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Sobre ser nerd hoje em dia – Especial Orgulho Nerd

Se um nerd nos anos 80 milagrosamente tivesse acesso ao Facebook na semana de estréia de Star Wars: O Despertar da Força, ele sentiria orgulho. Muito, muito orgulho. E é por isso que, 25 de Maio, exatamente 40 anos após o lançamento do primeiro Star Wars nos cinemas, nós celebramos.

Na época em que a cultura nerd começou a florescer entre os jovens “excluídos” estadunidenses, os estranhos e leitores vorazes, era ridículo ser um nerd. Era motivo de chacota. Você seria ridicularizado, subestimado, menosprezado e por fim rotulado, destinado a estar na grande caixa do “estereótipo”, dentro da qual alguém raramente olha.

Mas nós sempre fomos bons em sermos quem somos. Somos tão bons nisso que é difícil para nós quando nos pedem para ser outra pessoa, para conter nossas paixões. Então, apesar da maré de bullying que sufocou a subcultura nerd antes da Era da Internet, perseveramos.

Muito disso se deve ao fato de que o nerd é, por natureza, um ser de criatividade. Seja para produzir ou consumir, nós criamos um mercado de imaginação que hoje movimenta o mundo. Marvel, Google, Ubisoft, Microsoft, Facebook. O quanto essas marcas valem hoje em dia? E elas não seriam nada se não fossem os nerds que as fundaram, incentivaram e popularizaram.

Por menos do que isso é que viemos falar sobre o que precisa ser falado hoje. Viemos falar sobre o que é ser nerd, se existe problema na popularização da cultura, sobre as minorias no mundo nerd e perspectivas para o futuro.

Vem comigo!

UTOPIA NERD

Novamente, vamos voltar um pouco no tempo. Silenciosa, uma garota lê sua HQ do Spider-Man, a luz de uma lanterna, escondida debaixo das cobertas caso seus pais resolvam checar se ela está realmente dormindo.

Ela sonha com como seria se ela pudesse conversar com as pessoas sobre as aventuras que ela lê. Não seus pais, que apenas sorriem e acenam, tudo bem filha, agora vá estudar; mas amigos e amigas que, claro, conhecem o Spider-Man, ele é demais, quem não conhece? Como seria se ela pudesse ver um filme do homem-aranha, com atores de verdade?
Ela estaria vivendo o mundo dos sonhos.

Ela estaria vivendo algo como os dias de hoje.

Atualmente, quase todo mundo pelo menos já ouviu falar das mais famosas obras nerds contemporâneas. Game of Thrones? Conhecido. Vingadores? Conhecido. Star Wars? Conhecido. As pessoas podem não gostar no mesmo nível de intensidade, ou as vezes nem mesmo gostar, mas que essas obras são conhecidas é inegável.

Para muita gente, isso é algo bom. Saber que agora não há motivo para esconder seus gostos, que você não é um excluído e que, em alguns círculos, podem te ver até como um cara descolado. Para outros, porém, a popularização da cultura nerd é motivo de desgosto profundo. Essas pessoas argumentam que a popularização não somente lhes rouba algo que é característico e lhes distingue, mas também que muita gente hoje em dia não é “nerd de verdade”. O que nos leva ao próximo tópico.

O QUE É SER NERD HOJE EM DIA?

John Green tem uma frase famosa sobre “o que é ser nerd”. E ele tem bastante propriedade para falar do assunto. A citação é o seguinte:

“Nerds como nós podem ser abertamente apaixonados por algo… Nerds podem amar algo no nível de se balançar na cadeira de animação. Quando chamam as pessoas de “nerds”, basicamente o que eles estão dizendo é ‘você gosta de algo.’”

Essa frase explica muita coisa. É claro, não é gostar muito de qualquer coisa que vai fazer você um nerd. Existe todo um núcleo de gêneros e atividades que estão associadas com a nossa cultura, mas falando do que é nosso: se você gosta muito, bastante mesmo, você é nerd.

Não importa se você tem coleção. Se você sabe de cor o nome de cada personagem e seu histórico. Se você estaria disposto a fazer cosplay. Tudo isso é extra. O que importa é o quanto você gosta e o quanto aquilo define uma parte de quem você é. Que nerds são antissociais, feios, mega-inteligentes, isso são estereótipos. E estereótipos não nos prendem mais. O que importa é o quanto você ama as space operas, as fantasias, os super-heróis, as viagens no tempo. E o espaço que eles ocupam no seu coração.

STAR WARS, TOMB RAIDER E REPRESENTATIVIDADE

Quando sétimo filme de Star Wars saiu, muita gente assumiu que Finn seria o grande protagonista. Claro, o marketing genial da Disney ao mostrá-lo sempre usando sabre de luz colaborou para isso, mas o motivo mais profundo é que nunca antes uma mulher havia protagonizado um filme de Star Wars. Isso por si só já gerou uma confusão: houveram pessoas que REALMENTE promoveram um boicote ao filme. Porque Finn é interpretado por um ator negro (John Boyega).

Parece bem idiota, quando se para pra pensar, que alguém pense “Ei, esse cara é negro. Não vou poder aproveitar meu filme direito porque ele é negro”. Bem, algumas pessoas que acharam isso idiota conseguiram pensar, quando saiu o trailer Rogue One: “Ei, a protagonista é mulher de novo. Não vou poder aproveitar meu filme direito porque ela é uma mulher”.

O que está acontecendo é uma reação quase alérgica à fuga do clichê que é o protagonista homem branco, junto com um retrato não-sexualizado da mulher protagonista. Tudo isso está confundindo quem não é tão mente aberta.

