama você o detestará, mas como a gata borralheira que vos escreve passou por uma realidade bem próxima a do livro, acabou que no final, eu o entendi.

O livro é intercalado pelo presente da nossa querida Cassie e o seu passado, onde ela conta como conhecera Ethan. A trama inicia-se com a nossa garota em NY, já no auge de sua fama e tendo que fazer uma peça com seu ex namorado, que destruiu sua vida e seu coração, Ethan. Após saber quem será seu par romântico, ela dá um pequeno, quase grande, surto, mas depois acaba sedendo para não comprometer seu trabalho. Eles terão que viver mais uma vez um casal apaixonado e isso destrói ambos devido a toda história que os envolve.

”E quanto a mim, nunca conheci ninguém mais real do que você em toda minha vida. Cada dia você me inspira a deixar de ser o que os outros querem e apenas ser eu mesma.”

Do outro lado da história, vemos nossos personagens no começo de seu grande romance. Eles se conhecem em um teste para a faculdade e desde esse dia, não conseguem mais se desgrudar. Mas não pensem que foi um mar de rosas, pelo contrário, eles batalharam muito para que desse certo e foram contra a maré muitas vezes. Mas em meio ao amor e ao ódio, conseguiram ficar juntos. Por um tempo.

O destino pegou nosso casal de pombinhos desprevenidos e acabou afastando-os. Ou então, fora Ethan disfarçado de destino que destruiu o conto de fadas. Devido ao fim doloroso, Cassie torna-se uma pessoa fria ao qual não consegue aceitar qualquer sentimento que lhe transmita paz. Ela vai de garota doce e amável, para uma atriz boêmia que transa com qualquer um por não ter mais o que fazer e que no final do dia vive o mesmo dilema, lembrar do que cara que lhe dera todos os motivos para ser a pessoa mais feliz do mundo e ao mesmo tempo para ser a mais triste.

”Meu lado cauteloso está murmurando que estar com ele é como usar o par de sapatos mais confortável do mundo, que às vezes te arremessa de cabeça num muro. É como ter uma alergia a frutos do mar e se negar a desistir de lagosta. Como saber que você está prestes a cair de cara num canteiro de urtiga, mas se recusar a aceitar a torturante coceira.”

No presente, temos muitas confissões da parte de Ethan que só incrementam a trama. E uma Cassia conturbada, triste, mas que ainda espera pelo final feliz com seu Romeu.

”Às vezes, não é questão de tentar consertar o que está quebrado. Às vezes, é questão de recomeçar e construir algo novo. Algo melhor.”

O que mais me chamou atenção foi a mudança da personalidade da Cassie ao longo da trama, de menininha que fazia tudo para agradar os outros apenas para se enturmar, a uma mulher sem medo de expor sua opinião e ser quem sempre quis ser. E tudo isso é graças a Ethan que sempre mostrou que o ele queria mesmo era a verdadeira Cassie. Isso acabou comigo e me encheu de lembranças que ao mesmo tempo incendiaram meu coração e o tornou frio novamente – acho que sou Cassie disfarçada de Julia.

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Resenha: Cidade dos Etéreos, Ransom Riggs

Mês passado publicamos aqui no Beco a resenha de ‘O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares’, livro escrito por Ransom Riggs que esse ano ganhará uma adaptação para os cinemas dirigida por Tim Burton, confira a resenha clicando aqui. Hoje, iremos falar sobre a continuação do “Orfanato”, portanto se você ainda não leu o primeiro livro, sugiro que leia antes de conferir a resenha de ‘Cidade dos Etéreos’.

Antes de iniciar a resenha, é importante dizer que o primeiro livro foi publicado pela editora Leya, que hoje não obtêm mais os direitos sobre a publicação, que agora são da editora Intrínseca, responsável pelo segundo e terceiro livro.

Se o primeiro livro já encantou e intrigou os fãs, o segundo fará isso e muito mais. ‘Cidade dos Etéreos’ é cheio de surpresas, e uma narrativa constante. A impressão que tive quando li, foi que eu estava fugindo junto com os personagens. Por falar em fugir, a história do segundo livro começa exatamente onde o primeiro acabou, na fulga dos Peculiares em busca de um lugar seguro.

Jacob e seus amigos estão em busca de terra firme e segura, mas essa não será uma jornada nada fácil, principalmente por que o mundo está vivendo uma guerra, tanto o mundo comum como o Peculiar. Com a Srta. Peregrine presa na forma de pássaro, Jacob e Emma assumem a frente do grupo com o objetivo de chegar a Londres, onde acreditam que conseguirão encontrar ajuda.

