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Crítica de Cinema: Sem Amor (2017)

Representante russo na categoria de melhor filme estrangeiro do Oscar em 2018, Sem Amor (Loveless, 2017) é um retrato brutal sobre o desafeto. Zhenya (Maryana Spivak) e Boris (Aleksey Rozin) estão passando por um conturbado processo de divórcio. O casal tem um filho de 12 anos, Alyosha (Matvey Novikov), que sofre com o distanciamento dos pais. Enquanto buscam prosseguir com suas vidas, Zhenya e Boris não chegam a um acordo sobre o que fazer com o pequeno Alyosha. Nenhum dos dois quer ficar com o filho. Depois de testemunhar uma das brigas mais pesadas do casal, o garoto decide fugir de casa, sem deixar rastro.

Com uma atmosfera fria e densa, Sem Amor tece uma crítica certeira ao mundo cada vez mais submerso no virtual e nas aparências. Zhenya é uma mulher amargurada, frustrada com o rumo que sua vida tomou. Porém, mesmo com todo o caos, ela não deixa de postar fotos e selfies nas redes sociais, emulando uma felicidade que não existe. Enquanto isso, Boris teme perder seu emprego, pois trabalha numa empresa cujo dono, religioso, não aceita funcionários divorciados. Os dois já estão envolvidos em seus novos relacionamentos: Zhenya com um rico empresário e Boris com uma jovem que já está grávida. Com tudo isso acontecendo, sobra pouco tempo e afeto para o jovem Alyosha, tanto que ambos demoram a perceber o sumiço do garoto.

(Divulgação: Sony Pictures)

(Divulgação: Sony Pictures)

Durante o processo de busca do menino, o diretor Andrey Zvyagintsev (Leviatã, 2014) revela as diversas camadas do desamor presentes no filme. Quando os pais são interrogados pela ONG que busca crianças desaparecidas, fica explícito o descaso deles em relação ao próprio filho, principalmente do lado materno. Aliás, Zhanya é a personagem mais complexa nessa história toda. Em determinado momento ela é confrontada pela própria mãe, e é nesse duro diálogo que fica evidente a natureza de tanta amargura.

Mas o filme não é complacente com seus personagens. O clima de tensão e angústia é crescente durante todo o processo de busca do garoto desaparecido. A fotografia de cores frias e a narrativa de longos planos realçam ainda mais a melancolia sufocante daquelas pessoas. Até mesmo as cenas de sexo são mecânicas, vazias de sentimento, sombrias.

Sem Amor é um filme angustiante, repulsivo e, justamente por tais características, muito bem sucedido e eficiente em sua proposta de incomodar. Uma experiência brutal, mas necessária e inesquecível.

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Crítica de Cinema: Me Chame Pelo Seu Nome (2017)

Estrelado por Timothée Chalamet e Armie Hammer, Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me By Your Name, 2017) é um filme que versa sobra a autodescoberta durante a adolescência. Uma fase da vida que não tem como escapar. E durante esses anos de experimentação, descobrimos nosso corpo, descobrimos o que é desejo e descobrimos o que é amor.

Elio (Timothée Chalamet) é um garoto que vive numa casa de verão, em algum lugar ao norte da Itália. Durante a estação, seu pai costuma receber um acadêmico novo a cada ano para ajudá-lo em pesquisas. O ano é 1983 e o visitante é o americano Oliver (Armie Hammer). Aos poucos, a convivência vai aproximando os dois rapazes, e uma paixão vai surgindo.

Divulgação/Sony Pictures

Resumir Me Chame Pelo Seu Nome apenas como um filme de temática LGBT seria injusto. O longa de Luca Guadagnino (A Bigger Splash, 2015), inspirado no livro de André Aciman, retrata com sensibilidade e leveza o despertar do amor e do desejo, sob a perspectiva de um adolescente.

Nada é gratuito no desenrolar dessa relação. Conforme vão se conhecendo, Elio demonstra a vontade de experimentar, de viver aquele sentimento que desabrocha dentro dele, mesmo com a incerteza de estar sendo correspondido. Enquanto isso, Oliver, que apesar de ser um sujeito cativante, demonstra uma certa arrogância, um ar de superioridade, vai se desarmando conforme a confiança entre os dois vai sendo construída.