Lara Croft é a eterna ídola do mundo gamer. Mas infelizmente, como muitas mulheres da vida real são obrigadas a fazer, ela não conseguiu isso só com seu carisma e personalidade. Lara usou de seu corpo. Poucos personagens não-pornográficos na história foram tão sexualizados quanto a heroína-britânica. Em 2012, uma versão atualizada de Tomb Raider foi produzida, um recomeço: sem seios gigantescos, sem sex appeal. Só a heroína. Ela ainda não consegue competir com Nathan Drake, um personagem muito semelhante (explorador) da série Uncharted, cujo único sex appeal é seu rosto bonito e sua pose de garanhão.

Star Wars Battlefront II vai trazer um modo campanha com mais uma protagonista feminina, e é de se esperar que essa tendência se espalhe. Precisamos dessa representatividade, porque nerds não são só homens. E não tem nada de extraordinário ou de fetiche em ser mulher e ser nerd. Assim como um cara nerd, uma garota nerd está simplesmente sendo quem ela é. E ela tem todo o direito de se espelhar em alguém como ela. Assim como negros, latinos, asiáticos, gays, lésbicas, bissexuais, transexuais. Nerds não estão entre esses. Estão englobando todos. Somos todos. E queremos nos ver.

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Música do Mundo: Stromae

É quase certo que sim, você já tenha escutado algo do Stromae. Seus hits “Alors on Dance” e “Papaoutai” explodiram nas rádios e nas baladas por aqui. Mas você sabia que ele que ele é belga? E que suas letras muitas vezes trazem reflexões, histórias de vida e críticas sociais profundas?

Paul Van Haver (nome de batismo do rapper) tem uma história de vida profunda. Seus pais eram de países diferentes. A mãe era belga, e o pai era de Ruanda. Em 1994, o trágico Genocídio de Ruanda deixou aproximadamente 800 mil mortos, dentre eles, seu pai. Em várias entrevistas, Stromae já declarou o quanto ter tido a ausência de seu pai enquanto vivo e ter sido criado por uma mãe solteira o levaram a escrever músicas que falam sobre misoginia e paternidade. Para além disso, ele manteve suas raízes culturais da infância, chegando a dizer que é “50% geneticamente, 40% culturalmente” africano.

Vale adicionar que, pra quem está aprendendo francês, escutar Stromae e ler a letra de suas músicas é um ótimo incentivo. As músicas dele, mesmo dançantes e animadas, ficam ainda melhores quando você entende as críticas, as piadas ácidas e o sarcasmo que elas contém.

São dois álbuns que compilaram suas produções até agora. Põe os fones de ouvido e vem escutar!

Spotify: https://open.spotify.com/artist/5j4HeCoUlzhfWtjAfM1acR

Cheese (2010)

O primeiro álbum foca mais no estilo Eurodance, e traz o hit “Alors On Dance”.

  • Je Cours
    Não existe música melhor pra ouvir correndo no mundo. Não, nem “Gonna Fly Now” bate. A respiração no fundo adiciona uma sensação de presença que poucos artistas conseguem dar às suas músicas.
  • Te Quiero
    Existem várias interpretações para a letra, mas o ritmo mostra o jeito típico do compositor de rimar em francês, e é garantido de fazer você querer dançar.
  • Dodo
    O interessante dessa faixa é como ela explora a melodia de uma canção de ninar para fazer um ritmo eletrônico de batida intensa. A letra foi uma das primeiras de Stromae a falar sobre paternidade.

Racine Carée

É em Racine Carée que Stromae adiciona ao seu estilo as raízes culturais de sua ascendência africana. O resultado é uma música rica, única e marcante. Nele foi lançado o hit “Papaoutai” (que é por onde vale a pena começar a escutá-lo).

  • Ave Cesaria
    A faixa é uma homenagem de Stromae à cultura musical africana, em especial à cantora cabo-verdiana Cesária Evora. Dá pra ouvir no final ele dizendo “Oh sodade, sodade de nha Cesária”… (Ps.: Não, não está errado! A frase é cantada não em português, mas em crioulo cabo-verdiano, um idioma bem próximo).
  • Carmen
    Uma crítica ácida aos viciados em redes sociais, a faixa é uma obra prima por reaproveitar uma base de música eletrônica e criar uma batida eletrizante em cima dela.
  • Tout Les Mêmes
    A faixa originou um dos melhores clipes do compositor, estrelado por ele mesmo; nele, ele se veste/maquia metade do corpo como um homem, metade como uma mulher, e atua um dia cotidiano, mostrando dois lados da vida de um casal e como os dois podem ser mais parecidos do que se pensa. Também pode ser interpretado como um questionamento da barreira que separa o que é considerado “feminino” do que é considerado “masculino”.

Bônus:

  • A faixa Ta Fête, do álbum Racine Carée foi o tema da seleção belga na Copa do Mundo de 2014
  • No clipe de Formidable, Stromae finge estar bêbado na rua e a produção filma a reação dos pedestres e até da polícia.

Curtiu Stromae? Fica ligado aqui no Beco Literário pra mais artistas da música do mundo aqui na coluna, sempre aos domingos.