Saindo as pressas da ilha, os Peculiares não conseguiram salvar muitas coisas. Levavam consigo um grande bau, onde contia algumas fotos e um livro de histórias Peculiares, que a primeira vista parece algo inútil, mas que acabou servindo como um guia para eles. As histórias do livro acabaram levando Jacob e seus amigos para dentro de uma fenda ainda mais peculiar do que a que viviam. Lá eles conhecem Addison, um grande amigo que aconselha Jacob e Emma a irem imediatamente para Londres no primeiro trem que puderem, caso o contrario não conseguiriam salvar a Srta. Peregrine, que poderia perder sua “humanidade” para sempre.

Três dias. Era o tempo que eles tinham para chegar até Londres e encontrar uma das últimas ymbrines que não fora capturada pelos Acólitos. Eles então saem da fenda, e seguem rumo a Londres, mas nesse meio caminho muitas coisas acontecem. Acólitos, ciganos, sequestro e ataques a bomba, essas são apenas algumas das coisas que dificultarão o caminho dos Peculiares até seu destino final.

O que será do mundo peculiar agora ? O que será de Jacob, Emma e todos aqueles orfãos que agora também não tinham uma casa, nem uma ymbrine para ajuda-los. Tudo depende do sucesso dessa missão, que a cada momento fica mais difícil. Em ‘Cidade dos Etéreos’ iremos nos surpreender a cada página. O livro é marcado por reviravoltas, momentos de pura tensão e uma perda que irá expor os Peculiares a um perigo extremo.

A edição lançada pela Intrínseca é linda por si só, Capa dura, folhas especiais e jacket, tudo igual a versão original lançada nos EUA. Uma história incrível e uma edição linda, tem tudo para ser sucesso e conquistar muitos fãs. Eu mesmo já virei um, e aguardo ansiosamente pelo último volume da série, ‘Biblioteca de Almas’, que chegara no segundo semestre desse ano nas livrarias brasileiras.

‘Cidade dos Etéreos’ pode ser encontrado nas melhores livrarias do país. Você pode adquiri-lo na versão impressa ou digital. Clique aqui para mais informações sobre onde encontra-lo.

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Resenha: Star Wars Legends – O Esquadrão Perdido – Haden Blackman & Rick Leonardi

“Ao trair a Ordem Jedi e aliar-se a Palpatine, Anakim Skywalker se tornou Darth Vader, o segundo homem mais poderoso e temido da galáxia, atrás apenas do próprio imperador! Ao receber a importante missão de resgatar o desaparecido Almirante Garoche Tarkin – Filho do grande Moff Tarkin – Vader começa a ser assombrado por um fantasma de seu passado e por visões do que poderia ter sido sua vida caso tivesse ficado ao lado dos Jedi e enfrentado o maligno Palpatine. Para ter sucesso na delicada tarefa que recebeu, Vader terá de enfrentar motins, traições e seu inimigo mais implacável: Sua própria consciência!”

O Universo Expandido de Star Wars contém informações importantes que não foram completamente exploradas nos seis filmes de George Lucas, como por exemplo, Vader batalhando constantemente com sua consciência moral. É interessante também que “Dawn of the Jedi” uma série em quadrinhos de Star Wars que se passa milênios antes de “Uma Nova Esperança” é considerada o primeiro material da franquia, cronologicamente falando.

Em 2014 a Lucasfilm anunciou que, em preparação para a futura Trilogia Sequela, o Universo Expandido não apareceria em nenhum material futuro da saga; as antigas histórias passariam a ser editadas sob a bandeira Star Wars Legends da qual esta HQ faz parte, e uma nova continuidade foi estabelecida, consistindo apenas dos seis filmes originais.

O roteirista Haden Blackman, responsável pelo “O Esquadrão Perdido” faz um ótimo trabalho explorando a psique de Darth Vader, uma mente envolta em culpa e remorso. Rick Leonardi que é o responsável pelos traços, explora muito bem o contraste entre a realidade e os sonhos de Vader, fazendo com que os sonhos sejam mais claros e esperançosos enquanto a realidade é mais sombria.

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Lorde Vader está passando por sua calibração rotineira, ele é desmontado e remontado para operar com total eficiência. Durante o procedimento ele recorre a memórias que ele tem de Padmé, isso o mantêm são e equilibrado. Após o processo, ele é convocado por Palpatine que lhe entrega a importante missão de recuperar o Almirante Garoche Tarkin que desaparecera no Sistema Atoano.