Divulgação/Sony Pictures

O roteiro escrito por James Ivory desenvolve a história com sensibilidade, num crescendo que, à primeira vista pode parecer um pouco enfadonho, mas que evidencia de forma apurada a hesitação de Elio entre a incerteza e o desejo. A paixão fugaz e intensa dos dois rapazes é retratada da melhor maneira “sexy sem ser vulgar”. E toda essa sutileza do roteiro é associada à belíssima cinematografia e cenários deslumbrantes. É poesia pura.

Me Chame Pelo Seu Nome é o perfeito retrato da primeira paixão, do amor de verão. Intenso, efêmero, mas que, de uma forma ou de outra, acaba sendo marcante. Seja pelo aprendizado, seja pela descoberta. O importante é viver intensamente e aproveitar cada segundo, mesmo que a felicidade seja finita.

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Crítica de Cinema: Viva: A Vida é Uma Festa (2017)

Primeiramente, é inevitável não comparar Viva: A Vida é Uma Festa (Coco, 2017) com Festa no Céu (The Book of Life, 2014). Ambos partem do mesmo princípio, o feriado mexicano do Dia de Los Muertos, com protagonistas que correm atrás dos seus sonhos. E ambos são ótimos. Porém a nova animação da Disney/Pixar consegue encontrar sua própria identidade, e o resultado é simplesmente o melhor filme do estúdio desde Divertida Mente (Inside Out, 2015).

Miguel é um garoto apaixonado por música, que sonha em ser famoso e seguir os passos do seu ídolo já falecido, Ernesto De La Cruz. Mas, por causa de uma desilusão do passado, a família de Miguel não pode nem ouvir falar em nada relacionado a música, e quer que o menino siga o ofício de sapateiro, uma tradição familiar.

A trama de Viva: A Vida é Uma Festa pode não ser tão original quanto Divertida Mente, mas consegue ser mais tocante. Abordar um tema tão complexo, como a morte, é um risco. Ainda mais se levarmos em consideração que estamos falando de uma animação para a família. Porém a história acerta ao tratar o assunto com sensibilidade.

(divulgação)

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O relacionamento familiar e seus conflitos estão presentes na história, como em boa parte das animações da Disney (e da Pixar também). Porém, ao falar sobre a morte, Viva: A Vida é Uma Festa disserta sobre lembranças. Aquelas lembranças que mantemos acesas dentro de nós, mesmo quando um ente querido morre. As memórias estabelecem a conexão entre os vivos e aqueles que já se foram.

Conceitualmente, a Terra dos Mortos muito se assemelha ao retratado em Festa no Céu e até mesmo em A Noiva-Cadáver (Corpse Bride, 2005). Novamente o espectador é transportado para um mundo cheio de cores, música e vida. Mas a Disney/Pixar cria uma identidade visual para esse universo que, como sempre, é de encher os olhos.

(divulgação)

Outro aspecto positivo do filme está no modo como as tradições e a cultura do México são retratadas. Os rituais e preparativos das famílias mexicanas para o Dia De Los Muertos (equivalente ao nosso Dia de Finados, mas celebrado de uma maneira bem diferente), as músicas e os elementos culturais, todos bem delineados e com muito bom gosto.

Viva: A Vida é Uma Festa é uma emocionante celebração da vida, da família e da importância de sempre manter acesa a memória afetiva dos nossos antepassados.

Crítica de Cinema: Fala sério mãe! (2017) - Beco Literário
Crítica de Cinema: Fala sério mãe! (2017) – Beco Literário
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Crítica: Fala sério, mãe! (2017)

Eu amo a Ingrid Guimarães e antes mesmo de lançar qualquer coisa dela eu já estou rindo. E não pode ser diferente com Fala sério, mãe! Desde que saíram os primeiros trailers, já fiquei ansioso para assistir ao filme, que também tem Larissa Manoela no elenco, uma atriz muito boa apesar da pouca idade. E antes que apareçam os chatos por aqui, sim, eu gosto dela. Sorry not sorry.