 

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5 novos nomes do jazz nacional contemporâneo que você precisa conhecer

O Brasil possui monstros do jazz, isso todo mundo sabe, e o nome Hermeto Pascoal deve vir logo à mente. No entanto, há toda uma produção contemporânea que merece atenção redobrada. Adicionando novas sonoridades ao jazz clássico, as nuances brasileiras se misturam e os resultados são maravilhosos. Ao ouvir o jazz nacional sentimos que ele transparece o que somos: uma mistura. Nosso jazz não é só jazz, é soul, é funk, é hip hop, é bossa nova, é tudo junto pra formar algo singular, assim como nosso povo. Então, para massagear os ouvidos, conheça abaixo 5 nomes do jazz brasileiro contemporâneo:

1. AMARO FREITAS

Pianista e compositor pernambucano, Amaro Freitas já gravou com Hermeto Pascoal, Paulinho da Viola, Wilson das Neves e Roberto Menescal. Em seu mais recente trabalho, o álbum Sangue Negro, o músico inova trazendo uma mistura interessante entre free jazz, samba e frevo. Em entrevista para o Jornal do Commercio, Amaro diz que “às vezes a gente fica preso às formas de melodia e harmonização, mas o som já existe. Essas são apenas as formas esquematizadas de organizar a música – e a música europeia, não é nem a nossa música. O som é muito mais do que isso. O som pode ser ruído, pode ser qualquer coisa que eu possa trabalhar dentro da minha cabeça”, e que a ideia central do álbum foi “trazer elementos da música pernambucana para instrumentos eruditos”.

2- TRIO X

O Trio X, formado pelos graduandos em Música da Unicamp Daniel Moreira, Felipe Ribeiro e Zeca Vieira, apresenta uma música instrumental que atualiza o jazz com muita personalidade. Feather, música composta por Felipe Ribeiro, parece contar uma história através da música, e essa é uma experiência musical das mais importantes: suscitar no ouvinte outras sensações e transportá-lo para outro lugar. É o tipo de música para se ouvir de olhos fechados. No canal do YouTube da banda há mais produções igualmente deliciosas de se ouvir.

3- VALV TRIO

O trio formado por Felipe Julio (Guitarra), Marcelo Borges (Guitarra) e Bruno Hernandes (Bateria), apesar de ainda não possuir um repertório muito grande, mostra que a fusão entre o jazz, o rock e a música eletrônica funciona muito bem. Aguardamos mais músicas do trio!

4- KICK BUCKET

A banda formada por Bruno Kioshi (baldes), Thiago Kim (sax), Levy Santiago (baixo) e El Cid (teclado), traz um formato no mínimo inusitado. Para começo de conversa, Kick Bucket não só chuta baldes, mas apresenta suas batidas com maestria. No balde há jazz, blues, soul, funk, tudo isso apresentado na rua pra todo mundo ver e ouvir. Neste último domingo de dia das mães (14) tive a oportunidade de vê-los se apresentando na Avenida Paulista, e mesmo com o barulho ensurdecedor das pessoas/carros/ônibus ouvi um som que lembra Badbadnotgood, mas com um toque especial brasileiro. A proposta de tocar nas ruas é importantíssima, pois promove a popularização do jazz e aproxima o público dos músicos.

5- ÈKÓ AFROBEAT

O afrobeat vem se mostrar com toda sua pluralidade sonora em ÈKÓ Afrobeat. A banda é formada por Igor Brasil (guitarra), Tibless (voz), Gustavo Boni (baixo), Paulo Kishimoto (Teclado), Eduardo Marques (bateria), Chico Santana (percussão), Natan Oliveira (trompete), Edmar Pereira (sax barítono), Rodrigo Bento (sax tenor) e Evandro Bezerra (trombone). No seu álbum de estreia intitulado Sambou África, toda essa galera adiciona cada um sua especificidade e traz um som diferente misturando o funk, soul, free jazz e ritmos tradicionais iorubá.

Ajude a difundir o jazz nacional, ouça e compartilhe o som dos nossos artistas!

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Música do Mundo: Lena

Se você gosta de música que te deixa alegre e dançando, vem cá abrir seu presente.

Conheça Lena: Com um estilo contagiante e uma personalidade forte, ela foi campeã do Eurovision 2010 com o single “Satellite”. Apesar dos hits dançantes, com batidas bem marcadas e baixos envolventes, Lena também se sai bem em músicas mais tranquilas e românticas. Em seus 4 álbuns, é fácil ver que sua voz é versátil, adapta-se bem a diversos estilos. Seu sotaque (apesar de cantar em inglês, Lena é alemã) foi suavizando-se ao longo dos álbuns; outra mudança veio com o álbum Crystal Sky, onde a cantora parece ceder à pressão do mainstream e perde um pouco da originalidade que faz das músicas dos primeiros álbuns tão irresistíveis.

Vamos ver agora o que faz de Lena tão especial:

My Cassete Player

O álbum de estréia tem Satellite, seu primeiro hit, e outras faixas que mostram o quão envolvente Lena pode ser. É aqui que o sotaque dela mais se destaca (em algumas músicas mais do que em outras). Com letras românticas e descontraídas predominando em todos os álbuns, vou aqui deixar como dica as que acho que vão te prender de primeira.

  • Satellite
    Canção vencedora do Eurovision 2010.
  • Not Following
    Um som bem gostoso de ouvir, com instrumentação chamativa e com destaque para os belos vocais.
  • Bee
    Dá quase pra ouvir ela sorrindo no começo da música. Sério!

Good News

Em Good News, fica mais aparente o lado romântico da cantora. Os destaques vão para:

  • I Like You
    Com uma melodia linda e uma pitada de folk, acaba sendo uma faixa única entre a discografia da cantora.
  • That Again
    Bem instrumentada e com uma certa vibe retrô, a faixa chama a atenção no álbum por lembrar mais as músicas de “My Cassette Player”.
  • Good News
    Trazendo um pouco do jazz/soul que aparece constantemente no plano de fundo das composições de Lena, a faixa que dá nome ao álbum é bem gostosa de escutar.

Stardust

Meu favorito dentre todos, Stardust mostra todo potencial que Lena tem para todos os gêneros nos quais ela consegue se inserir.