Dando início a sua missão, Vader segue para o Sistema Atoano, ao pousar no planeta alvo eles são recebidos por um exército rebelde local, uma grande batalha se segue até que os nativos são sobrepujados se rendendo logo em seguida. Darth Vader tenta obter informações mas em vão, ao ver que ninguém cooperaria, Vader ordena a execução de todos, para sua surpresa alguém surge para entrar em acordo e a partir daí sua missão se torna mais objetiva.

Star Wars Legends – O Esquadrão Perdido, é uma HQ que explora a psicologia de Darth Vader muito bem, mostrando a todo momento como ele utiliza suas memórias, culpa e remorso para escapar de momentos ruins ou para ganhar forças em momentos difíceis. O Universo Expandido de Star Wars está em ótimas mãos, recomendo e muito a leitura para todos que têm interesse em se aprofundar na franquia.

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Resenha: A Redoma de Vidro, Sylvia Plath

Dois anos antes de suicidar-se em 1963, a poeta Sylvia Plath elaborou esse romance sobre uma mulher – no fundo, ela mesma – que vai perdendo o senso até que sobra só um surrealista e vazio senso comum.

Em “A redoma de vidro” conhecemos a história de Esther, uma bonita jovem que estuda numa ótima universidade e está trabalhando na redação de uma revista popular em Nova York. Teoricamente a vida de Esther é perfeita e invejável, mas algo ainda não está certo para ela, que não se sente parte integrante daquele grupo.

“Não teria feito a menor diferença se ela tivesse me dado uma passagem para a Europa ou um cruzeiro ao redor do mundo, porque onde quer que eu estivesse – fosse o convés de um navio, um café parisiense ou Bangcoc -, estaria sempre sob a mesma redoma de vidro, sendo lentamente cozida em meu próprio ar viciado.”

Mesmo convivendo com pessoas importantes e bonitas, entrando e saindo de festas, fazendo compras e sendo admirada, Esther sente um vazio inexplicável e, em certos trechos, é possível sentir como a personagem se sente presa e sufocada dentro de si.

“Me sentia muito calma e muito vazia, do jeito que o olho de um tornado deve se sentir, movendo-se pacatamente em meio ao turbilhão que o rodeia.”

Após o término do seu estágio, Esther volta à casa de sua mãe, onde fica constantemente isolada e não sente vontade de fazer nada. O que me chamou atenção nesta parte da leitura, foi o descaso da sua mãe com o sofrimento da filha. Depois de um tempo, Esther tem um surto (que ocorre de uma maneira muito rápida), e retorna a uma clínica psiquiátrica onde já esteve antes, e é neste momento que temos a dimensão da depressão que a personagem sofre.

Como o livro se passa na década de 50, uma vez que a personagem entra em crise, ela é internada em uma clínica onde os psiquiátrias da época acreditavam em terapias de choque e o uso de muitos medicamentos como forma de cura de qualquer doença psiquiátrica, submetendo Esther a um tratamento traumático e pouco efetivo. Somente na segunda clínica em que se interna Esther conhece uma médica com a qual se sente confiante para se tratar e melhorar.

Mesmo sem nunca antes tendo passado por essa situação, o leitor consegue compreender o nível do desolamento do paciente depressivo, e mesmo utilizando palavras leves, Sylvia consegue nos transmitir esses sentimentos tão pesados.

“O ar da redoma me comprimia, e eu não conseguia me mover.”

Ainda não compreendi muito bem até que ponto a obra é autobiográfica, uma vez que alguns fatos da história realmente aconteceram na vida da autora Sylvia Plath. Talvez por já saber dessa possibilidade de proximidade entre o livro e a vida da autora, muitas vezes senti a leitura muito mais íntima do que deveria, como se estivesse realmente invadindo os pensamentos de Sylvia Plath.

O livro termina de uma forma aberta para interpretações. Em seus últimos paragráfos, ficamos com a sensação de que Esther (e de certa forma, Sylvia) irá sair da depressão e encontrar um sentido na vida, mas infelizmente o livro e a vida real terminam de forma bem diferente, uma vez que Sylvia se suicidou um mês após a publicação.

“Resolvi que nadaria até estar cansada demais para voltar. Enquanto avançava, eu sentia o coração batendo como um motor surdo nos meus ouvidos. Eu sou eu sou eu sou.”