O filme é uma adaptação do livro homônimo de Thalita Rebouças, e começa sendo narrado por Ângela, personagem de Ingrid, que é a mãe da história, e o nascimento de sua primeira filha, Maria de Lourdes, Malu, personagem de Larissa. Confesso que logo nos primeiros minutos, já estava chorando de rir com a composição de personagem que Guimarães deu para Ângela, de maneira tão real, e parecida com a realidade. Quem diz destoar da realidade e apresentar neuroses de maneira exagerada (alô, crítico da Folha!) claramente não passou pela adolescência nesse século. Ângela é minha mãe em todas as ações, e ela mesmo concorda com isso.

A narração passa então para Malu, logo no início do filme, por volta dos seus 13 anos, quando ela começa a contar a história do seu ponto de vista. Tem a chegada dos dois irmãos mais velhos, e as experiências do primeiro beijo, primeira viagem, primeira vez… Dramas que toda mãe passa com todos os filhos, e por isso, o longa talvez seja a melhor aposta para assistir com os pequenos nessa época de férias. É engraçado porque ele aborda não só a confusão da filha, ao falar da perda da virgindade para a mãe, por exemplo, mas também da reação da mãe em digerir tudo aquilo. Não é fácil para nenhum dos lados, principalmente para aqueles pais que são de primeira viagem.

Outro aspecto que me agradou bastante, foi o argumento desenvolvido em torno da separação dos pais de Malu, após uma descoberta de traição. Nessa parte, além de mostrar os dramas que os filhos passam, e aqui com uma ressalva para a cena em que Malu tranquiliza seus irmãos no quarto enquanto as terríveis brigas acontecem, também aborda o fato de que, em uma época, os filhos viram pais e os pais viram filhos. É necessário retribuir um pouquinho de tudo o que já fizeram. Já vi inúmeros filmes que tratam disso, mas nenhum dessa forma, e com a visão que o adolescente tem, na realidade: de que ele é mais pai do pai, do que filho.

A película é infantil, não espere um enredo bem desenvolvido e uma roteiro digno de premiação. É um filme leve, com um argumento mais leve ainda. Cenas desconexas, que mais parecem pequenas crônicas dentro de um contexto geral que é a maternidade e como lidar com a adolescência dos filhos. Mas, não me entenda mal, porque ele ainda é capaz de arrancar lágrimas não só de pais e filhos, mas também de pessoas próximas que possam conviver com qualquer um dos personagens que são verdadeiros arquétipos para pelo menos uma ou duas pessoas que você conhece.

É para ver numa quarta-feira a tarde, no dia em que é mais barato, para agradar sua mãe e dar uma risada com ela. Ou então, para distrair seu filho e mostrar um pouquinho de suas inseguranças e que você não é dona da verdade, né mãe? Você também pode errar, e quando erra, é tentando acertar.

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CRÍTICA: Jumanji: Bem-Vindo à Selva (2018)

Ao ver o trailer de Jumanji (exibido incansavelmente nos cinemas nos últimos 3 meses), você teve a impressão que o filme foi totalmente resumido em poucos segundos e que não teria muito de novo para ver na versão completa? Então, isso resume o sentimento em torno de Jumanji: Bem Vindo à Selva. Mas isso não é de todo ruim. Apesar disso, temos aqui um filme muito bom para dar algumas risadas e comentar com os amigos.

Nos primeiros minutos, somos introduzidos aos estereótipos clássicos de qualquer filme com adolescentes: o nerd jogador de videogames (Spencer), o atleta com dificuldades nos estudos (Fridge), a popular (Bethany) e a estudiosa que odeia educação física (Martha). E é nesse meio tempo que supostamente teríamos que nutrir uma simpatia por Spencer, mas quem rouba a cena totalmente é Bethany. Sua falta de noção e egocentrismo são tão inocentes (se é que tem como ser assim) que a torna engraçada.

Após serem transportados para outro mundo, os personagens tem os seus corpos trocados. Isso aconteceu conforme os personagens que eles escolheram para jogar em um videogame e a ‘troca de corpos’ foi bem previsível: o nerd Spencer ganhou um corpo robusto e cheio de atitude, Fridge se tornou baixinho e perdeu suas habilidades esportivas, a nossa querida Bethany se tornou ‘um senhor de meia idade’, como ela mesma diz e Martha se torna uma linda e atraente mulher, cheia de habilidades. Nessa hora lembrei do filme ‘Se Eu Fosse Você’, com Glória Pires e Tony Ramos, pois constatei que troca de corpos sempre vão trazer filmes divertidos.