  • Pink Elephant
    Por favor, comece por aqui. Pink Elephant é viciante em sua melodia e vai te fazer querer escutá-la várias e várias vezes.
  • Neon (Lonely People)
    Se música fosse gastronomia, Neon seria um Risotto de Amy Whinehouse ao molho de The XX com infusão de Of Monsters And Men. Ou não. Eu não entendo muito de gastronomia.
  • I’m Black
    Para encerrar, I’m Black tem uma batida sensacional e um refrão que vai grudar na sua cabeça feito chiclete.

Crystal Sky

Crystal Sky é basicamente um bom álbum pop de 2015. Não tem muito de Lena, só o talento – mas isso por si só faz valer a pena dar uma conferida.

  • Traffic Lights
    Nº4 no Top 5 do Spotify, Traffic Lights é perfeita pra dançar e animar com a galera, com uma batida incansável e um refrão bem catchy.
  • Beat to My Melody
    A música mais balada de toda a discografia de Lena. As modulações vocais nos deixam distante da voz original da cantora, mas ainda assim o ritmo é interessante.
  • Crystal Sky
    A música que dá título ao álbum é a que mais parece com a raiz da música de Lena, mas ainda assim com a instrumentação mais eletrônica característica do álbum.

A cantora atualmente está trabalhando num novo álbum, do qual já conhecemos o single Lost in You. Por enquanto, divulga esse tesouro pouco conhecido da música do mundo! E até a próxima semana.

Spotify:  https://open.spotify.com/artist/5slpk6nu2IwwKx0EHe3GcL

Saiba como garantir mais de 700 pontos no Enem
Divulgação
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Como se inscrever no Enem 2017?

Você irá prestar o Enem 2017 (Exame Nacional do Ensino Médio)? Então, fique atento que as inscrições para a prova já começaram nessa segunda-feira (08)!

Se você ainda não sabe nada sobre como se inscrever no Enem, não precisa entrar em pânico! Para te ajudar, a Revista QB fez uma lista com sete coisas que você precisa saber antes de fazer a sua inscrição no Enem 2017! Está com papel e caneta na mão? Então, confira!

1 – Quais documentos que preciso ter no ato da inscrição do Enem 2017?

Segundo o Edital do Enem, para fazer a inscrição é preciso ter em mãos o número do seu CPF (Cadastro de Pessoa Física) e RG (Carteira de Identidade). Além disso, será necessário informar um e-mail individual e válido para cadastro.

2 – Perdi a minha senha de acesso, e agora?

Lembre-se de que todo o cuidado com a sua senha de acesso é pouco. Afinal, com ela você terá acesso à Página do Participante Enem 2017, impressão do Cartão de Confirmação de Inscrição no Enem 2017, consulta de resultados individuais e também para a inscrição em programas de acesso ao Ensino Superior oferecidos pelo MEC (Ministério da Educação).

Entretanto, caso você a esqueça, será preciso acessar a Página do Participante para pedir que sua senha seja encaminhada para o e-mail cadastrado ou, via SMS, para o seu celular.

3 – Qual valor preciso pagar para confirmar a inscrição do Enem?

A taxa para prestar o Enem 2017 será de R$ 82,00, um aumento de 20% comparado a 2016. Entretanto, em alguns casos é possível pedir a isenção da taxa de inscrição no Enem!

4 – Como é a inscrição para ser treineiro no Enem?

Você deve fazer o mesmo processo de inscrição, entretanto deve informar durante o preenchimento de dados que você está prestando a prova na condição de Treineiro no Enem, aquele que no dia da primeira prova é menor de 18 anos e/ou concluirá o Ensino Médio após o ano de 2017.

5 – Como pedir atendimento especializado/específico durante a prova do Enem?

Será preciso que a pessoa solicite o atendimento especializado ou específico para os dias de prova do Enem durante a inscrição. Ainda na página de inscrição, será preciso informar qual é a condição que justifica o atendimento e qual recurso de acessibilidade ou auxílio serão necessários durante os dias de prova.

6 – Como solicitar o uso do nome social?

A solicitação para alteração para o nome social no Enem poderá ser feita na Página do Participante após o final do período de inscrição no Enem 2017.

7 – O que é Cartão de Confirmação da Inscrição?

Após o final de inscrição no Enem 2017 e o pagamento da taxa, o site de cadastro do Enem disponibilizará o seu Cartão de Confirmação da Inscrição, que contém informações importantes sobre a prova como, por exemplo, número de inscrição, data, hora, atendimento específico ou especializado (caso seja solicitado), local de realização das provas e qual a sua opção de língua estrangeira (inglês ou espanhol).

Calendário do Enem 2017

Lembre-se de que as inscrições para o Enem 2017 já estão sendo feitas desde às 10h do dia 8 de maio de 2017 e vão até às 23h59min do dia 19 de maio de 2017, seguindo o horário de Brasília.

Já as provas serão aplicadas em dois domingos diferentes: 5 e 12 de novembro! Você pode conferir outras mudanças na prova do Enem 2017  na Revista QB. Fique de olho para acompanhar todas as novidades sobre o Enem.

 

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Texto originalmente postado na Revista Quero Bolsa, no dia 05/05.
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Música do Mundo: Cícero

É difícil categorizar a música de Cícero. É MPB, com certeza, mas para além disso, não existem rótulos que abranjam seu estilo. Sua música, experimental por natureza, tranquila e envolvente, tem que ser escutada para ser compreendida.

O carioca Cícero Lins vem ganhando popularidade no cenário alternativo da MPB desde seu primeiro álbum, Canções de Apartamento (2012), e já foi fazer shows até em Portugal. Ele é relativamente popular pra quem acompanha a cena indie da música brasileira, mas talvez não tanto para quem vê de fora; Apesar disso, seus shows podem ter os ingressos esgotados bem rápido: Cícero tem um público pequeno, mas dedicado.