A partir deste momento, eles precisam se adequar aos seus novos corpos, que também possuem elementos especiais e suas fraquezas.Além disso, os personagens começam a desenvolver suas próprias características, aprimorando algumas – como Spencer usando seus conhecimentos em jogos – e deixando de lado algumas – Bethany e seu vício em celulares, por exemplo. Eles são apresentados ao seu objetivo nessa aventura: salvar Jumanji, para que assim possam voltar para suas vidas normais.

Como todo bom filme (ou jogo), temos seus obstáculos e vilões. Neste caso, vilão, no singular mesmo. E bem fraco. É realmente uma decepção ver que as armadilhas criadas para barrar os heróis do filme sejam tão básicas e simples. Isso nos impede de sentir aquela adrenalina ou de imaginas ‘putz, eles não vão conseguir’. Em nenhum momento isso aconteceu. Mas em um geral, o que chamou mais atenção mesmo são realmente as evoluções pessoais do que as aventuras para conseguir se salvar deste universo paralelo.

ATUAÇÕES NO PONTO

Dwayne Johnson realmente convence como um jovem que acabou de ganhar um super corpo. Sem precisar abrir a boca, apenas em sua linguagem corporal, podemos sacar que era Spencer ali. E assim ele se manteve durante todo o filme. Karen Gillan mandou bem como a insegura Martha que durante o período de jogo se viu em corpo de ‘atiradora sexy’. Quem realmente me chamou a atenção foi justamente um personagem que não citamos até agora. Mas precisamos dizer, Nick Jonas mandou muito bem neste filme. Nick aparece apenas 1 segundo no trailer de cinema e entendemos que caso seu personagem fosse melhor divulgado o filme nos deixaria com poucas novidades. Não falarei muito para não entregar tudo.

VALE A PENA?

Sim! É um filme que sinceramente, já sabemos o começo, temos uma idéia de seu meio e definitivamente conhecemos o final, mas ainda assim, ele vale o ingresso. Te faz dar umas risadas, tem atuações muito boas e remete à um filme qualquer de final de tarde. Se estiver de bobeira, vai preencher bem o seu tempo. Agora, se deve ser a prioridade de filme para ver no verão, bem, aí é outra coisa.

FICHA TÉCNICA

Nome: Jumanji: Welcome To The Jungle

Elenco: Dwayne Johnson, Jack Black, Kevin Hart, Karen Gillan, Nick Jonas e Bobby Cannavale.

Direção: Jake Kasdan

Duração: 119 minutos

Estreia: 04 de Janeiro de 2018

Distribuidora: Sony Pictures

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CRÍTICA: Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas (2017)

Que o personagem de quadrinhos Mulher Maravilha é considerado um ícone feminista é de conhecimento de todos, mas o que poucos imaginam é a história por trás da origem da super heroína e de como a força do amor de um homem e duas mulheres fez quebrar as barreiras internas do preconceito.

Com a estreia marcada para hoje (14) o filme “Professor Marston e as Mulheres Maravilhas“, escrito e dirigido por Angela Robinson foi muito bem recebido pela crítica especializada – 86% de aprovação no Rotten Tomatoes – e pelo público – 81%. O Beco Literário acompanhou a pré-estreia do longa e assim como todos os presentes, se surpreendeu com um filme que consegue ser didático sem deixar de ser envolvente.

O psicólogo formado em Havard, Dr. Willian Moulton Marston, interpretado por Luke Evans, é um homem visionário que com o auxílio de sua esposa, Elizabeth Marston (Rebecca Hall) e a amante de ambos, Olive Byrne (Bella Heathcote), inventa o detector de mentiras e com base em seu relacionamento e tendo como inspiração essas duas fortes figuras femininas, começa a moldar criativamente a heroína amada por muitos há oito décadas.

Podemos observar que a relação de bigamia vivenciada no filme ultrapassa a vontade da figura masculina em ter duas mulheres ao seu dispor, e sim, onde há três pessoas igualmente apaixonadas um pelo outro ao ponto de se doar de forma única e avassaladora, fazendo-os enfrentar temores internos e críticas externas de uma sociedade totalmente conservadora.