Duas coisas tornam sua música tão original: sua música é caseira e de belíssima e diversa instrumentação. Cícero grava todas as suas músicas em casa. Compõe sozinho, como já declarou em entrevista em 2011, e passou por uma jornada de amadurecimento musical ao longo de seus três últimos álbuns ao sair de letras principalmente sobre relacionamentos e suas consequências para poesia com uma forte influência na dinâmica e estética social urbana. Os instrumentos em suas músicas vão da guitarra ao xilofone, do violino ao tambor.

Mas é como eu disse: para entender, você tem que escutar. Então dá uma olhada aqui numa seleção especial de músicas de Cícero para você começar a aproveitar.

Que ela te tire de casa…

Canções de Apartamento (2012)

  • Tempo de Pipa
    Sobre como pessoas e fases da nossa vida as vezes estão intimamente ligados, e o que deixam em nós.
  • Ensaio Sobre Ela
    Começando ao som da chuva, essa é uma canção sobre as surpresa, esperanças e desilusões de um relacionamento.
  • Açúcar ou Adoçante?
    Com a poesia casual e conversativa que Cícero costuma usar, essa melodia que vai do calmo ao intenso é uma de suas melhores.

Entra pra ver
Mas tira o sapato pra entrar
Cuidado que eu mudei de lugar
Algumas certezas
Pra não te magoar

Sábado (2013)

  • Capim-Limão
    O melhor exemplo do toque urbano nas letras do artista, numa tomada minimalista.
  • Frevo por acaso
    Uma letra sobre poder (ou não) contar com alguém. Que por acaso, evolui num frevo (não podia perder a piada).

A Praia (2015)

  • A Praia
    A canção que dá nome ao álbum é envolvente, melodiosa, rica. O que Cícero quis dizer com “as canções de amor inventam o amor” fica para a interpretação do ouvinte.
  • O Bobo
    Sobre as pequenas e grandes alegrias da vida. O título lembra uma crônica da Clarice Lispector, “Das Vantagens de Ser Bobo”.
  • De Passagem
    Retrata o sentimento que se tem ao viver um amor que te traz paz e transforma sua vida. Alternativamente, pode ser interpretada como um ode àquela pessoa por quem você se apaixona por um instante no metrô ou na rua, e depois nunca mais vê.

Curtiu? Fica ligado aqui no Beco Literário pra mais artistas da música do mundo aqui na coluna, sempre aos domingos.

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Oito filmes para aprender sobre História do Brasil

Às vezes, só a parte teórica não nos faz absorver um conteúdo por completo, principalmente quando se trata das aulas de História. Por isso, que tal dar uma pausa nas apostilas, preparar uma pipoquinha e um refri bem gelado para aprender diretamente do seu sofá assistindo a um bom filme? Vem ver nossa lista com os oito melhores filmes que vão te ajudar a entender com mais clareza alguma fases da história do Brasil!

Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (1995) – IMDb

Marieta Severo vive Carlota Joaquina, esposa do príncipe D. João de Bragança, que para escapar das tropas napoleônicas em 1807, se transferem de Portugal para o Rio de Janeiro às pressas, e aqui vivem exilados por 13 anos. Misturando sátira com história, conhecemos um pouco mais sobre a monarquia portuguesa, elevação do Brasil Colônia a império ultramarino e posteriormente, a reino unido com Portugal.

Mauá – O Imperador e o Rei (1999) – IMDb

Irineu Evangelista de Sousa, empreendedor gaúcho mais conhecido como barão de Mauá, é considerado o primeiro grande empresário brasileiro, responsável por uma série de iniciativas que modernizou a economia nacional ao longo do século XIX. Dirigido por Sérgio Rezende, vemos a infância, enriquecimento e falência de Mauá, e o que isso acarretou ao Brasil no período de Império (1822-1889).

Guerra de Canudos (1997) – IMDb

Também dirigido por Sérgio Rezende, é baseado na Guerra de Canudos, quando o exército brasileiro enfrentou os integrantes de um movimento religioso liderado por Antônio Conselheiro, figura bastante conhecida após a Proclamação da República, que acreditava ser um enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais. O filme mostra a situação do Nordeste brasileiro no final do século XIX, e lida com temas como fome, seca, miséria, violência e abandono político, principalmente em Belo Monte, região onde os seguidores de Conselheiro fundaram o povoado de Canudos.

Olga (2004) – IMDb

Olga Benário, interpretada por Camila Morgado, é uma militante comunista que é perseguida pela polícia e foge para Moscou, onde faz treinamento militar e é encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes ao Brasil para liderar a Intentona Comunista, tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas em nome da Aliança Nacional Libertadora. Com o fracasso do movimento, ambos são presos e Olga é deportada para a Alemanha nazista, onde acaba tendo sua filha em um Campo de Concentração e depois, executada na Câmara de Gás.

Chatô, O Rei do Brasil (2015) – IMDb

Figura pouco conhecida, Assis Chateaubriand foi um magnata da comunicação, responsável por um conglomerado de mais de cem jornais, emissoras de rádio e TV, revistas e agências telegráficas no Brasil, entre 1930 e 1960. O filme sobre o fundador do Masp – Museu de Arte de São Paulo – e responsável pela chegada da TV no País mostra de maneira romantizada toda a sua vida, desde criança até seu auge e posterior morte. É baseado no livro de mesmo nome, escrito por Fernando Morais e apresenta a evolução da mídia no Brasil.

Getúlio (2014) – IMDb

Filme dramático e biográfico, “Getúlio” percorre os últimos 19 dias da vida de Getúlio Vargas, ex-presidente do Brasil, período em que fica isolado no Palácio do Catete, enquanto a oposição o acusa de ser o mandante do atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, que publicava várias acusações contra ele em seu jornal, Tribuna da Imprensa. Bastante interessante para conhecer o período atordoado que foi o final de seu mandato, assim como parte da sua intimidade e relações pessoais.