Marcado por uma bela cenografia o filme nos transporta e nos faz vibrar com cada passo de sua história, sendo ele a força e determinação do Professor Marston em lançar sua história em quadrinhos retratando a junção de duas fortes mulheres em uma só, uma fala irônica e engraçada de Elizabeth, ou um olhar de admiração lançado por Olive, para o casal Marston.

“Professor Marston e as Mulheres Maravilhas” é mais que a história de criação de um personagem de quadrinhos, é a paixão de um homem pela força e o poder que as mulheres possuem e exercem pelo mundo, força essa que as fazem ser totalmente não dependentes de uma figura masculina para alcançar seus objetivos. Com essa força em casa, Marston com maestria cria e presenteia o mundo com o ícone Mulher Maravilha.

 

*Texto por: Bruno de Bonis

Crítica: Extraordinário (Wonder, 2017)
Crítica: Extraordinário (Wonder, 2017)
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Crítica: Extraordinário (Wonder, 2017)

Auggie interpretado por Jacob Tremblay é aquele personagem que sentimos vontade de abraçar, seja por sua maturidade, por sua inteligência ou sua compreensão. O garotinho nasceu com uma deformidade fácil causada pela Síndrome de Treacher Collins, uma condição genética e que atinge principalmente os ossos da face.

Estreia hoje nos cinemas a adaptação de Extraordinário da escritora R.J. Palacio, o Beco já viu e conta para você o que esperar do filme!

O objetivo principal foi atingido, mesmo com a direção de Stephen Chbosky, o filme é mediano, e não foge no comum, mas consegue transmitir o alerta sobre o bullying dentro e fora do ambiente estudantil e como as pessoas são diferentes umas das outras, mas que o respeito e a aceitação são sempre mais importantes.

O filme arranca do público muitas reações desde raiva pelo aluno Julian, ou risadas nas piadas de Auggie e cenas divertidas do filme como aparições do Chewbacca do Star Wars e lágrimas nas cenas como a que August pergunta a sua mãe Isabel, interpretada pela atriz Julia Roberts, por que ele é feio.

O elenco conta ainda com a atuação de Owen Wilson como Nate, o pai de Auggie, além de Izabela Vidovic no papel de Via, a irmã, e conta ainda com a participação de Sônia Braga como a avó brasileira, além de Jack, o melhor amigo de Auggie, vivido por Noah Jupe.

Extraordinário deve ser lido e assistido não só por crianças, mas também pelos adultos. Muitas vezes as crianças são o reflexo de seus pais e o preconceito pode começar dentro de casa.

As crianças não conseguem esconder suas reações ou sentimentos, por isso, é papel fundamental dos pais trabalharem desde sempre qualquer tipo de preconceito ou descriminação, afinal, as crianças são só crianças e curtir a infância é fundamental para seu desenvolvimento.

A resenha completa do livro, você pode conferir aqui! Desde já, Auggie nos ensina uma grande lição e é realmente Extraordinário!

Crítica: What The Health (2017)
Crítica: What The Health (2017)
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Crítica: What The Health (2017)

Nunca pensei em ser vegetariana. Mesmo. Não entendia bem o que levava alguém a ser vegetariano. Viver sem carne? É possível? Não conseguia enxergar isso. Até conseguia imaginar um dia ou outro sem carne, mas simplesmente decidir “nunca mais vou comer carne” me parecia radical demais.

Até que eu assisti um documentário, disponível na Netflix, chamado “What The Health”. A ideia do documentário veio de um americano hipocondríaco, o que faz com que ele sempre duvide da procedência dos alimentos que consome. Ele leu diversas pesquisas que comprovavam que a carne é um dos alimentos mais cancerígenos, pela quantidade de hormônio e criação dos animais, cada vez mais acelerada para que o produto final chegue rapidamente até nós.

Não é um documentário que trata do vegetarianismo e do veganismo através da violência animal. Não é uma sucessão de imagens de animais sendo torturados. Todas as informações são embasadas com dados e falas de médicos. Isso foi uma grande novidade pra mim, nunca tinha visto um documentário que tratasse do assunto e não tivesse imagens chocantes. Eles mostram que um ser humano consegue sim viver muito bem sem consumir carne, a nossa anatomia nem mesmo é preparada para receber tanta carne assim.