Zuzu Angel (2006) – IMDb

Outro drama biográfico dirigido por Sérgio Rezende, que conta a história de Zuzu Angel, famosa estilista brasileira, mãe de Stuart Angel Jones, forte militante contra a ditadura militar, desaparecido na virada para os anos 70. O filme se baseia na luta de Zuzu para recuperar o corpo do filho, envolvendo até mesmo os Estados Unidos e termina com sua morte, em um acidente de carro forjado pelos militantes do exército ditatorial.

Vlado – 30 anos depois (2005) – IMDb

Feito do ponto de vista de Batista de Andrade, no formato de documentário, conta a história do jornalista Vladimir Herzog, assassinado na prisão em 1975 durante o regime militar brasileiro. A linha do tempo do filme é construída por depoimentos de pessoas que conviveram com ele, em vários momentos de sua vida. É interessante para conhecer um pouco mais sobre as torturas na época da ditadura.


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Texto originalmente postado na Revista Quero Bolsa, no dia 17/04.
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Música do Mundo: Cœur de pirate

Já ouviu música em francês? Não? Cœur de Pirate é um ótimo ponto de entrada.

Béatrice Martin, nome real da cantora, é quebequense e começou a tocar piano com 3 anos de idade. Após passar por algumas bandas underground, ela lançou seu primeiro álbum, também intitulado Cœur de Pirate, em 2007. Desde então foram 3 outros álbuns, inclusive a trilha sonora do videogame Child of Light (2014), pela Ubisoft. Em 2016, a cantora assumiu-se queer após o tiroteio na boate Pulse, em Orlando.

A cantora Canadense é um dos maiores expoentes da música francófona (em língua francesa) contemporânea. Com canções melódicas que vão do extremamente fofo ao sinistro e melancólico, suas composições são marcantemente únicas, e se você estiver disposto a ler a tradução das letras – ou falar francês – vai encontrar letras que falam de amor fugindo dos clichês dos gêneros românticos atuais. Abaixo, eu selecionei pra vocês 12 músicas, divididas em álbuns, que capturam uma imagem da música dela, inclusive alguns bônus em inglês.

Amusez-vous bien! 🙂

Cœur de Pirate (2007)

O álbum de estréia trouxe, com melodias simples, o estilo que estaria presente dali em diante em suas músicas. Bastante romance ao som de instrumentações agradáveis e tranquilas, com predominância do piano e violão.

  • Comme des Enfants
    A definição da música “fofa”. Premiada na 25ª edição do Victoires de la Musique, na França.
  • Printemps
    Animada e alegre, ao som de violão e piano, a letra na verdade é bem triste. Fala sobre amor não correspondido.
  • Fondu au Noir
    Com um ritmo melódico e sinistro, essa música combinaria bem com uma animação do Tim Burton.

Blonde (2011)

Provavelmente a obra prima de Cœur de Pirate, embora seja difícil dizer com tantas músicas boas. A obra evolui para melodias mais complexas e variadas, ainda marcadas pela letra profundamente poética.

  • Place de la République
    Mais romântico, impossível. Uma poesia sobre se despedir do seu amor e lembrar de tudo.
  • Adieu
    Animada. Dedique essa música àquela pessoa que você amou, mas foi babaca com você.

    “Mas diga-me adeus amanha
    Mas me diga adeus no caminho
    Vá ver os outros, eu não ligo
    Eu amei você, mas te garanto que é o fim”

    É a sofrência francesa. Ps.: Vale a pena ver o clipe.

  • Verseau
    Com uma batida bem alegre, a letra é linda e fala sobre o amor imperfeito. “Verseau” é o signo de Aquário em francês.
  • Saint-Laurent
    Uma das mais belas instrumentações de Cœur de Pirateessa música é uma bela pedida pra escapar do mainstream.
  • Ava
    Com uma inspiração bem “anos 50”, Ava na verdade é uma conversa com uma garota que namora om um cara mais velho que se aproveita dela. Fala sobre se libertar de homens que te aprisionam com falsas promessas de amor.

Roses (2015)

Com um toque techno e batidas ainda mais marcadas, esse álbum se diferencia por trazer também letras em inglês. Teve também um significado mais profundo para a cantora, que cita influência do nascimento de sua filha em fazer das suas composições mais otimistas e menos sombrias.

  • Cast Away
    Uma das melodias mais belas do álbum, a letra fala sobre se dispor a ajudar a pessoa que você ama.
  •  Our Love
    A narração da parte mais difícil da superação, com uma batida marcada e viciante.
  • Drapeau Blanc
    Representa a parte mais techno do álbum com sua melodia. A cantora declarou numa entrevista para o jornal canadense “The Star” que a música foi composta para narrar seu complicado relacionamento com a mãe.
  • Oceans Brawl
    O “hino” do álbum, Oceans Brawl fala sobre finalmente encontrar forças para lutar contra o sentimento que te prende à alguém que não te faz bem. É uma canção sobre superação.

Bônus:

  • Last Christmas
    A versão de Cœur de Pirate de uma música popular de Natal americana. Ótima para ouvir em qualquer época do ano, na verdade.