Mas aí você para e pensa: se a carne é tão perigosa assim, como eu nunca fiquei sabendo disso? Acontece que as produtoras de carne são patrocinadoras das mais diversas áreas, o que faz com que esse tipo de informação não seja amplamente divulgada, afinal eles perderiam dinheiro e muitos patrocínios seriam desfeitos. Impressionante como o dinheiro fica na frente da saúde na nossa sociedade.

Achei um documentário incrível, com muita informação, às vezes tinha que pausar e pensar para conseguir absorver tudo. Muitas “certezas” que eu tinha foram totalmente derrubadas, e fiquei chocada com a quantidade de dados apresentados.

Porém, quando acabei de assistir, comecei a pensar em outras questões como as verduras e legumes com seus agrotóxicos que não foram nem um pouco exploradas. O documentário se propõe a falar sobre comida, não somente sobre carne. Me pareceu meio suspeito que esse assunto tão discutido tenha ficado de fora. Dessa forma, comecei a duvidar de algumas coisas e já não sei exatamente em que acreditar. Sei que a cada semana um novo alimento é tido como altamente cancerígeno e na semana seguinte já não é mais. Porém esse documentário realmente me pareceu diferente, fiquei um pouco frustrada quando essas dúvidas começaram a aparecer na minha cabeça.

Independente disso, decidi tentar diminuir meu consumo de carne, já que ela parece não acrescentar tanto a minha saúde. E você? Comente aqui a sua opinião sobre esse assunto tão complexo.

Crítica: O Abutre (Nightcrawler, 2014)
Crítica: O Abutre (Nightcrawler, 2014)
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Crítica: O Abutre (Nightcrawler, 2014)

Cenas fortes em jornais em horários totalmente inapropriados. Falta de respeito com o telespectador e com as vítimas. Falta de humanidade desse tal jornalismo sensacionalista. Essas são algumas críticas do filme “O abutre” estrelado por Jake Gyllenhaal, ator que eu nunca consigo ter certeza se atua bem ou não, a cada filme tenho uma opinião diferente. Nesse, vejo até que a atuação dele foi boa, ele conseguiu entrar no papel de um personagem com estilo meio sociopata sem sentimentos, ou seria ele que transparece um estilo blasé que fica parecendo ser do personagem? Fico quase sempre com esse mesmo questionamento, como em “Os suspeitos”, que conta com atuação incrível de Hugh Jackman, que contrasta absurdamente com a de Jake.

Voltando ao filme, fiquei presa nele do início ao fim. Ele trata a questão da falta de respeito, da falta de humanidade, da ganância e da vontade de ultrapassar seus próprios limites como profissional de uma forma maravilhosa. Fica claro como muitas pessoas do meio jornalístico não se importam em como conseguir manter uma audiência, contanto que a mantenham. Eles buscam a tragédia, e são até capazes de criá-la, tudo para continuarem em seus empregos, e talvez por algo mais que se desenvolve dentro deles. Eles criam pânico desnecessário aumentando histórias, acrescentando mais crueldade e violência aos fatos reais, tudo para que a população fique alarmada e se mantenha ligada ao jornal 24 horas por dia.

A cada ação do protagonista eu ficava mais indignada, não conseguia acreditar naquilo, mas o jornalismo sensacionalista está aí diariamente jogando na nossa cara como a vítima é desrespeitada em seu momento de sofrimento e o telespectador dentro da sua própria casa.

Por mais impressionante que pareça, há leis sobre esse assunto. Imagens fortes só podem ser mostradas com aviso prévio para o espectador e, mesmo assim, nem tudo pode ser mostrado, mas, ninguém é punido por uma criança ser exposta a esse tipo de imagem recorrentemente às seis da tarde porque sua mãe precisa trabalhar e acaba não prestando tanta atenção ao que seu filho assiste na televisão.

Um filme que me fez pensar muito, que leva várias ações ao extremo. Fiquei um pouco insatisfeita com a falta de contextualização dos acontecimentos anteriores na vida dos personagens. Porém, a crítica foi feita de forma muito boa o que faz com que o filme valha muito a pena, levantando questionamentos: até onde o jornalismo deve ir para que a informação chegue até nós? Essa ainda é a prioridade deles afinal de contas?

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Crítica: Terror nos Bastidores (The Final Girls, 2015)

Na última crítica do Especial de Halloween, eu escrevi sobre A Babá — um filme de terrir, gênero que combina comédia e terror e um dos meus subgêneros de terror preferidos —  filme original da Netflix que não tem medo de ser trash e é muito divertido. E ainda no mesmo tema, a crítica do Especial de Halloween de hoje é um dos meus filmes de terrir preferido: The Final Girls ou como foi traduzido aqui no Brasil, Terror nos Bastidores.

Imagem: Divulgação

The Final Girls é uma espécie de sátira/homenagem aos filmes de slasher dos anos 80 dirigida por Todd Strauss-Schulson (Um Natal Muito Louco) e roteirizada pela dupla M.A Fortin (Queen of the South) e Joshua John Miller (Também roteirista de Queen of the South, e atuou no longa Near Dark). O longa segue a história de Amanda Cartwright (Malin Akerman, de Watchtmen, e simplesmente maravilhosa) e Max Cartwright (Taissa Farmiga, de American Horror Story), mãe e filha que são muito ligadas e tem uma relação de amizade e cumplicidade. No entanto, Amanda é uma atriz fracassada que não consegue um bom papel por ter participado de um filme da famosa franquia slasher Camp Bloodbath (uma clara referência à franquia Sexta-Feira 13), e apesar de sempre contar com o apoio da filha, vive frustrada. Após sair de mais um teste fracassado, Amanda e Max sofrem um terrível acidente de carro, matando a primeira, com Max tendo que lidar com a morte precoce da mãe.

Imagem: Malin Akerman e Taissa Famiga, Divulgação

Um ano se passa, e a jovem é convidada para uma sessão especial dos dois filmes da franquia que fez sua mãe ficar famosa (e seu único sucesso). Relutantemente ela aceita, mais como uma oportunidade de rever a mãe do que realmente querer participar do evento, mesmo que seja apenas em um filme. Porém, durante a sessão, acontece um incêndio e Max e seus amigos — Chris Briggs (Alexander Ludwig), Vicki Summers (Nina Dobrev), Gertie Michaels (Alia Shawkat) e Duncan (Thomas Middledict) — rasgam a tela do filme, para eles poderem fugir por uma saída do outro lado. Mas, em vez de eles estarem sãos e salvos, inexplicavelmente o grupo vai parar dentro do filme Camp Bloodbath. O grupo terá que fazer de tudo para sair dessa situação em meio a um filme de slasher com um assassino à solta querendo matar todos que ver pela frente, lidando com as regras desse tipo de filme. E Max terá que lidar com a dor e a saudade de rever a sua mãe, sendo que ali ela é só uma personagem de filme de terror e que está marcada para morrer.

ATENÇÃO ALGUNS SPOILERS ABAIXO

Imagem: Divulgação

The Final Girls é um filme que me chamou a atenção logo pela premissa: o que você faria se ficasse preso em um filme de terror? Afinal todos conhecemos as regras desse tipo de filme, principalmente o slasher; conhecemos de cor e salteado os clichês e estereótipos, mas será que seria o suficiente para sobrevivermos?!

O longa lida com isso da forma mais divertida possível, através do personagem Duncan que é um fã da franquia e conhece todas as regras, as falas, as ordens das mortes, quem será a final girl… Mas não é o suficiente para fazê-lo durar muito. E esse é um dos pontos mais assustadores e divertidos do filme: todos eles vão morrer, porque eles estão em um filme slasher e apenas a final girl sobrevive no final.

Imagem: Divulgação

Outro ponto que me fez querer assistir ao filme é que a premissa do filme me fez lembrar de um clássico brasileiro da Sessão da Tarde estrelado pela Angélica (sim, ela mesma!): Zoando na TV, em que ela e o namorado (interpretado pelo Márcio Garcia) entram na TV e terão que tentar sair dali, enquanto lidam com vilões que querem controlar a programação da TV (ok, provavelmente só eu lembro dessa pérola brasileira, mas procurem no Youtube).

Imagem: Divulgação

 

Mas, o que me surpreendeu em The Final Girls é que ele consegue ser extremamente emocional. Sim, você não leu errado. Em meio à todos os esteriótipos e piadas com os clichês de filmes slasher há espaço para um desenvolvimento de personagens tão bom, que eu literalmente me debulhei em lágrimas em uma das cenas finais do filme. E isso se deve a forma como o roteiro desenvolveu o relacionamento de Max com Amanda e com a personagem que sua mãe interpreta: Nancy.