 

Imagem retirada do acervo: AmeopoemA
Colunas, Livros

Poesia Marginal: da Geração do Mimeógrafo dos anos 70, aos Zines xerocados de hoje – Estação AmeopoemA

O que você anda lendo? Gosta de Poesia? Vou além… você sabe o que é Poesia Marginal? Sabia que o grande cenário poético atual não figura nas grandes editoras, não está nas prateleiras das grandes livrarias e você pode ter acesso a esse material riquíssimo nos perfis e páginas das mídias sociais, saraus, bares, esquinas e que o Fanzine, ou, mais precisamente o Zine, na maioria das vezes, é a primeira publicação desses poetas e poetisas? Perguntas, perguntas e mais perguntas. Calma! Se você já sabe de tudo isso, sei que tem lido muita coisa boa, já você que não sabe, agora vai ficar sabendo e te garanto que vai curtir a coluna, pois um dos meus propósitos aqui no Beco Literário é tratar sobre a Literatura Marginal e seus agentes mais contemporâneos e atuantes, portanto já que vamos tratar de poesias e zines, adianto que esta publicação artesanal perde o prefixo “fã” quando não há objetivo de homenagear um determinado “ídolo” e passa a ser uma publicação autoral, ou que trate de um tema que não tem a ver com homenagem a uma determinada figura pública, por isso, aqui trataremos dos Zines.

A Literatura Marginal foi assim conceituada na década de 70 e tem como principais autores dessa época, Leminski, Torquato Neto, Chacal entre outros. Óbvio que muitos não chegaram sequer a serem conhecidos publicamente. Digamos que, para cada poeta que tem seu trabalho reconhecido, dez moleques saem da várzea para o Futebol profissional, uma estatística exagerada que criei aqui para dar a dimensão da enrascada que era/é se meter a escrever objetivando algum lucro nisso, por menor que seja. No meu caso de maior sucesso, já recebi umas cervejas em troca de um, ou outro livro meu e não há demérito nisso, que fique claro. Voltando ao nosso assunto, a Literatura Marginal influenciou toda uma geração de artistas no Brasil, não só na própria Literatura, mas também na Música, Dança, Artes Plásticas e demais linguagens artísticas, porém como nosso enfoque aqui são os zines de poesia, vamos dizer que esses são netos dos livretos produzidos artesanalmente pela “Geração do Mimeógrafo”, que ficou assim conhecida por conta dos livros produzidos e reproduzidos naquele trambolho em que na década de 70, 80 e 90 rodavam as provas escolares da galera da minha geração e gerações anteriores. No média – metragem “A Lira Pau – Brasília: A Geração do Mimeógrafo e os Poetas Marginais de Brasília na Ditadura Militar”, Nicolas Behr diz: “a Geração do Mimeógrafo tirou o terno e a gravata da poesia”. Talvez eu não tenha ouvido, ou sequer imaginado, uma definição melhor para a poesia marginal e, para você que não sabe do que é,  pergunte aos seus pais o que era esse tal “mimeógrafo” que eles, certamente, vão dar uma risadinha dizendo: “É… na minha época blá… blá… blá.” Eu confesso que quando tive contato com um, cheirei tanto álcool que rolou uma onda, sem exagero.

Como se faz e o que são os Zines?
São diversas as possibilidades de confeccionar Zines. Podem ser manuscritos, digitados, impressos e xerocados. Há uma série de técnicas para estilizar cada livreto, ou folheto, o autor “zineiro”, escolhe como prefere, enfim. Eu conheci o Zine e fiz o meu primeiro no ano de 2007, quando estudava no Centro do Rio de Janeiro e lá mesmo dobrava uma folha de papel A4, escrevia uns poemas e xerocava para vender, ou mesmo trocar pelo que rolasse, geralmente aceitava uma contribuição espontânea só para pagar a xerox mesmo. Hoje, dez anos depois, as coisas mudaram um pouco, porém a essência continua a mesma e cada vez mais os zines vão ganhando modelos, materiais e formatos diferentes, os mais comuns são de poesias, mas também se encontra com contos, quadrinhos e outros gêneros literários e uma das galeras mais resistentes desse cenário é o pessoal do “AmeopoemA”, que tem ponto entre a porta do Centro Cultural Banco do Brasil  e Cinelândia. Nelson Neto, Shaina, Dy Eiterer, Sidney Machado, Paulinho, Rômulo Ferreira, Luiz Silva e outras figurinhas fáceis por ali já ofereceram suas poesias para milhares de pessoas naquele local. Segundo Rômulo Ferreira, o movimento é:

Acervo: AmeopoemA

Grupo de leitura e proliferação poética e artística!

Criado em junho de 2010, a partir de uma forma física que era o  ZINE AMEOPOEMA, veio a vida  este grupo que tem a intenção de facilitar a proposta de ser lido e divulgar os trabalhos de amigos e desafetos!

Temos três formas de espalhar poesia pela cidade:

1-    Zine mensal impresso AMEOPOEMA, que está em sua 47 edição.

2-    Sarau AMEOPOEMA, rede de leitura e troca de ideias em praças públicas de todo o território nacional.

3-    Página em rede social, onde todo autor e leitor podem interagir de forma mais direta.

Criado por Rômulo Ferreira e Bárbara Barroso. O AMEOPOEMA, vem atuando de forma independente e sem ajuda de custos de lei alguma, vivemos basicamente da colaboração de amigos e alguns passantes de onde os eventos acontecem.”

Eu, Guarnier, este humilde poeta, já os considero parte do imaginário poético daquele canto da cidade e um dos patrimônios do Centro do Rio, portanto você que vier dar uns roles por aqui, tem que passar lá, comprar seu zine e beber dessa poesia, já para você que nem pretende pisar estas terras, mas que gostaria de conhecer o trampo, é só dar uma conferida na página do Facebook deles que deixarei no final da coluna.

Link da página do AmeopoemA: https://www.facebook.com/ameopoema/?fref=ts

Colunas

21/03/1960: O massacre de Shaperville

Dia 21 de Março de 1960. Joanesburgo, capital da África do Sul. O apartheid reinava no território africano e veladamente por toda a extensão do globo. As leis repressivas eram criadas pela minoria branca a fim de segregar negros e brancos. Uma delas era a Lei do Passe, citada pela primeira vez em 1945 e obrigava negros a portarem uma caderneta onde estavam escritos os lugares que estes podiam frequentar. E assim seguiam, não entravam em bairros brancos, nem em cafeterias de brancos, nem em ônibus de gente branca, nem em nada, porque o mundo era de gente branca, governado por gente branca e ditado por brancos. Mas aí, no bairro de Shaperville, 20 mil negros resolveram protestar para mudar a situação. Foi um massacre, matou e feriu centenas de manifestantes. E hoje, 57 anos depois do episódio, não mudou muita coisa.

Jovens negros inocentes baleados pela polícia esquecidos por todo mundo. É tão comum que chega um momento que você toma aquilo por normal. Só acontece. Que tal pensar sobre os seus privilégios hoje? Por eles, os que foram escravizados, segregados e humilhados por tanto tempo, e ainda são. Nós, brancos, não somos culpados pela escravidão ou por tudo aquilo que começou bem pequenininho durante o neocolonialismo do século XIX, mas carregamos todas as consequências desses acontecimentos. No Brasil, somos minoria populacional e ainda assim somos maioria em universidades, escolas particulares e no meio científico. Já parou para pensar que talvez o mundo seja assim por falta de oportunidade? Tudo isso dentro de um sistema estruturalmente racista, que continuamente perpetua essa situação perversa.

Não por coincidência, vários filmes e documentários abordam o tema de maneiras diferentes e perspectivas diversas. Em 2016, a Netflix lançou o longa “13th”, indicado ao Oscar de melhor documentário em 2017. Com um roteiro e direção sensacionais, o filme argumenta que a escravidão continua viva dentro do sistema carcerário americano, o maior do mundo, que afeta desproporcionalmente a população negra nos EUA.

Mesmo sendo abolida em 1865 através da 13ª emenda da constituição, a escravidão ainda teve espaço legal dentro do sistema prisional americano. Essa cláusula, que permite o uso de força involuntária como punição para crimes, vem sendo utilizada em campanhas políticas nacionais, como é o caso da guerra contra as drogas de Richard Nixon, que pesava muito mais sobre a comunidade minoritária negra das cidades estadunidenses. A conclusão chega a ser óbvia: o complexo carcerário se tornou uma indústria lucrativa e é um grande aliado do sistema discriminatório dos Estados Unidos.

Ainda, o vencedor do Oscar 2017 de melhor filme, “Moonlight” é atual e ousado, tratando sobre homofobia dentro da comunidade negra. O longa é contado em três partes e narra a busca de um jovem por sua identidade no meio social intolerante no qual vive. É, sobretudo, uma história de libertação e quebra muitos tabus modernos. A visão paradigmática de que o jovem negro é da rua, do futebol e da heterossexualidade, conceitos propagados também pelo próprio grupo étnico. Os três momentos da narrativa, “Little”; “Chiron” e “Black” são progressivos e abordam de maneira envolvente os estágios de aceitação pelas quais o personagem principal precisa passar.

Um queridinho do público, “Histórias Cruzadas”, aborda a história de empregadas domésticas que conseguem a ajuda de uma jornalista para escrever um livro e denunciar o racismo que sofriam em suas jornadas de trabalho. O filme foi baseado no livro “The Help” e vai além da biografia dessas mulheres marcantes, contextualizando toda uma época de terror dentro da comunidade negra no Mississipi.

A narrativa começa em 1963, ano em que Medgar Evers, ativista do movimento dos Direitos Civis foi morto por supremacistas brancos da Klu Klux Klan. Os depoimentos das empregadas revelam a humilhação e o descaso com o qual eram tratadas, mesmo cuidando dos filhos de mulheres brancas por anos e ganhando um quinto do salário mínimo da época. Ademais, o filme tem uma preocupação em mostrar, também, a imensa desigualdade de gênero existente na década de 60.

Além destas, várias outras obras merecem ser citadas.

  •  “I am not your negro”: Documentário narrado por Samuel L. Jackson que explora a história do racismo nos Estados Unidos por meio das figuras de liderança do movimento dos direitos civis Medgar Evers, Malcom X e Martin Luther King Jr. 
  • “Menino 23: Infâncias perdidas no Brasil”: Documentário do brasileiro Belisário Franca, acompanha a pesquisa do historiador Sidney Aguilar, que descobriu que, durante os anos 1930, 50 meninos negros foram levados de um orfanato no Rio de Janeiro para uma fazenda no interior de São Paulo, onde foram submetidos a trabalho escravo e identificados por números.
  • “O.J.: Made in America”: O documentário, produzido pela ESPN e dividido em episódios, conta a história da tensão racial dentro dos EUA  através de uma das figuras mais polêmicas do país, Orenthal James Simpson, astro de futebol americano. Ganhador do Oscar de melhor documentário em 2017.
  • “A boneca e o silêncio”: Curta-metragem de Carol Rodrigues que acompanha a jornada penosa de uma menina de 14 anos depois de ter decidido interromper a gravidez. Segundo a diretora, o objetivo era mostrar uma visão diferente do aborto no Brasil, que atinge significativamente a população negra e pobre no Brasil.
  • “12 anos de escravidão”: O filme narra a história real de Solomon Northup, negro livre que em 1841 foi sequestrado e vendido como escravo, condição na qual permaneceu por 12 anos. É baseado no livro de mesmo nome.

Depois dessa lista de filmes, não tem como reclamar da falta de conteúdo para entender a abrangência e importância do assunto. Por isso, vamos deixar o orgulho de lado e observar o quão importante são, por exemplo, as ações afirmativas que encontramos pelo Brasil, o dia nacional da consciência negra e as leis que protegem uma minoria há tempos prejudicada.