Nancy é a típica personagem loira e bonita, doce e virginal, que teria tudo para ser a protagonista, até que “comete o erro” de perder a virgindade, e por isso paga com sua vida. Como sabemos, filmes de terror possuem uma moralidade bem tradicional, não a toa uma das regras é que não se pode transar nesses filmes, pois você está assinando sua sentença de morte. Era muito comum nesses filmes dos anos 80, principalmente os primeiros filmes da franquia Sexta-Feira 13, em que eles usavam uma personagem que teria todo o potencial para ser a protagonista (geralmente era a personagem com mais tempo de tela, e tinha todo o ar virginal) de exemplo moral; então a personagem transava ou cometia algum outro clichê, e assim era morta pelo assassino. Isso deixava o caminho livre para verdadeira final girl brilhar: a garota diferente de todas, introspectiva (com menos tempo de tela às vezes) e virgem. Nancy é exatamente a personagem que servirá de exemplo moral no filme, e por isso sua morte é inevitável.

Imagem: Divulgação

Como não poderia deixar de ser, isso mexe com Max, que não consegue separar sua mãe da personagem, e por isso quer fazer de tudo para Nancy sobreviver, mesmo que seja impossível. Ou não tão impossível. Por não fazerem parte do filme, o grupo passa a alterar a ordem natural das regras do Camp Bloodbath; como o fato de eles, mesmo não sendo personagens do filme morrerem e a ordem das mortes. No entanto, o erro principal que eles cometem é acidentalmente causar a morte da final girl do filme: Paula (Chloe Bridges), alterando assim todas as regras do filme.

Max, então, vê isso como uma oportunidade de “salvar” sua mãe, e passa a fazer de tudo para que Nancy seja a nova final girl e sobreviva. As atuações de Malin Ackerman e Taissa Farmiga estão sensacionais, e elas trazem um peso emocional para as personagens que não esperava ver em um filme que satiriza filmes slasher e por isso abusa do uso dos estereótipos. Não tem como não se emocionar e inclusive chorar com a relação das duas, e mesmo que seja inevitável, torcer para que as duas sobrevivam.

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The Final Girls possui várias referências de vários filmes slasher, mas não tem como não olhar para ele e não lembrar de imediato de Sexta-Feira 13, o fato de ser em um acampamento, a história do assassino que sofria bulliyng das outras crianças e por culpa delas, morre — no caso de Camp Bloodbath, ele só fica desfigurado—  a roupa e máscara do assassino. Até o típico tema do Jason Vorhees de quando ele se aproximava de sua vítima: o famoso kill kill ma ma   (aposto que você cantava kikikimama, ou algo parecido). Toda a produção do filme, desde as locações, as cores, a transição para os flashbacks (uma das sacadas mais geniais do filme), a trilha sonora: tudo remete aos filmes slasher dos anos 80.

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Inclusive a trilha sonora do filme é um dos grandes destaques: a instrumental consegue reproduzir o clima dos filmes dos anos 80 e a comercial tem ótimas músicas dessa época, com destaque para Bette Davis Eyes (que você nunca ouvirá da mesma forma). Os personagens são todos carismáticos, o que torna ainda mais difícil a inevitável morte deles (um frescor para o gênero slasher, já que normalmente você só quer assistir todo mundo morrer). Com destaques para os personagens do Camp Bloodbath: Kurt, interpretado pelo Adam Devine de Pitch Perfect, que faz um atleta pervertido e cheios de hormônios insuportável, mas engraçado e Tina (Angela Trimbur) a gostosona burra mais estereotipada ever e que protagoniza as cenas mais engraçadas. Angela Trimbur tem uma veia cômica ótima.

Imagem: Divulgação

The Final Girls é um dos melhores filmes do gênero terrir que tive o prazer de assistir, que brinca de forma inteligente com o gênero slasher e possui uma veia dramática surpreendente para um filme do gênero. Ah e a cena final é uma das mais maravilhosas e inteligentes, que fecha o filme com uma piscadinha para os fãs de filmes de terror.

Terror nos Bastidores (The Final Girls) já está disponível na Netflix.

Especial Halloween: